Sucessão 2014
PT goiano não discute vice nem Senado, diz Ceser Donisete. Quer disputar o governo
Executiva estadual ficou reunida por três horas nesta segunda-feira. Além do reforço de que Gomide trabalhará por sua candidatura, membros reforçaram objetivo de fortalecer bancadas
Ketllyn Fernandes
Na reunião que antecede o encontro do PT do sábado (25/1), em que o nome do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), será apresentado oficialmente como pré-candidato ao governo de Goiás pela executiva estadual ao diretório e serão definidas a forma e a agenda de atuação do petista, também fez parte da pauta principal o fortalecimento das bancadas da sigla.
Estão sendo trabalhados 35 nomes de pré-candidatos para deputado estadual e 15 federal, sendo que encontros regionais serão realizados por todo o Estado com vistas a angariar novos nomes que possam representar o partido tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara dos Deputados, além dos que já se definiram pela reeleição.
Nesta segunda-feira (20/1), a executiva estadual esteve reunida em peso, a portas fechadas, por cerca de três horas na sede do diretório. Pelo clima descontraído dos membros e o tom do discurso do presidente do PT goiano, Ceser Donisete, a escolha pelo nome de Gomide, bem como o foco na cabeça de chapa, é um caminho sem volta. “Não discutimos vice nem Senado”, frisa o petista no que se refere ao nome do prefeito anapolino.
“O partido, pelo que discutimos aqui, e isto é o fundamental, está preparando a nossa executiva para a reunião com o diretório, que é na verdade quem resolve. Há um consenso na executiva de que nós afunilamos o nome do nosso companheiro Gomide como pré-candidato para trabalhar até março. É nisso que vamos trabalhar, não só no PT, mas principalmente com os partidos que fazem parte do governo Dilma Rousseff e que são de oposição em Goiás em busca de uma aliança que dê realmente condições de a gente buscar a vitória”, frisou Ceser Donisete.
Disputada terceira via
Foi abordada novamente a possibilidade de trazer para a oposição os partidos que sinalizam para a terceira via de Vanderlan Cardoso (PSB), como o PSC, o PRP e o PDT, este último bastante indefinido quanto a que caminho seguir, tendo participado de um dos encontros da oposição no final de 2013, e só. (O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, do PDT, apoia a candidatura de Vanderlan Cardoso. Já o prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda, do mesmo partido, apoia Gomide. A deputada federal Flávia Morais, principal líder do PDT goiano, não sabe se apoia Vanderlan ou Júnior Friboi, do PMDB.) “Nós vamos procurar todos os partidos que fazem parte da base da presidente Dilma. É claro que cada um tem sua nuance e expectativas para a eleição. De toda sorte vamos procurar esses partidos mesmo que não venham com a gente no primeiro turno, para o segundo”, disse Donisete, explicando que o PT compreende que as legendas, muitas vezes, têm acordos em nível nacional a serem cumpridos com outros partidos.
Neste sentido o presidente reforça interesse em Vanderlan Cardoso, presidente estadual do PSB, tendo ponderado que o PT compreende que o partido tem candidatura à Presidência da República e que conversas para o segundo turno têm mais chances de avançar, já que o pessebista também é pré-candidato ao Palácio das Esmeraldas. “Nós pretendemos manter conversas para conseguir uma tática para o segundo turno com a liderança do PSB. Em Goiás, das últimas cinco eleições, quatro foram para o segundo turno. Então nós entendemos que é normal que as eleições caminhem para ter dois turnos. Vamos trabalhar para ter uma relação boa no primeiro turno para que no segundo as oposições possam se unir”, pontua.
A aliança com PMDB
Questionado pelo Jornal Opção Online se essa mesma estratégia se dá quanto ao PMDB, de realmente lançarem nomes em separado e se unirem no segundo turno, Ceser Donisete foi direto. “Sim, claro. Nosso nome é colocado para liderar esse grupo de oposição e conversar com o grupo do Vanderlan [Cardoso]”, disse, ponderando em seguida que na política “todas as possibilidades têm que ser levadas em conta”. Segundo ressaltou, a apresentação do nome de Antônio Gomide não visa divisões, mas a soma das forças em prol de um projeto comum. “Respeitamos o PMDB, em ter seus nomes, mas entendemos que o nosso candidato tem todas as condições de disputar a eleição para vencer e aglutinar esses partidos.”
Só cabeça de chapa
Na sequência, a reportagem insistiu se, dentro dessa gama de possibilidades a serem consideradas, estaria uma em que o PT sairia de vice numa cabeça de chapa com Iris Rezende, que, embora não tenha colocado seu nome, figura positivamente nas pesquisas e é benquisto tanto por peemedebistas quanto por uma corrente dentro do próprio PT, a Articulação. A resposta mudou de tom: “Essa discussão não está colocada. Sempre falo o seguinte: tudo é possível, mas nós vamos trabalhar no fortalecimento do nome do PT. É o primeiro momento. Então o PT não discute vice nem senatória agora.”
PSDB e os 16 anos de poder
Ceser Donisete destaca que a intenção do PT sempre foi lançar um nome, que foi afunilado em Gomide, depois do recuo de Paulo Garcia, em busca da “melhor chapa possível” para enfrentar o PSDB. “A maior dificuldade do PSDB, a nosso ver, vai ser convencer a população de que pode ficar mais quatro anos, já que este grupo completará 16 anos no poder este ano. Como que ele [PSDB] vai renovar essa aliança com o povo? É difícil romper os 16 anos de governo”, disse, reiterando, novamente, que busca uma oposição realmente unida.
A proposta a ser encabeçada pelo PT neste sentido é a de que, se eleito, o governo de Goiás estará “linkado diretamente” com o governo federal. O presidente afirma que assim será possível aproximar a abranger as políticas públicas pensadas em âmbito nacional pelo PT para o Estado de forma mais facilitada e ampla. “Defendemos isso entre a gente e para os demais partidos de oposição.”
Palanque Dilmar
Questionado quanto à possibilidade de um palanque que una a presidente Dilma Rousseff e o governador Marconi Perillo, Ceser Donisete afirma respeitar a tendência e que a possiblidade não é encarada como algo novo. “Desde a eleição do Lula, em 2002, quando ele foi eleito, já tínhamos o chamado ‘Luma’. Então é natural, porque têm partidos que são da base da Dilma, mas não são oposição em Goiás, como PTB, PSD e PP.” O petista ressalta que a campanha de eleição de Dilma é muito mais ampla.
Articulação em torno de Gomide
Na reunião desta segunda-feira, a executiva do PT estadual definiu que serão realizadas até março várias reuniões regionais, além de encontros setoriais, como com a juventude petista, ala feminina e militância. O objetivo é discutir as diretrizes de governo que serão apresentadas como proposta aos eleitores. Antônio Gomide, segundo Ceser Donizete, estará presente nesses encontros, embora também vá manter sua própria agenda, iniciada desde a definição de seu nome, há duas semanas.
Neste ínterim o prefeito de Anápolis já se reuniu com os peemedebistas Iris Rezende, Maguito Vilela e Samuel Belchior, a cúpula do PPL e, no sábado, 18, com o petista Olavo Noleto. A tática de ação para a campanha, que pode ser iniciada somente a partir de junho, será definida junto aos delegados do PT e já possui uma espécie de esboço.
Farpas e pano quente
Sobre o fogo amigo entre Antônio Gomide e Paulo Garcia via imprensa, apaziguado em reunião entre ambos no Paço, Ceser Donisete pontua que a situação foi normalizada e que não tem dúvida de que o prefeito de Goiânia estará ao lado de Gomide durante a campanha. “Temos certeza que ele [Paulo Garcia] andará junto com Gomide, porque Paulo Garcia é um companheiro de primeira hora do PT, sempre esteve conosco. Já foi deputado, dirigente, é um companheiro que sempre trabalhou; e ele nos disse: ‘Olha, o que o partido resolver, nós estaremos juntos’. Mas é muito mais que isso, ninguém vai resolver uma coisa enfiando na goela de ninguém. O mais importante é que o Paulo Garcia está representado na executiva regional e tudo o que está sendo resolvido aqui tem sido discutido com ele também.”
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