Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso destacou que o comparecimento às urnas foi de 70,53% e que vê o copo "meio cheio". Número de abstenções no Rio, contudo, supera votação do prefeito eleito Eduardo Paes
Em coletiva de imprensa, Barroso informou que, dessa vez, não houve nenhum ataque cibernético ao sistema do TSE. Apesar disso, o delegado da Polícia Federal, Rolando Alexandre, responsável pelo inquérito que investiga o hacker português e outros três brasileiros que realizaram a tentativa de ataque em 15 de novembro, afirmou que havia um plano de nova investida, o que não ocorreu. O ministro pediu investigações no dia seguinte ao pleito.
O presidente do TSE destacou que, no grupo, há hackers que fazem ataques para testar a própria capacidade tecnológica, para cobrar resgate, e "há os que querem atacar a democracia, o sistema eleitoral, para tornar instituições vulneráveis". "Todos são criminosos, merecem repúdio das pessoas de bem e devem sofrer ações na justiça", afirmou.
Fruto da pandemia
Sobre as abstenções, Barroso destacou que o número costuma crescer no segundo turno e se agravou por conta da pandemia de coronavírus. Ele destacou que o comparecimento foi de 70,53% e que vê o copo "meio cheio". "A abstenção no segundo turno, que tradicionalmente é superior ao 1º turno, foi de 29,47%. Número maior que o desejaríamos. Mas, é preciso ter em conta que realizamos eleições em meio a uma pandemia que consumiu 170 mil vidas e pessoas com temor deixaram de votar, muitos por medo, muitos por estarem com a doença e muitos por estarem com sintomas", avaliou.
Para o ministro, os mais de 70% de comparecimento no cenário da pandemia "merecem ser celebrados". "Cumprimento o povo brasileiro por um comparecimento maciço às urnas", destacou.
Voto impresso
O ministro também comentou a fala do presidente da República, Jair Bolsonaro, que, mais uma vez, sem provas e sem fundamentação, afirmou que o voto eletrônico não seria seguro. "O presidente da República merece todo respeito institucional e tem o direito de manifestar sua opinião, pois o país e livre. A verdade é que o STF já entendeu pela inconstitucionalidade do voto impresso, por um custo de mais de R$ 2 bilhões, mais risco real para o sigilo do voto. Objetivamente não há possibilidade de voto impresso. Há decisão unânime do STF em sentido inverso", lembrou.
"Respeitando a opinião do presidente, penso que o voto impresso traria tumulto para o sistema eleitoral. Todo candidato iria pedir recontagem, impugnação, declaração de nulidade e judicialização do processo. É como mexer em um time que está ganhando. Agora, se o presidente como qualquer pessoa, tiver comprovação de fraude, imediatamente.
Ataque cibernético
Ao falar da credibilidade do sistema, Barroso explicou como funciona e porque ele considera que seja muito difícil de fraudar. O ministro destacou que as urnas inseminadas com números e candidatos ficam trancadas em um cofre e não aceitam alterações. Além disso, no início da votação, cada equipamento emite um boletim, chamado zerésima, que mostra que não há votos registrados, e ao fim do pleito, mais um documento com todos os votos computados no equipamento. Esse material é disponibilizado a partidos e fiscais. A contagem de votos é enviada ao TSE por uma rede criptografada e, se, ainda assim, houver alguma alteração, os boletins entregues às legendas, observadores candidatos servem de conferência e impediram que o dado passasse incólume.
Por isso, o presidente do TSE destacou, os ataques no primeiro turno trouxeram “zero de prejuízo à credibilidade do sistema". “Eu não tenho controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que a Terra é plana, que o homem não pisou na lua e que o Trump ganhou as eleições dos Estados Unidos. Não há como fraudar (o sistema) sem detectar. O sistema está aí desde 1996. Elegemos o presidente Fernando Henrique Cardoso duas vezes, o presidente Lula, duas vezes, a presidente Dilma, duas vezes; e o presidente Jair Bolsonaro. Não vejo honesta e sinceramente, nenhuma razão para colocar em dúvida o processo”, ponderou.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/