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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Polícia Militar articula Operação Tartaruga, para reivindicar reajuste


Associações de PMs usam o termo "radicalizar" a fim de pressionar o governo por reajuste salarial e reformulação da carreira. Encontro em fevereiro deve determinar os detalhes para o atraso no atendimento das ocorrências



Policiais militares na Rodoviária do Plano Piloto: nos últimos protestos, os índices de violência, principalmente de homicídio, aumentaram na capital (Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press - 17/7/12 )
Policiais militares na Rodoviária do Plano Piloto: nos últimos protestos, os índices de violência, principalmente de homicídio, aumentaram na capital

Em março de 2012, a segurança pública do DF atravessou uma crise sem precedentes. O saldo de 88 mortes em 30 dias colocou a capital federal como um dos lugares mais violentos do país, à frente inclusive do Entorno, que, no mesmo período, registrou 54 assassinatos. Contribuiu para o aumento da violência a Operação Tartaruga, deflagrada por milhares de praças da Polícia Militar. O movimento perdeu força só quando o governo chamou a categoria e acenou para uma negociação.

Dois anos depois, as associações que representam os militares consideraram os avanços tímidos e decidiram retomar o protesto. O discurso dos presidentes das entidades é no sentido de estimular a tropa a atrasar o atendimento de ocorrências. Cientes de que a pressão sobre o governo local em 2014 será maior, por ser ano de eleições, as lideranças organizaram um calendário de reuniões com integrantes da corporação. Todos os encontros têm como objetivo inflamar os policiais.

Os reflexos da insatisfação policial começam a transparecer nas ruas. Somente nos primeiros 12 dias de 2014, foram registrados 25 homicídios na capital federal, média de duas mortes a cada 24 horas. O presidente interino da Associação de Praças da Polícia Militar, sargento Manoel Sansão, acusa o GDF de omissão e acredita que as estatísticas relacionadas à violência tendem a aumentar a “níveis de guerra”. “Não queríamos que chegasse a esse ponto, mas o GDF não nos deu outra escolha. Estamos organizando uma Operação Tartaruga jamais vista. Infelizmente, a população vai sentir os efeitos, mas não temos outra escolha. Temos de ser ouvidos”, ameaçou Sansão.

Em fevereiro, a entidade promoverá um café da manhã com centenas de soldados, cabos, sargentos e suboficiais. “A mensagem é clara: queremos mostrar às autoridades que não é um bom negócio ignorar uma categoria tão importante quanto a nossa. A palavra de ordem é radicalizar”, informou Sansão.

Latrocínio
A falta de policiamento ostensivo nas ruas foi decisiva para a morte do brigadeiro reformado da Força Aérea Brasileira (FAB) João Carlos Franco de Souza, de 66 anos, em 3 de janeiro. Ele abria o portão da garagem do Bloco J, na 112 Sul, quando foi surpreendido por dois bandidos. Ao fazer um movimento brusco, o militar acabou atingido por um tiro na cabeça e morreu no Hospital de Base do DF. O soldado da Aeronáutica Gessé de Sousa Resende, 21 anos, e mais dois comparsas — um deles adolescente de 16 anos — foram detidos e confessaram a participação no latrocínio (roubo com morte). Em Planaltina, policiais civis apreenderam um garoto de 17 anos que havia matado seis pessoas, quatro em 2013.

Produtividade policial
O secretário adjunto de Segurança Pública, coronel Roberto Oliveira, preferiu citar números para defender que a Operação Tartaruga não afetou o patrulhamento. “Segundo as estatísticas, a produtividade policial aumentou 17% de 2012 para 2013. Só a PM prendeu mais de 9 mil pessoas. Também registramos um aumento de 9,7% na apreensão de drogas. Fora isso, se considerarmos o tempo de atendimento das ocorrências, verificamos que não houve alterações significativas. Para nós, a PM vem cumprindo muito bem o seu papel constitucional.”

Os PMs e os bombeiros do DF exigem que o governo atenda uma lista com 13 reivindicações. A principal delas é a restruturação da carreira, com promoção independentemente de vagas. Os militares, principalmente os praças, reclamam da demora nas mudanças de patente e no baixo valor pago entre um título e outro. A categoria quer reajuste salarial de 66,8%, além da reposição das perdas do Fundo Constitucional. O Correio tentou falar com o secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, responsável pelas negociações, mas ele não retornou os contatos. A PM não quis comentar o assunto.

Fonte:Correio Braziliense

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