Cientistas políticos avaliam a influência do ministro nas urnas, caso o presidente do Supremo Tribunal Federal decida apoiar alguma candidatura após se aposentar, no fim de junho
Andre Shalders - Correio Braziliense
Para concorrer nas eleições, Barbosa precisaria ter se filiado a um partido político até 4 de abril |
O planejamento do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, é descansar e assistir a Copa do Mundo assim que se aposentar, mas cientistas políticos avaliam que o ministro poderá ter um peso expressivo nas eleições. Para concorrer em outubro, Barbosa deveria ter se filiado a um partido até 4 de abril. Pesquisas divulgadas antes desse prazo mostraram o bom potencial eleitoral do ex-ministro, em cenários nos quais ele aparecia como opção para o eleitor. Nos bastidores, legendas da oposição, como o PSB de Eduardo Campos e o PSDB de Aécio Neves, já se movimentam para tentar atrair o apoio do magistrado.
Pesquisa elaborada pelo Instituto Datafolha em novembro passado mostrava Barbosa tecnicamente empatado com a pré-candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, em São Paulo. Enquanto Dilma tinha 41% das intenções de voto, Barbosa aparecia com 40%. No Rio de Janeiro, Dilma estava à frente do ministro, com 48% contra 34% . A petista também venceria no nível nacional, com 54% a 30%. Em outra pesquisa do Datafolha, elaborada em fevereiro de 2014, Barbosa aparecia como o segundo candidato mais bem colocado. Num cenário com Dilma, Campos e Aécio, o ministro obteve 16% das intenções de voto, atrás dos 42% de Dilma e à frente dos 14% obtidos por Aécio.
Capital político
Mesmo entre cientistas políticos acostumados a acompanhar a evolução de cenários eleitorais, não há consenso sobre o peso de Joaquim na disputa eleitoral, caso ele decida pedir votos para algum dos candidatos. Para Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho do Diap, Barbosa se sairia melhor no papel de candidato do que como cabo eleitoral. “Acho que ele não terá maior influência no pleito, ao decidir que não será candidato nessas eleições. As pessoas que o apoiam gostariam de vê-lo como uma opção real de poder, e não como um cabo eleitoral de outro candidato”, diz Toninho. “Ele seria um puxador de votos muito fortes se estivesse na condição de candidato, ou pelo menos de filiado. Como eleitor comum, é provável aliás que ele nem queira se envolver muito no pleito desse ano”, completou o estudioso.