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domingo, 26 de janeiro de 2014

Por que PT e PMDB estão em pé de guerra


Na perspectiva de eventual fracasso de Dilma Rousseff em um segundo governo, os dois partidos buscam se fortalecer nos Estados agora para ter cacife na eleição de 2018
Beto Barata
Dilma Rousseff, candidata à reeleição: eventual fracasso em um 2º governo influi no ânimo da aliança PT-PMDB nos Estados
Cezar Santos 
 
Ainda faltam mais de oito meses para o primeiro turno da eleição, em 5 de outubro, mas já está claro que os dois principais partidos do consórcio governista no plano federal não vão repetir a aliança em todos os Estados. Os líderes das duas siglas minimizam os problemas, dizem que é assim mesmo, que as diferenças regionais são muito acirradas em alguns lugares, determinando corrida em raias próprias na sucessão estadual, mas sem ameaçar aliança federal pela reeleição de Dilma Rousseff.
 
Pode ser que sim, mas o fato é que essas diferenças regionais estão se agudizando a cada dia. Exemplos não faltam e um deles está aqui mesmo, em Goiás onde o PT está rachado internamente entre os adeptos da aliança com o PMDB e os que querem lançar candidatura própria. A primeira ala tem seu sustentáculo no prefeito de Goiânia, Paulo Garcia.
 
Enquanto uma ala petista quer nome próprio, o PMDB não admite abrir mão da cabeça de chapa — há quem diga que existe um acordo nesse sentido, firmado na reeleição de Paulo Garcia à Prefeitura de Goiânia, em 2010. O PT não estaria cumprindo esse acordo.
 
Além de Goiás, a divisão entre os dois partidos está em gestação também no Maranhão. A dúvida está na manutenção do apoio ao PMDB da família Sarney ou à candidatura de Flávio Dino (PCdoB), e a direção do PT já estuda a possibilidade de lançar um candidato à sucessão da governadora Roseana. Setores do PT acreditam que uma candidatura própria amenizaria o rompimento com o clã Sarney. Seria mais traumático o PT apoiar Dino, como deseja grande parte dos petistas.
 
No Rio de Janeiro a situação também está bastante complicada. O combinado é que o candidato da aliança seria o vice-governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB. Mas com a brutal queda de popularidade do governador Sérgio Cabral (PMDB), o senador Lin­dbergh Farias, do PT, acertadamente viu aberto o caminho para sua eleição. E o jovem senador não arreda pé da pretensão.
 
O resultado é que está aberta uma crise entre os dois partidos no Rio de Janeiro e o próprio Lula da Silva não sabe muito bem o que fazer. Como segurar o jovem petista, impetuoso, bem avaliado, com a faca e o queijo na mão?
 
Foram citados três Estados onde o racha entre PT e PMDB é fato. Há outros. Mas o que está por trás dessa divisão? A resposta é simples: o vislumbre ao pós-Dilma. Explica-se: PT e PMDB sabem que a reeleição da presidente é o cenário mais provável nas atuais circunstâncias. Ela lidera as pesquisa, tem a máquina federal na mão.
 
Mas a percepção subjacente é que reeleita Dilma, o mais provável, baseado no que tem sido o primeiro governo dela, é que a segunda gestão seja decepcionante. A condução errática da política econômica, mesmo com algumas correções nos últimos meses, tem aprofundado o caminho para esse possível fracasso. Estão aí a inflação à beira do descontrole, os juros ente os mais altos do planeta, o crescimento econômico risível, a deterioração das contas públicas, a desindustrialização, etc., etc., etc.
 
A situação é tão complicada que há quem sustente que a própria reeleição de Dilma correr sério risco. E uma mostra clara de que a própria Dilma se tocou de que está fazendo tudo errado se deu na decisão de finalmente ela comparecer ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
 
Depois de esnobar o encontro do capitalismo por três anos, ela se rendeu à necessidade de afirmar aos investidores que o Brasil é um bom lugar para eles colocarem seu dinheiro.
 
Voltando ao Brasil e à divisão entre PT e PMDB, os dois partidos têm essa percepção de que o segundo governo Dilma pode ser um estrago. E aí, como fica situação deles para a eleição de 2018? Simples, seja qual for o cenário, partido que tiver muitos governadores tem sustentação para a disputa com mais chances de sucesso. O PT, mesmo que Dilma fracasse, aprendeu a ganhar eleição nacional e terá candidato — pode ser Lula ou outro “poste” que ele indicar.
 
Para o PMDB, que aprendeu apoiar quem tem mais chance de vitória, com muitos governadores ele terá como vender muito caro o seu apoio. O PMDB, na verdade, não se interessa em lançar candidato à Presidência, ele prefere ter o presidente “sob cabresto”, de forma a ganhar o máximo possível de ministérios e cargos de segundo e terceiro escalões em pastas fortes.
 
Explica-se aí o racha entre os dois partidos. É preciso fazer mais governadores agora em 2014, para sair em vantagem em 2018. Nesse cenário, a aliança nos Estados pode ser detonada, num “salve-se quem puder”.

Os dois partidos estão rachados entre eles e internamente

Parte do PT goiano quer Antônio Gomide como candidato                Friboi é o pré-candidato oficial do PMDB ao governo estadual

Em Goiás, há três divisões no espectro da aliança entre PMDB e PT. Primeiro, a divisão dentro do próprio PT, entre as alas pró-Gomide e pró-PMDB; depois, o racha entre PT e PMDB; e em terceiro lugar, o racha dentro do PMDB, entre as alas de Júnior Friboi e a de Iris Rezende.
 
No PT, os seguidores de Paulo Garcia querem o PMDB na cabeça de chapa, de preferência com Iris Rezende, mas se não for Iris, tudo bem, pode ser Júnior Friboi. O segundo grupo é capitaneado pelo prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, que não por acaso se colocou como pré-candidato para a sucessão, depois que Paulo declarou que não tinha a pretensão de disputar o governo.
 
O interessante nessa divisão petista é que o partido, pelo mesmo na voz de seus representantes, diz que o objetivo primeiro é buscar a união com o PMDB e outros partidos de oposição em torno do nome de Gomide, mas eles deixam no ar que podem lançar o prefeito mesmo sem a aliança com os peemedebistas. Ou seja, configura-se aí o racha com o PMDB.
 
Essa posição radicalizada se aprofunda diante da possibilidade do pré-candidato oficial do PMDB, o empresário Júnior Friboi, ser confirmado candidato, em vez do líder maior Iris Rezende. O PT de Gomide aceita Iris, mas não aceita Friboi, por não ver no empresário densidade eleitoral nem capacidade de aglutinação. Para essa ala, Antônio Gomide seria um candidato muito mais competitivo para enfrentar o candidato da situação — pelo que tudo indica, o governador Marconi Perillo (PSDB).
 
No momento é situação em Goiás entre PMDB e PT é essa: uma divisão em gestação, na medida em que os dois partidos radicalizam suas posições em relação à cabeça de chapa. Já há sinais de que o comando nacional das duas siglas pode interceder. No PT, por exemplo, sabe-se que o ex-presidente Lula manda e desmanda. Se ele cismar de interferir, o partido vai fazer o que ele quiser.
 
Lula entra em campo para tentar serenar os ânimos
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai pôr o pé na estrada para consertar os estragos nas alianças estaduais, trouxe em reportagem o jornal “Correio Braziliense”, na semana passada. A tarefa estava com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que age como elefante em loja de cristais. Lula, que já usou seu prestígio político para dar uma freada na reforma ministerial — a presidente Dilma Rousseff queria fazer a mudança de ministros ainda em 2013 —, cuidará agora pessoalmente das conversas com os aliados, missão além da capacidade do beligerante Falcão.
 
Lula está atendendo pedido dos próprios aliados, que não reconheciam a autoridade do atual presidente do PT para conduzir as negociações. Uma liderança de um partido que enfrenta problemas diretos com o PT entregou Falcão: “Ele pode ter a melhor das intenções, mas é deputado estadual pelo PT, não tem uma visão de país suficientemente abrangente para desvendar as realidades regionais”.
 
O contraditório nessa situação é que Lula havia declarado à imprensa, no ano passado, que seu papel na campanha seria mais restrita aos comícios, para mostrar os feitos do governo de sua pupila e as razões pelas quais ela merece mais uma oportunidade de governar o país. Na segunda-feira, 20, ele já assumiu postura mais ativa ao conduzir uma reunião no Palácio da Alvorada, ao lado de Dilma, do futuro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do ex-ministro da Secretaria de Comu­nicação Franklin Martins.
 
Na reunião, foram discutidas as questões políticas locais e os cuidados que o governo precisa tomar para que a Copa do Mundo deste ano não se volte contra o governo. O Planalto teme a explosão de uma nova onda de manifestações, rolezinhos em shoppings e rebeliões em presídios em junho, quando 32 seleções estarão disputando o torneio da Fifa e milhares de turistas vão circular pelo país. Na verdade, essas manifestações, ainda tímidas, já começaram.
 
O governo teme que somados aos problemas decorrentes das falhas nas obras de infraestrutura e do risco de caos nos aeroportos, se forme um caldo de notícias e imagens desfavoráveis no momento em que os olhos do mundo estiverem voltados para o país.
 
Lula pouco pode fazer nessa seara, mas na política, ele poderá ser essencial. “O PMDB enxerga com muitos bons olhos essa decisão do ex-presidente de viajar pelo país”, afirmou o presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp (RO).
 
O PMDB foi o primeiro partido que, explicitamente, recorreu ao cacique petista após a paralisação das negociações com o governo, tanto em relação aos ministérios quanto aos palanques estaduais.

No Rio, o peemedebista Pezão diz que Dilma estará com ele

Na guerra aberta entre PT e PMDB no Estado do Rio de Janeiro, o pré-candidato peemedebista ao governo, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), iniciará uma ofensiva contra o senador Lindbergh Farias (PT), seu mais provável adversário em outubro. Pezão passará os próximos meses inaugurando obras ao lado da presidente Dilma Rousseff, correligionário de Lindbergh.
 
Pezão disse que Dilma combinou uma agenda de eventos que deverá ser iniciada com a inauguração da Transcarioca (transporte com ônibus BRT que vai ligar a Barra ao Aeroporto Tom Jobim (Galeão), em 10 de maio. Além disso, está na lista o Arco Me­tropolitano (estrada que ligará Itaguaí a Itaboraí, passando por municípios da Baixada Flumi­nense) previsto para começar a funcionar até julho.
 
O governador Sérgio Cabral (PMDB) pretende deixar o cargo em 28 de fevereiro, caso o PT também abandone a atual administração na mesma data. Isso ainda não aconteceu por interferência de Lula, que não quer os petistas apeados do governo batendo no PMDB, o que inevitavelmente acontecerá.
 
Na quarta-feira, 22, com a presença de Pezão, Cabral entregou 14 ruas urbanizadas em São Gonçalo. A estratégia de Cabral é massificar o nome de seu vice. “O governador acredita que devo me tornar mais conhecido. Tomar mais cor­po”, disse o pré-candidato do PMDB, que está em quarto lugar nas intenções de voto com apenas 5%. O petista Lindbergh está com 15%, mesmo porcentual do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB). Na liderança, com 21%, aparece o deputado federal Anthony Garotinho (PR).

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