Empresário na área de supermercados, José Tatico instalou-se, em Brasília, onde começou carreira como deputado distrital. Logo chegou a Goiás, também como comerciante e político, elegendo-se deputado federal, ajudando filhos a conquistar mandatos
Foto: Divulgação
Condenado a sete anos de prisão, em 2010, o então deputado José Tatico (PTB-GO) se tornou o primeiro parlamentar a receber do Supremo Tribunal Federal (STF) uma pena que o mandaria para a cadeia. Após apresentar recursos e aguardar, três anos, para que a Corte analisasse suas apelações, ele foi beneficiado com a prescrição de sua pena e não terá que passar um dia sequer no presídio.
Em 2010, seu julgamento aconteceu justamente um dia antes do então deputado completar 70 anos de idade. À época, foi condenado por apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária.
Sua empresa, a Curtume Progresso Indústria e Comércio Ltda. deixou de repassar R$ 259 mil ao INSS relativo a contribuições descontadas do salário de empregados entre janeiro de 1995 e agosto de 2002.
Além disso, a empresa também escondeu da Previdência R$ 618 mil pagos a empregados para não ter que pagar as taxas correspondentes ao valor.
Ao analisar um de seus recursos, na última quinta-feira, o STF reconheceu que seus crimes estavam prescritos devido ao tempo passado entre sua condenação, em 2010, e o julgamento de seu recurso no final de 2013. Como Tatico (foto) está com mais de 70 anos, os prazos prescricionais são reduzidos pela metade.
Além da prescrição, ministros do STF também consideraram que Tatico, após o início do processo, resolveu quitar todos os débitos que tinha com o fisco (aproximadamente R$ 900 mil).
Apesar de escapar da prisão, Tatico é considerado um condenado e terá esse registro em sua ficha criminal.
Primeiro condenado a prisão, Tatico foi, na prática, o terceiro deputado condenado pelo STF. O primeiro José Gerardo (PMDB-CE), em maio de 2010, por crime de responsabilidade. Sua pena foi convertida em prestação de serviços à sociedade. O segundo, também em maio de 2010 foi Cássio Taniguchi (DEM-PR), que escapou da punição pelo crime de responsabilidade devido a prescrição.
Roubo de cargas – Foram necessários quase três anos para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), criada pela Câmara Federal, para investigar o roubo de cargas no Brasil concluísse os seus trabalhos. Durante o período, foram tomados mais de 200 depoimentos e promovidas audiências públicas em 12 cidades, além de diligências nos Estados de Pernambuco, Maranhão, São Paulo e Goiás, na tentativa de ajudar a coibir o roubo de cargas que, segundo estimativas, causou prejuízos da ordem de R$ 900 milhões somente nos sete primeiros meses de 2002.
O relatório do deputado Oscar Andrade (PL-RO), aprovado por unanimidade, no dia 11 de dezembro de 2002, sugeriu ao Ministério Público (MP) o indiciamento de 156 pessoas, entre elas o deputado federal pelo Distrito Federal José Fuscaldi Cesilio, conhecido por José Tatico, por receptação qualificada de cargas roubadas. A CPI recomendou ainda ao Ministério Público a abertura de processos contra 12 empresas, denunciadas por lavagem de dinheiro e desmanche de caminhões.
A família do empresário também migrou para a política: Ênio Tatico, seu filho, foi deputado federal por Goiás. Edmilson, outro filho, foi prefeito de São Luiz de Montes Belos. Mércia Tatico, esposa de Edmilson, é a prefeita de São Luiz de Montes Belos. Todos com militância no PTB.
(Com informações da Folhapress).
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