CAMPANHA DE UTILIDADE PÚBLICA-AÇÕES DO ENTORNO

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domingo, 15 de dezembro de 2013

“O PMDB de Goiás pode não apoiar a reeleição de Dilma Rousseff”


Pré-candidato do partido à sucessão estadual, empresário apresenta discurso ácido contra o governo e “orienta” o PT para que construa aliança conjunta ainda no primeiro turno
Fernando Leite/Jornal Opção





É claro que Júnior Friboi ainda não tem a desenvoltura discursiva dos chamados políticos profissionais — expressão com a qual ele próprio gosta de se referir a figuras que estão há tempos no poder, citando diretamente o governador Marconi Perillo (PSDB).

Mas é notória a maior contundência do empresário em suas declarações, que estão cada vez mais polêmicas e fortes. E especialmente em relação ao Palácio das Esmeraldas.

Friboi está convicto de que é de lá que partem os principais ataques que visam atingi-lo, mesmo os que vêm por meio da imprensa ou do “fogo amigo” de pretensos aliados. Por outro lado, ele nega veementemente que haja qualquer desavença com Iris Rezende (PMDB) e que não existiria um “tempo para viabilizar” sua candidatura. “Isso é ficção, inventaram isso não sei de onde nem quem inventou”, nega. Da mesma forma ele desmente uma série de questões que chegaram a ser veiculadas, como a de que não teria tido aval prévio do PMDB estadual para se filiar, a de que teria prometido milhões para deputados se reelegerem e a de que sua família não o estaria apoiando em seu intento de poder.

Sobre o fato de seu nome não ter sido tão bem recebido pelo PT, principal aliado na oposição, ele parece pagar para ver se o partido terá mesmo a disposição de lançar nome próprio — que, no caso seria o do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide. “Se o PT decidir por isso, fazer o quê? Eu defendo que as oposições unidas seria algo melhor. Mas corre o risco muito sério de o PT perder o apoio para a presidente Dilma Rousseff em Goiás. Isso não tem me agradado em nada. Eu já estou ouvindo essa conversa e tentando acalmar os ânimos. Toda ação tem reação”, comentou.
Euler de França Belém — Antônio Ermírio de Moraes, um empresário como o sr., disse que teve duas alegrias com a política: uma quando entrou e outra quando saiu. Por que entrar para a política?
Queria deixar claro que não estou entrando “na” política, mas em um projeto político por Goiás, por meu Estado. Sou empresário e entendo que um empresário fazer gestão pública é muito mais fácil do que alguém do setor público fazer gestão privada. Ou seja, é muito mais fácil fazer um empresário ser político do que o contrário. Estou entrando, então, primeiramente porque tenho vocação; em segundo lugar, porque tenho legitimidade, sou goiano, sou brasileiro; e, em terceiro, porque estou pronto e preparado para executar um projeto para servir ao meu Estado. Não vejo nenhum motivo para que eu não venha a fazer isso, para que eu não possa prestar esse serviço. Estou decepcionado como eleitor e como pai de família.
Cezar Santos — O sr. está decepcionado exatamente com o quê?
Estou decepcionado com o que estou vendo em Goiás, principalmente em alguns pontos, como a saúde. É um setor com problemas seriíssimos, o povo está reclamando e clamando por uma saúde de melhor qualidade.
Cezar Santos — Mas as reclamações são maiores em relação ao atendimento nas unidades municipais...
Não concordo. Estão reclamando de um modo geral. A saúde, no Estado de Goiás, está precária, não está bem. Em todas as pesquisas, o índice maior de reclamação por parte da população está no setor da saúde. Ou seja, a saúde não está bem em Goiás, não adianta esconder isso. No interior não há hospitais, o atendimento é deficitário, os médicos se revoltam contra as condições de trabalho. Em todos os hospitais você vai encontrar pacientes pelo corredor, a demanda não é atendida. Como nos municípios do interior não há a estrutura necessária, todos vêm para a capital e isso causa todo esse tumulto. Isso não poderia mais estar acontecendo no Estado.
Da mesma forma, estamos com um problema gravíssimo na segurança pública. É como se vivêssemos em um regime semiaberto. Hoje, Goiás é um dos Estados mais violentos do Brasil. A população está com medo, nunca poderíamos chegar à situação que nos encontramos hoje. Era preciso que houvesse uma ação muito forte por parte do governo para resolver isso.
Outro ponto preocupante é a questão da infraestrutura. Não temos energia elétrica suficiente para desenvolver o Estado e continuar avançando. Perdemos a distribuidora, que é a Celg e da qual hoje ninguém mais é dono, nem o Estado nem o governo federal. Todos estão clamando por mais energia. Então, não é verdade que o Estado esteja crescendo, porque nada cresce sem energia.
Por fim, uma outra situação sobre a qual deveríamos nos ater é a dos educadores. Os professores estão em uma situação difícil, sem condições de trabalho. A UEG [Universidade Estadual de Goiás], que é do Estado, vive em greve e com problemas seriíssimos. Vejo então que é preciso que o governo passe por uma renovação. Por que não mudar, por que manter esse governo que está aí hoje, depois de 16 anos de poder? Por que não trocar? Se fizermos uma pesquisa, veremos que o povo quer alternância. A alternância significa fortalecimento da democracia. Mas vejo uma resistência muito grande para isso, não sei por quê. Por exemplo, os veículos de comunicação falam que o Estado está bom, que o governo está bom, que tudo está bom. Isso é mentira, não é assim, não tem nada bom.
Euler de França Belém — Os jornais estão mentindo, então?
Estão mentindo (enfático), tem muitas coisas que não estão certas e sobre as quais não está sendo falada a verdade. Precisamos parar de subestimar as pessoas. E as pessoas precisam ouvir a verdade, a mídia precisa mostrar a verdade, o que está acontecendo de fato no Estado, e não ficar só falando bem do governo. Por que não mostrar isso às pessoas que leem os jornais, por que não falam a verdade? (enfático) Fico indignado com isso.
Euler de França Belém — Por que os jornais não falam a verdade?
Eu não sei. Não sei se é porque estão comprometidos com o governo, não sei se é porque o governo comprou mídia, não sei se é porque têm medo do governo ou porque se venderam para o governo. Por que não vão para o interior mostrar as coisas erradas que estão sendo feitas? Por que não mostram isso? Confundir a opinião pública é algo que os jornais não poderiam fazer, porque as pessoas querem saber da verdade dos fatos. É isso que eu defendo. Por exemplo, falam de mim, de minha pessoa, coisas que não são verdade. Estão me subestimando nos assuntos que dizem respeito à política. O que se vê é que tudo está acontecendo ao contrário do que estão falando.
Cezar Santos — Em relação a que exatamente estão dizendo isso?
Estão dizendo, por exemplo, que estou brigando com Iris Rezende. Não é verdade, nós somos amigos e estamos amigos. Eu não entrei no PMDB sem conversar com Iris, sem um acordo. Eu fui convidado, não estou atropelando nada.
Euler de França Belém — Sua filiação não se deu pelas mãos de Iris, mas por Michel Temer [vice-presidente da República]...
Não, não é verdade, minha filiação se deu, sim, pelas mãos de Iris. Já contei isso muitas vezes, mas sempre tentam fazer uma cruzada, provocar um confronto meu com Iris. Não sei o porquê disso, talvez porque queiram escolher o adversário, confundir a opinião pública. Não entrei pela mão de Michel Temer, de forma alguma, mas por um convite feito pela executiva estadual do partido, aprovado por unanimidade e referendado pelos prefeitos do PMDB, por Iris Rezende e pelo PMDB nacional. Foi dessa forma que eu entrei no PMDB, o primeiro convite que tive foi da executiva estadual do partido.
Elder Dias — À época, quem da executiva do PMDB fez o convite para o sr.?
A executiva se reuniu, deliberaram pelo convite e o mesmo foi feito pelo presidente do partido no Estado, Samuel Belchior [deputado estadual]. Então, me chamaram para uma reunião no partido e, diante da executiva, eu aceitei o convite. Depois disso, eu fui até Iris e lhe expliquei que fui convidado, para saber o que ele achava. Perguntei-lhe se seria candidato ao governo de Goiás e ele disse que não, que não estava pensando nisso e que seria um bom momento para eu entrar no PMDB. Depois, então, fui referendando pela presidência nacional do partido, com Valdir Raupp [presidente do PMDB e senador por Rondônia], e também pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Euler de França Belém — O sr. é um político novo, mas já começou de forma tradicional, trocando de partido. Por que o sr. trocou o PSB — no qual tinha um bom relacionamento com Eduardo Campos [presidente nacional do partido e governador de Pernambuco] e aparentemente estava bem — para ir para o PMDB? Qual foi o motivo?
Em política, para concorrer a qualquer cargo dentro de uma agremiação política, é preciso estar credenciado em um partido. Política é capilaridade. Para concorrer a algum cargo, é preciso ter aprovação dentro da agremiação, capilaridade e, sobretudo, uma estrutura, uma base de votos. Eu poderia concorrer ao governo pelo PSB, mas teria muita dificuldade. Primeiramente, porque é uma sigla muito pequena; em segundo lugar, porque eu teria de criar uma terceira ou uma quarta via, alguma coisa eu teria de inventar para ter chance ao concorrer, já que em Goiás sempre foi tudo muito polarizado. Dentro do PSB, eu não tinha muitos prefeitos, não tinha capilaridade. Então é normal, quando a gente recebe um convite de uma sigla maior no Estado, que tem capilaridade e me dá oportunidade de trabalhar... Por que não trocar? Isso é estratégico. Eu estar no PSB não significava que eu teria de ficar ali no PSB. Eu saí do PSB por um projeto maior, pensando grande, não só para mim, mas também para o Estado. Quando entramos em um projeto assim, não é pensando na minha pessoa, mas em como posso retribuir a oportunidade às pessoas e ao meu Estado. O PMDB hoje tem condições de liderar uma aliança de oposição como protagonista e fazer o governador nas eleições de 2014.
Cezar Santos — O sr. está no PMDB, mas não é unanimidade nem na sigla. Um exemplo disso é o ex-deputado Ivan Ornelas, que disse que o sr. encantou o partido com seu dinheiro.
Eu conheço Ivan Ornelas há muitos anos, conheço seu pai, seus irmãos, até porque morei em For­mosa, a cidade deles. Ivan sempre foi uma pessoa polêmica, o estilo dele é esse. Não devo nada a ele, e não tenho satisfação a lhe dar. Nunca fiz nada errado, sempre negociei com a família dele e deu tudo certo. Ivan Ornelas não tem nenhuma razão para dizer isso. Por outro lado, não sei por que ele estaria fazendo isso, o que ele estaria ganhando com isso, não sei a quem ele está a serviço, quem poderia estar por trás do que ele está dizendo.
Cezar Santos — O sr. suspeita que haja alguém por trás?
Suspeito, sim, até que seja a serviço do governo do Estado. Deve ser, porque, para fazer uma coisa dessas, uma pessoa que está dentro de uma agremiação atacando um colega dessa agremiação, e falando mentiras... Não é verdade o que ele está dizendo, porque, se fosse pelo menos verdade, tudo bem. Ele não tem legitimidade para dizer nada do que está dizendo. Não estou entrando em política por dinheiro. Dinheiro é um mérito meu, trabalhei por ele, é meu. Não ganhei dinheiro me fazendo com a política. Meu dinheiro eu ganhei na iniciativa privada. E não é verdade que encantei o PMDB com meu dinheiro. Tenho credibilidade e com ela posso comandar o processo, dar sustentação a uma estrutura de campanha. Posso fazer uma campanha com meu dinheiro e minha credibilidade. Mas não é o dinheiro em si que está em jogo, mas sim os projetos, as ideias, minha credibilidade, minha disposição de transferir ao Estado tudo o que eu sei, minha experiência. Está em jogo minha vontade de melhorar a qualidade de vida das pessoas, de homens, mulheres e crianças de Goiás. Eu não preciso me servir do Estado, fazer “rolo”. Não estou aqui para isso.
Euler de França Belém — Além de Ivan Ornelas, outro nome importante que também contesta sua escolha é o de Wagner Guimarães, ex-deputado e ex-presidente estadual do PMDB. Ele disse que, se o candidato não for Iris, não vai votar nesta eleição para governador.
Eu respeito Wagner Guimarães. Ele tem suas razões e não vou contestá-lo. O que quero dizer é que, quando ele foi candidato a deputado, todas as suas reivindicações que foram feitas a mim para que eu pudesse contribuir com o sucesso de sua campanha, eu sempre atendi de forma correta.
Elder Dias — O sr. financiou a campanha de Wagner Guimarães?
A palavra certa não é “financiar”, mas sim contribuir.
Elder Dias — Contribuir financeiramente?
Dentro da lei, dentro do partido, eu fiz tudo o que ele me pediu.
Cezar Santos — Ele está sendo ingrato?
Eu acho que sim. Primei­ramente, porque ele é um colega de partido. Segundo, ele não tem absolutamente nada para falar de mim. Nunca lhe fiz mal em nada e nunca deixei de cumprir um compromisso com ele. Sempre fui também muito carinhoso e atencioso com seu filho, Paulo Henrique [vereador em Rio Verde], que deve sair candidato a deputado. Não entendi até agora o motivo. Ser pré-candidato? Qual­quer um no PMDB pode ser pré-candidato, qualquer um pode colocar seu nome, não tem qualquer problema. É uma agremiação das maiores do Estado, com grandes líderes e grandes pessoas. Só que, depois de colocar seu nome, precisaremos passar pela votação na executiva, pelas prévias e pela convenção. Existem os critérios a seguir. Creio que Wagner está equivocado ao falar algo de mim. Aceito que ele considere que meu nome não seja o melhor, tudo bem. Mas, desqualificar minha pessoa, não vejo razão.
Euler de França Belém — Essas são as críticas visíveis de dentro do PMDB. Mas há no partido também as críticas “em off”, de vários peemedebistas. Alguns deles chegam a falar que o sr. teria oferecido R$ 5 milhões para cada candidato a deputado federal que já tem mandato. O que o sr. responde?
Isso é mentira! (muito enfático) É mentira de qualquer um em Goiás que disser uma coisa dessas. Gostaria, inclusive, que vocês me dessem o nome dessas pessoas, que eu quero conversar frente a frente sobre isso. Desafio qualquer um, jamais falei nem vou falar algo assim. É uma falsidade. Precisamos deixar muito claras as coisas. As pessoas precisam primeiramente me respeitar e, sobretudo, não me subestimar. Estou aqui por um projeto por Goiás, não é meu somente. Vou fazer tudo, mas tudo dentro da lei. Isso não quer dizer que eu não vá contribuir com as agremiações. Não vou mentir, é claro que vou contribuir, vou dar estrutura. Vou fazer tudo dentro da lei, vou jogar o jogo do jeito que eles jogam.
Euler de França Belém — Falam que, nas reuniões internas, o sr. chega a falar que tem de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões para investir em sua campanha. Esse dado procede?
Mentira, mentira. Nunca falei em números, para ninguém (enfático). Eu vou fazer a melhor campanha com o menor custo. Essa é minha intenção. Eu sou empresário, não vou jogar dinheiro fora. Esquece! (enfático) O povo tem de entender que eu não sou doido, têm de me respeitar. Nunca falei em números. Vou fazer a melhor campanha e vou vencer as eleições com o menor custo. Até porque eu sei comprar e sei vender. Sei o que custa e o quanto custa. E sei, principalmente, que meu dinheiro não é dinheiro de contravenção, não é dinheiro do Estado, do povo. Não é dinheiro financiado por um sistema de corrupção. É um dinheiro que é meu. Tenho condição, se necessário for, de fazer tudo com recursos próprios, para não entrar na vala comum da corrupção. Detesto corrupção, para mim é tolerância zero. Corrupção para mim não tem lugar, não tem espaço. Agora, se você me perguntar se eu não vou aceitar doação nenhuma, eu responderei: vou. Doação de tudo: de trabalho, de tempo, da inteligência, de 1 real, de 2 reais, de 10 reais. Mas sem corrupção, tudo para o debate. Se a contribuição for para melhorar o debate político, para estimular a alternância, tudo bem.
Elder Dias — O sr. acredita então que os candidatos ficam reféns de quem os financiam?
Todos. Por isso é que não conseguem governar, por isso há esses escândalos de contravenção, colocando o Estado em páginas policiais. O grande problema do Estado é que o candidato quer depois sentar na cadeira de governador sem colocar um centavo dele. Quer sentar lá e, para isso vende, o Estado inteiro para os outros. Aí tem de entregar [o Estado], porque quem vende tem de entregar.
Euler de França Belém — Mas nem todos têm dinheiro como o sr.
Não interessa. É o seguinte: receba o dinheiro, então, mas sem fazer compromisso. Que faça dentro da condição que possa. O grande problema é que pegam o dinheiro não como contribuição, mas como negociação. Aí, o sujeito que negocia com o político dá 10 e para receber 30. 
“Vanderlan vai ter de fazer a base dele para 2016” 
Euler de França Belém — Por que, então, a JBS sempre deu dinheiro para os políticos?
Não é assim. Sabe por que sempre contribuímos? Para não nos atrapalharem. Há duas formas que podem levar alguém a  ajudar em uma campanha: uma é para “fazer rolo” depois; outra é para não ser atrapalhado.
Elder Dias — O que é “não ser atrapalhado”?
É não ser perseguido, não ser prejudicado. O sistema é perverso. Por isso é que querem aprovar o financiamento público de campanha.
Elder Dias — O sr. é a favor do financiamento público?
Sim, sou a favor, porque quem paga no fim é a sociedade.
Euler de França Belém — Quando o sr. fala em contravenção, sem usar o nome o sr. está falando em Carlinhos Cachoeira. O que vai acontecer, Cachoeira vai ser uma presença dominante na campanha do próximo ano? A Operação Monte Carlo e todo aquele contexto serão usados eleitoralmente?
Sem dúvida, a maior presença na campanha será a de Carlos Cachoeira. Não exatamente da pessoa dele — não tenho nada contra ele, até porque não o co­nheço e nunca estive com ele. Quem tem algo contra as atividades dele é a Justiça, não eu, cada um sabe o que faz. O caso Ca­choeira, a questão da contravenção, tudo isso vai voltar à tona, isso não está esquecido. Ninguém em Goiás esqueceu e tudo vai ser mostrado, com muito mais intensidade.
Cezar Santos — Mas o PT nacional ajudou a engavetar a CPMI do Cachoeira, quiz que todos ficassem caladinhos sobre o assunto. A conversa não interessava ao PT.
Euler de França Belém — O sr. disse que esse tema vai aparecer na campanha. Como? Vai ser em forma de marketing, em vídeos?
Será no marketing político, nos debates, nos palanques, nas discussões na rua, nos bares, em todos os lugares. O ano eleitoral é 2014. Quando realmente começarem a falar em política, a partir de maio, a coisa vai se acirrar. O caso Cachoeira vai ser discutidos em todos os espaços. Sobre a questão do arquivamento da CPMI, para mim foi um grande erro cometido. Mas quem sou eu para falar alguma coisa em relação ao Congresso Nacional? Para mim, erraram muito ao não dar continuidade ao processo. Isso não poderia ser abortado, precisariam ir mais a fundo. Não concordo com a forma com que tudo foi feito no Congresso e creio que quem mais perdeu com isso foram PMDB e PT.
Cezar Santos — Mas, se houvesse investigação sobre a Delta, corria-se o risco de chegar até a campanha da presidente Dilma Rousseff, por exemplo...
Que chegasse, não importa, os fatos teriam de ser levados até as últimas consequências. Mas, como eu disse, em 2014 tudo vai voltar à tona: o caso Cachoeira, as manifestações de rua, a Ação Penal 470, conhecida como mensalão. Enfim, no ano que vem tudo isso retorna e, no dia 5 de outubro, o povo vai decidir.
Euler de França Belém — Na campanha, se o sr. tocar no caso Ca­choeira, qual seria sua reação se lhe pedissem para explicar por que o PMDB trouxe a Delta para Goiás?
A Delta é uma empresa comum, como qualquer outra, que entrava em licitações e que estava fazendo serviços não só em Goiás, mas no Brasil inteiro. A Delta está esparramada pelo Brasil todo. Não conheço profundamente o caso, mas fizeram da Delta algo muito maior do que o que ela é.
Cezar Santos — Ela foi a empreiteira que mais cresceu durante o governo do PT. 
O que quero dizer é o seguinte: até agora, o que foi concluído sobre a Delta? O que acharam? Não falaram nada. Não estou aqui para defendê-la, até porque não conheço absolutamente nada de Delta. O que eu quero dizer é que tudo foi mais um fato do que, talvez, a verdade, a realidade.
Cezar Santos — A Controladoria-Geral da União declarou a Delta Construções inidônea para contratar com a Administração Pública, a Prefeitura de Goiânia, por exemplo, cancelou contratos com ela. É uma empresa claramente com irregularidades.
Não estou dizendo que a Delta esteja certa ou errada. O que estou dizendo é que ela não existe só em Goiás, mas no Brasil inteiro.
Euler de França Belém — Mas em Goiás foi onde ela teria tido maior ligação com a contravenção que o sr. está criticando, por meio de seu diretor no Estado, que era Cláudio Abreu.
Tudo bem, mas o que eu estou dizendo é o seguinte: a Delta foi falada muito mais dentro de Goiás do que no resto do Brasil todo. Para mim, ela foi muito mais usada dentro do Estado, por um diretor, do que o real problema. Eu não estou dizendo que não tinha algo errado lá — e pode até ser que tinha mesmo —, mas o barulho na mídia foi muito maior do que os problemas que existiam na realidade.
Frederico Vitor — Já fiz várias matérias sobre o seu antigo partido, o PSB, e o que levantei é que o partido ainda continua apoiando o sr. , mesmo estando em outra legenda. Mesmo com um pré-candidato, Vanderlan Cardoso, esses prefeitos disseram que subiriam no palanque do sr. em 2014. Isso procede? 
Procede, sim. O PSB elegeu 11 prefeitos. Destes, acredito que 9 me acompanham, assim como vice-prefeitos e vereadores. A maioria do PSB está comigo. Vanderlan, na verdade, levou para si a sigla, mas não levou a base. A base não foi com ele e agora é um trabalho dele construir uma nova base. 
Euler de França Belém — O que, aliás, não vai ser nada fácil. O sr. fez o certo, montou sua base antes.
Ele vai ter de fazer a base dele para 2016 agora, porque para o ano que vem não dá mais tempo. Lógico que ele vai criar uma base, mas o forte vai ter de ser pensando em 2016.
Cezar Santos — Voltando a sua pré-candidatura, o sr. está fazendo um trabalho intenso dentro da sua sigla. Mas desde que sua pré-candidatura foi anunciada de forma oficial, houve no PT, o parceiro mais importante do PMDB, um movimento mais forte para lançar um nome próprio. Na segunda-feira, 9, assumiu o novo presidente do PT, Ceser Donizete, e foi lançada a pré-candidatura de Antônio Gomide. Isso não lhe cria dificuldade maior?
Vejo que o PT está certo, dentro do papel dele. Eles têm uma agremiação, um partido e legitimidade para lançar um candidato. Isso não é algo errado, como o PMDB tem legitimidade também e me lançou como candidato. Só que eu entendo que março será quando vamos colocar os nomes dos pré-candidatos na mesa e todos os partidos da aliança de oposição em Goiás vão votar e escolher o candidato que vai sair dessa coligação. Pode ser o Antônio Gomide, pode ser eu ou qualquer outro candidato. O que nós temos de entender é que, no ponto de vista nacional, o PMDB está apoiando o PT na prioridade deles, que é reeleger a presidente Dilma Rousseff. Dentro de Goiás, para a eleição prioritária, o PMDB está contando que o PT venha nos apoiar. Con­tamos com isso. Nacionalmente, a prioridade do PT é maior, e nós já os estamos apoiando. É muito difícil o PMDB abrir mão de ser protagonista da cabeça de chapa, mas se o PT votar para que tenham sua própria candidatura, o que podemos fazer? Nós teremos o primeiro turno dividido e no segundo turno voltamos a unir todos. Para mim, é assim que vai ser, apesar de achar que se nós juntássemos já no primeiro turno as chances de ganhar seriam maiores. Mas isso não quer dizer que vamos perder, de repente vamos para um segundo turno e voltamos à aliança.
Cezar Santos — Será uma guerra em duas batalhas...
Exatamente.
Elder Dias — O sr. acredita então que é possível que haja essa divisão entre PMDB e PT no primeiro turno e depois, no segundo, uma nova união?  
Não é meu gosto. Eu queria que já saíssemos unidos, mas respeito as decisões do PT. Não tem problema nenhum se eles decidirem que Gomide vai sair candidato, renunciando à prefeitura de Anápolis e correndo o risco de largar o mandato com dois anos e nove meses a cumprir para concorrer ao governo do Estado com um risco muito grande de perder a eleição e ficar sem a prefeitura. Tudo isso tem de ser avaliado também. Agora, se o PT decidir por isso, fazer o quê? O PMDB vai sair com a sua candidatura , o PT sai com o candidato dele, o Vanderlan sai com a sua, o governo lança o dele, que até agora não sabemos quem é — dizem que será o governador, mas até agora ele mesmo tem dito que não vai se definir. Eu defendo que as oposições unidas seria algo melhor. Mas corre o risco muito sério de o PT perder o apoio para a presidente Dilma em Goiás. Isso não tem me agradado em nada. Eu já estou ouvindo essa conversa e tentando acalmar os ânimos, isso é a política: para toda ação tem a reação, é uma coisa que eles têm de decidir. Quem tudo quer nada tem. Quer a presidência da República, quer as maiores prefeituras do Estado e quer o governo do Estado? Pode-se ter uma reação muito forte em cima disso.
Cezar Santos — O sr. está dizendo que o PT Goiás tem de criar juízo?
Não é bem criar juízo, mas digo que eles têm de avaliar muito o cenário político e ver quais são as prioridades deles, se é eleger Antônio Gomide a governador ou reeleger a Dilma à Presidência. Eu não tenho nada com o PT, mas, para mim, eu vejo que eles deveriam eleger a prioridade, porque nós do PMDB já estamos resolvidos. Saiu meu nome para pré-candidato e vou trabalhar até o último dia e ir para as eleições. Esse negócio de que Iris Rezende vai voltar — que está sendo colocada uma responsabilidade em cima de mim, que devo crescer nas pesquisas para me viabilizar —, isso não existe. Não é nada disso. Eu já estou me viabilizando, já me considero muito bem nas pesquisas. 
Euler de França Belém — O Ibope realmente mostra o sr. com melhores do que o que aparece na pesquisa do Instituto Fortiori? 
Mostra, sim, com 12%. E vai sair um novo levantamento agora, que eu mandei fazer, pelo Vox Populi, que me mostra ainda melhor do que no Ibope. Cresci mais do que no Ibope e estou mais próximo. Nesta agora, do Ibope, eu e Vanderlan estamos juntos, empatamos. Já na pesquisa do Vox Populi eu estou à frente de Vanderlan. Com o apoio de Iris, quando consolidarmos a união, o PMDB terá 30% dos votos em Goiás. Automaticamente eu largo com 30%, somando o que eu já tenho com o que Iris está me transferindo. 
Isso é um fato, eu recebo do PMDB uma transferência de votos. Vanderlan tem toda a legitimidade para sair candidato também, tem seu compromisso com Eduardo Campos, têm os partidos com que ele vai tentar se juntar. O grande problema dele é que não tem ninguém para transferir votos para ele. Ele tem de crescer sozinho.
Euler de França Belém — Me parece que ele não tem estrutura eleitoral no Estado. Mas, insistindo em um ponto, saiu hoje uma nota a qual diz que o sr. tem de se viabilizar — e o sr. acabou de dizer que não é assim. Como está funcionando isso? Já está definido que Júnior Friboi será o candidato?
Lógico. Sou pré-candidato e estou trabalhando, crescendo nas pesquisas, Iris está participando do processo como conselheiro a partir de uma convocação do partido para que ele venha junto à chapa majoritária.
Euler de França Belém — Mas não houve essa questão de marcar uma data de definição em março?
Não, isso é ficção. Inventaram isso não sei de onde nem quem inventou. Não existe nada em março para o PMDB, apenas para a aliança, onde vamos definir o candidato que vai liderar a aliança de oposição. Isso é uma coisa, não quer dizer que eu tenho até março para viabilizar minha candidatura. Isso não existe.
Euler de França Belém — Mas digamos que em junho o sr. chegue sem estar viabilizado, a sua candidatura permanecerá?
Eu não acredito que isso vá acontecer, até porque hoje eu já estou com 15% das intenções de voto, à frente de Vanderlan. Quando juntar com Iris, pulo para 30%. Como não estarei viabilizado? Não existe isso.
Euler de França Belém — E o sr. acredita que Iris Rezende concorrerá ao Senado nessa chapa?
Acredito que Iris vai atender qualquer chamamento do PMDB. Ele é um ser político, um grande líder, uma espécie de conselheiro do partido. Iris, hoje, seria aclamado senador da República pelo Estado de Goiás. O PMDB inteiro vai indicar que ele saia candidato a senador na chapa majoritária. Ele é um amigo querido que eu tenho, tudo o que está acontecendo dentro do PMDB está sendo combinado entre eu e ele.
Euler de França Belém — Existe também um personagem chamado Ronaldo Caiado. É um político ético, deputado com excelente atuação em Brasília e é quase como Iris, um fiel da balança. O apoio dele é de extrema importância. Caiado tem dificuldades com o sr. por causa da questão da carne, pelo chamado cartel da carne, mas é possível que ele componha com o sr.?
Ronaldo Caiado é um grande líder ruralista. Eu não tenho nada contra ele. Nós, inclusive, já conversamos esses dias e esclarecemos todos os mal-entendidos que tivemos. Não há nenhum problema, até disse para ele que faria um ato de grandeza de procurá-lo para esclarecer qualquer diferença que pudesse haver entre nós. Goiás, na verdade, é o Estado mais contemplado ao ter uma multinacional de agronegócio. É um líder mundial. Falar mal da JBS é falar mal de um filho de Goiás, do agronegócio brasileiro. Então, nós estamos extremamente bem. Eu não tenho nenhum problema com Caiado e respeito todo trabalho que ele tem feito. O problema é com o DEM e não com Caiado. É o problema nacional que eles têm com o PT, com a resolução deles de não estar onde o PT estiver. É um problema nacional, não é meu com ele ou vice-versa. Se ele quiser nos dar um apoio branco, estaremos prontos...
Elder Dias — O sr. acredita que ele possa mesmo fazer um apoio informal? 
Se ele resolvesse por isso seria bom para nós. Eu vou procurá-lo, até porque política se faz com capilaridade, juntando líderes políticos, formadores de opinião, empresários. É assim que se faz e se ganha na política.
Euler de França Belém — O problema do DEM é com o PT, mas se o PT não estiver na sua chapa, facilita uma aliança?
Com certeza melhoraria, aí ele viriam sem problema algum. Ronaldo Caiado não tem problema com o PMDB. Se o PT lançar um candidato próprio, isso abre as portas para o DEM entrar.
Elder Dias — Seria um potencial candidato a vice?
Para mim poderia ser, sem problema nenhum. Mas essa decisão dependeria dele, de uma decisão solitária do próprio Ronaldo Caiado.
Elder Dias — E quem seria o vice ideal para o sr.?
Euler de França Belém — Alguém do PT?
Se hoje nós entendermos que o PT está junto, o partido poderia escolher alguém para a vice-governadoria. Mas eu não tenho nenhum nome específico, todos os nomes do PT são muito bons. Se Antônio Gomide quiser deixar a prefeitura de Anápolis, ou Humberto Aidar, ou outro ainda, são grandes nomes. Outro nome que eu também poderia citar é o do reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, recém-filiado ao partido.
Pré-candidato do PMDB ao governo, Júnior Friboi, em entrevista a editores e repórter do Jornal Opção: “O barulho na mídia foi muito maior do que os problemas que realmente existiam na Delta”
Euler de França Belém — Voltando a uma questão que tínhamos deixado um pouco de lado, sobre o que vai ser usado na campanha. O grupo de Marconi Perillo, quando terminar 2014, completará 16 anos no poder. Em 1998, Marconi se fez governador basicamente criticando os 16 anos de poder do PMDB. Desses 16 anos de poder, 12 foram só de Marconi. Os outros 4 anos, de Alcides, foram decisivos para ele se eleger novamente. Se Marconi vencer novamente em 2014, serão 20 anos no poder. Como isso vai ser discutido por vocês? Isso vai ser um fator na campanha?
Primeiro, queria deixar claro que Marconi é um político profissional. Eu acredito que ele trabalha sobre pesquisa, sobre números e sabe perfeitamente como ele ganhou as eleições. A história é cíclica, se repete. Ele chamou o Iris de “coronel”, mas se ele tentar o governo novamente será um coronel também. Outra coisa que ele alegou é que Iris fazia panela, mas na campanha de Marconi terá de ser usado um caldeirão para suportar a quantidade de gente que ele tem de colocar. Tem muita gente para encher o caldeirão dele. Na época, ele falou também que seria um “Tempo Novo”. Esse tempo agora ficou velho, não tem nada de novo mais. O que ele vai continuar a dizer? A história se repete, não adianta.
Euler de França Belém — Eu gostaria que o sr. nos ajudasse a entender porque o grupo de Iris e o PMBD perderam quatro eleições para Marconi. Qual o motivo?
Minha visão, ainda sem estar envolvido no processo, é simples. Na primeira eleição de Marconi, Iris perdeu porque o povo queria alternância, como quer agora. Quando existe essa necessidade de alternar na população, ninguém segura e acabou. Não existe essa história de que a mídia vai promover o governo, que ele está com a máquina na mão. Ele pode estar com o que quiser na mão que perde a eleição, se existir essa necessidade de alternância. Esse é o primeiro ponto. Na segunda eleição, o PMDB perdeu porque o povo queria a continuidade: tinham acabado de eleger uma chapa de governo. Estava bom, não queriam mais mudanças. Depois, perdeu mais uma vez, para o dr. Alcides Rodrigues. Se o PMDB naquele momento tira Iris ou Maguito e lança alguém novo, teria ganhado a eleição pelo mesmo motivo da alternância. Mas voltaram à mesma história. 
Cezar Santos — Então em 2010 cometeram o mesmo erro de insistir com o Iris?
O mesmo erro. E acabaram perdendo outra vez. Insisto que, se o PMDB tivesse surgido com algo novo, teria ganhado. A chapa de Marconi já era para ter perdido na eleição de Alcides.
Euler de França Belém — Então o sr. acredita que o povo votou no Marconi por exclusão?
Na cabeça das pessoas sim, eu entendo que precisa existir uma alternância, isso é um fato primordial que as pessoas buscam, renovação, oportunidade, ideias e debate. Dar oportunidade a outras pessoas, porque esse negócio de muitos anos no poder fadiga. A sensação que eu percebo, hoje, no povo é que nós estamos em uma ditadura provinciana, governada para poucos e não para a maioria. Eles se sentem em uma forma em que o Estado é deles, de poder daqueles que estão governando e não do povo. Não tenho medo de falar isso. E prestem atenção no que o PMDB está fazendo: renovando vereadores, prefeitos, executiva. Trouxe nomes importantes para o quadro de eleições para disputar o governo, vagas de deputado federal e estadual. O PMDB saiu na frente, foi o único partido que deu grande demonstração de que não perde mais eleição por falta de renovação. O partido tem feito seu dever de casa e está pronto para assumir o governo do Estado.
Cezar Santos — O sr. fez uma crítica ao dizer que hoje se vê em uma ditadura provinciana. Mas o sr. fez parte desse agrupamento político quando foi secretário de governo.
Não cheguei a ser, não. Eles me convidaram, mas não cumpriram com a palavra. Tanto é ditadura que me convidaram e eu disse que iria, sem remuneração, como presidente do PromoGoiás. Não cheguei nem a tomar posse e desmancharam o conselho, porque se sentiram ameaçados pela minha presença. Não falaram mais comigo e eu não pude desenvolver o projeto. Estou extremamente decepcionado.
Cezar Santos — O que não foi cumprido com o sr.?
Não me deram a condição de presidir o PromoGoiás. Nós montamos um conselho de empresários, mas o governo se sentiu ameaçado e não deu seguimento ao projeto. O governador me exonerou do cargo porque se sentiu ameaçado com minha presença no conselho.
Elder Dias — Que ameaça o sr. representava para o governador? Isso foi falado diretamente com o sr.?
Não precisava nem ser falado. A forma com que foi conduzido o processo deixou notório. Como convidam um empresário para trabalhar no governo e não dão nenhuma sustentação para a pessoa? Na verdade eu tenho andado pelos municípios pedindo desculpa por ter acreditado nesse governo. Estou extremamente decepcionado com o que aconteceu e não digo isso só porque sou pré-candidato ao governo. Como goiano, como brasileiro, como cidadão e empresário, estou decepcionado.
Cezar Santos — Se o sr. se viabilizar e sair candidato, vai usar o berrante na campanha?
O berrante é uma tradição de nosso Estado. Como no Rio de Janeiro tem o pandeiro, na Bahia tem o berimbau, no Rio Grande do Sul, o chimarrão. É uma das raízes do Estado, não tenho vergonha de usar isso, não. Eu sou goiano da raiz e o som do berrante é muito bonito. Eu trabalhei muito na minha vida, fui peão tocando gado na estrada, capataz de boiada, ou seja, isso para mim é orgulho. Por que não usar esses elementos?
Elder Dias — Qual vai ser o nome adotado na campanha? Júnior Friboi, mesmo? Porque alguns veículos de comunicação resistem em usar seu nome por questão de propaganda. 
Vou adotar o Júnior Friboi, mesmo. Não existe isso de estar fazendo propaganda. Inclusive nas pesquisas colocam José Batista Júnior. Mas as pessoas não me conhecem assim, então tem de colocar Júnior Friboi.
Cezar Santos — É uma tática deliberada do jornal “O Popular”, do Grupo Jaime Câmara, para minar seu nome?
Lógico que é! (enfático) Inclusive isso veio a pedido do governo, eu não tenho dúvida disso. Meu nome na campanha não é José Batista Júnior, meu nome político é Júnior Friboi. Então, que ponham assim. É tendencioso isso, a imprensa precisaria fazer as coisas de maneira não tendenciosa. Isso é muito ruim.
Elder Dias — E Júnior de Goiás, que o sr. chegou a pensar?
Eu nunca pensei nisso. É que me interpretaram mal, eu disse na minha filiação que eu sempre tinha sido Júnior Friboi, agora também seria Júnior de Goiás. Não que este seria meu nome, o que eu disse é que eu deixava de ser apenas “do Friboi” para ser “de Goiás”. Foi a forma com que eu falei, mas colocaram como se eu estivesse querendo mudar meu nome. Mas foi até bom, porque começaram a falar “Júnior de Goiás” e o povo começou a pedir que eu não trocasse o nome. Já foi uma pesquisa qualitativa sem eu precisar pagar nada.
Frederico Vitor — O sr. estaria preparado para uma campanha pesada, com críticas a todo momento, fogo cruzado mesmo? E outra questão: é verdade que o sr. contratou o marqueteiro Duda Mendonça para fazer sua campanha?
Estou preparado sim, até porque o que não é verdade não me atinge. As críticas e inverdades vão ser respondidas nas urnas. Aquilo que não é verdade não me preocupa. A realidade supera as inverdades. Estou extremamente tranquilo quanto a isso. Sobre Duda Mendonça, eu o contratei para fazer um diagnóstico do Estado, com duas pesquisas. Uma qualitativa e uma quantitativa, pelo Vox Populi. Ele vai me dar o resultado do que são meus pontos fortes e meus pontos fracos, a rejeição do governador, a intenção de voto, a velocidade em que posso crescer. Contratei-o para isso, para me dar um diagnóstico. Depois disso, eu quero sentar com Duda e falar sobre a campanha. A intenção é contratá-lo, sim, para que ele possa coordenar a parte de marketing da campanha. Mas não só ele, também os grandes profissionais que têm em Goiás. Eu quero prestigiar o setor aqui no Estado também, aqueles que conhecem o nosso povo. Nós vamos fazer um mix entre Duda e outros profissionais do Estado. 
Frederico Vitor — O sr. falou agora há pouco que a JBS é um filho de Goiás, representa o nosso Estado para o mundo inteiro. Por que ela não incentiva e patrocina a iniciativa dos esportistas goianos, um time de futebol, vôlei ou basquete?
Isso é uma estratégia do conselho. A JBS é muito focada dentro de produtos, da área de marketing. Nós nunca fomos focados em patrocinar futebol, mas a marca Seara, que nós incorporamos, vai patrocinar a Copa do Mundo. Mas o que o conselho pensa, e cada um tem sua maneira de pensar, é que no futebol a equipe uma hora está bem, em outra está mal. Como colocar nossa marca, que é vencedora, investir dinheiro em um time que amanhã pode estar mal no cenário nacional? Não dá para acertar no time que vai estar ganhando para elevar sua marca. E outra coisa, se você começa a patrocinar um time de Goiás, ele fica em evidência nacionalmente, as outras equipes também vão querer e nós não temos condições de atender a todos. Por isso, nós achamos por bem investir mais no fortalecimento na marca em nível nacional, falando da qualidade e dos produtos, como hoje virou um hit nacional, pegou em todo o Brasil a frase de Tony Ramos [ator da Rede Globo e que protagoniza comerciais da JBS-Friboi].
Elder Dias — Qual o vínculo do sr. hoje com a JBS?
Eu vendi minhas ações e deixei de ser acionista controlador da companhia para ser acionista investidor. É uma empresa de capital aberto, então transferi minhas cotas em ações e saí do executivo e do conselho da JBS. Hoje eu sou acionista comum.
Elder Dias — Qual sua porcentagem nas ações?
Eu não sei dizer precisamente, teria de ver o volume na bolsa para então transformar em real. É uma conta que não dá para se fazer assim.
Elder Dias — É verdade que o sr. recebeu um valor aproximado de R$ 10 bilhões ao deixar o conselho da empresa?
Não, nada disso. É conversa, isso não existe.
Elder Dias — As empresas do grupo vão estar na sua campanha de alguma forma?
Lógico. Mas não é a empresa que vai estar, é a minha família. Quando dizem que meus irmãos não me apoiam, não tem nada disso. Não é verdade. Eu não faria um projeto desses se não estivesse em acordo com a família. 
Elder Dias — Por que falam isso? Inventam?   
Inventam. Eu não sei de onde que sai isso. Para mim, isso sai de dentro do governo. As mentiras começam a sair de lá para poder plantar discórdia, porque são nossos adversários. Os meus irmãos me apoiam e estarão juntos na campanha — eu digo a família, não a empresa. 
Elder Dias — Existe um processo na Receita Federal sobre uma sonegação de imposto da JBS. Como que está essa situação?
Não existe nada de Receita Federal. Hoje, nós estamos discutindo na Secretaria da Fazenda de Goiás alguns autos de infração que aconteceram na época de exportação, quando o governo deu um incentivo para as empresas goianas exportarem e depois cancelou esses incentivos. Então, estabeleceram-se alguns autos, em que parte deles são dívidas que nós fizemos quando compramos o Frigorífico Bertin. E não é nada vencido, nada transitado em julgado, não tem nada vencido dentro do Estado. Está sendo julgado. Não é só a JBS, qualquer empresa que for autuada tem o direito de se defender e é isso que estamos fazendo. É na esfera estadual, não existe nenhum problema com a Receita Federal. Se tiver alguma coisa com a Receita, pode ter certeza de que está sendo paga, mas não tem nada vencido ou que não esteja sendo pago. Além do mais, a JBS não pode deixar uma conta para trás, porque é de capital aberto, é uma empresa pública de capital aberto que não pode deixar nenhuma pendência na Justiça. Não é verdade que tem problema de débito, nós estamos em meio a algumas ações perante o Estado de Goiás e quitando situações que possam existir na Receita Federal.
Elder Dias — Uma das grandes preocupações do mundo é a sustentabilidade. A JBS, como empresa líder no cenário nacional de proteína animal, tem sido contestada por algumas atividades. Esse ano, o Greenpeace acusou a JBS de usar carne de fazendas irregulares da Amazônia. Isso existe?
Existe. Nós fizemos um termo de ajustamento de conduta com o Greenpeace e compramos  um sistema que identifica áreas que estão bloqueadas. Não compramos nenhum rebanho de áreas proibidas. A JBS hoje toma um cuidado muito grande com isso e esse problema é só no Pará, nas quatro unidades que compramos lá. Nós temos uma vigilância permanente lá em função desse termo. Quando nós assumimos o Bertin, incorporamos essas unidades no Pará. Isso já estava em andamento no processo contra o Bertin. Com a incorporação da empresa pela JBS, essas responsabilidades passaram a ser nossas. Imediatamente resolvemos isso. Não temos nenhum problema com o Greenpeace e temos uma responsabilidade ambiental muito grande. Uma das coisas que mais nos preocupa é que temos acionistas americanos e europeus, que batem em cima dessa tecla.
“Se eu for eleito, vou tirar as OSs dos hospitais” 
Elder Dias — Em Goiânia ainda há aquele frigorífico na Vila Mutirão em local proibido. A empresa pretende mudá-lo de lugar?
Sim. Hoje nós estamos investindo em equipamentos que vão minimizar os odores, porque o problema é maior na época de chuva, quando precipita e vai para as lagoas em decantação. O problema é apenas o odor, não está poluindo o rio nem nada. Nós já estamos arrumando os equipamentos, e amenizando muito o odor para não incomodar a comunidade. Nós compramos um frigorífico lá de Inhumas, que era da Cotril. Há agora um projeto para fechar aquela fábrica da Vila Mutirão e passar a abater em Inhumas, mas essa fábrica de Goiânia é habilitada pela comunidade europeia para exportação, e a de Inhumas não é. Nós então precisamos habilitar a nova, de Inhumas, aumentá-la, para depois transferir tudo para lá.
Elder Dias — Há previsão de quanto tempo?
Isso eu não sei, mas acredito que nos próximos três anos poderemos transferir as atividades para lá.
Frederico Vitor —Kátia Abreu, senadora por seu partido no Tocantins, faz duras críticas à JBS. Ela critica o cartel de carnes e a publicidade da Friboi, que sugeriria que a carne dos outros frigoríficos seriam ruins. Isso procede?
Eu respeito a senadora, mas ela não é coerente. Campanha de televisão cada um faz a sua, nós estamos fazendo a nossa. Não estamos falando que as outras carnes sejam ruins, só valorizando a nossa marca.
Euler de França Belém — Inclusive, ela falou que vai contratar o Pelé para fazer propaganda para as demais carnes e falar que são melhores que a Friboi.
Ótimo ela fazer isso! Ela vai fazer isso com dinheiro da CNA [Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil], nós fizemos com o do próprio Friboi. Que os outros façam também, é bom para o Brasil. Mas não se pode misturar uma coisa com outra, não estamos denegrindo a carne brasileira, estamos fortalecendo a nossa marca, até porque o Brasil nunca esteve tão bem representado em relação à proteína animal como agora. Fomos para os EUA, abrimos nosso capital, estamos fazendo campanha publicitária e estimulando o consumo de carnes inspecionadas para evitar doenças e uma série de coisas. A carne brasileira está sendo valorizada com os investimentos altíssimos que nós estamos fazendo. A senadora está fazendo o papel dela, como presidente da CNA, de defender os produtores. Do ponto de vista da CNA ela pode estar certa, mas de mercado, não.
Euler de França Belém — Procede que o BNDES emprestou mais dinheiro à JBS do que ao governo de Goiás?
O BNDES é acionista da companhia. Fez investimentos e comprou ações e está ganhando dinheiro dada a valorização dessas ações. O BNDES também financiou parte da construção da indústria de celulose que nós construímos lá em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Ela financiou e vamos abrir o capital da companhia para transformar dívidas em ações. 
Euler de França Belém — Em termos de valores ela investiu R$ 10 bilhões no grupo? 
É verdade. A intensão é que ela invista R$ 20 bilhões, R$ 30 bilhões, porque geraria empregos e aumento da capacidade industrial do Brasil. Está quebrando paradigmas não só para JBS, mas para o Brasil inteiro.
Euler de França Belém — Na JBS o BNDES tem maior porcentagem?
Não só na JBS, mas em outras empresas também. Lá no banco é assim, qualquer hora que você quiser comprar parte das ações, você compra também, não há problema nenhum. Se você quiser comprar todos os 31%, você compra. Polemizaram esse negócio da JBS com o BNDES eu não sei por que nem como nem para quê. Isso é intriga. 
Euler de França Belém — De quanto que é o faturamento da empresa?
É de R$ 120 bilhões por ano. 
Euler de França Belém — Quantos empregados?
Temos 215 mil empregados no mundo todo, em todos os continentes.
Euler de França Belém — A rede de intrigas que não é só no meio da política, mas no meio empresarial também. Falam que Henrique Meirelles é como um interventor na holding. Isso é verdade?
Isso é mentira. Henrique é um executivo da companhia e está fazendo um belo trabalho. Também é presidente do Banco Original [instituição financeira do conglomerado JBS]. Não tem absolutamente nada disso, ele presta um trabalho extraordinário no ponto de vista de credibilidade e reestruturação da empresa. É um excelente gestor. Não tem nada disso, pura conversa fiada. 
Euler de França Belém — Numa empresa privada, não se pode pegar 70% da receita para pagar folha de empregado. O Estado tem mais de 6 milhões de habitantes e ninguém quer enfrentar o problema da folha de pagamento para 150 mil servidores. Se o sr. for eleito governador, como enfrentará o problema da folha?
Eu queria apenas falar para vocês que nós vamos enfrentar na forma correta. Até porque precisamos ter alguém com coragem de fazer um choque de gestão, alguém pensando em governar o Estado e não em ter o poder. Um governo estadista, não populista. Vamos rever sobretudo todos os quadros do Estado para colocar as pessoas certas nos lugares certos. Vamos qualificar as pessoas e prestar o melhor serviço à comunidade, capacitando e valorizando as pessoas, pagando o preço de mercado. Igual a uma empresa. Esse governo que está aí hoje não vai fazer isso. Ele está fora da Lei da Res­ponsabilidade Fiscal (LRF) e agora vai ter de demitir. 
Euler de França Belém — Em Goiás, na área da saúde, há organizações sociais (OSs) atuando em hospitais. Se o sr. for eleito, vai retomar isso para o setor público?
Saúde, educação e segurança são serviços que o Estado precisa gerenciar e tomar conta, não pode terceirizar. O Estado precisa colocar esse sistema para funcionar com eficiência. Não sou de acordo com as OSs. Vejo que nelas há um campo muito grande para se fazer “rolo”. Sou de acordo em privatizar o sistema prisional, privatizar estradas. Sou a favor, desde que o Estado entregue a estrada do jeito que está originalmente e que a empresa concessionária a arrume antes. Agora, fazer como o atual governo, que arruma as estradas que são artérias de Goiânia com o dinheiro do BNDES para depois passar para a iniciativa privada com o dinheiro do povo, para nós depois pagarmos pedágio? Vamos sofrer muito para pagar essa dívida. Se quiserem colocar pedágio, paguem o que foi gasto na estrada. Aí, sim, podem cobrar o pedágio. 
Euler de França Belém — Se Marconi colocar pedágio nas estradas recuperadas, duplicadas e reformadas e o sr. vir a ser eleito, vai cancelar tudo?
Vou cancelar tudo, porque isso é uma desonestidade com o dinheiro do povo. Não aceito isso, vou cancelar tudo se eu for eleito governador. 
Elder Dias — E o que o sr. diz sobre a licitação do VLT? 
Aí temos de ver duas coisas. Primeiro, todos os contratos do transporte coletivo não deveriam ter concessões. Sou a favor do livre comércio. Menor preço, melhor serviço. Eu penso assim e ponto. Sobre o VLT acho que o que tiver para se fazer, que se faça da forma correta. Precisa ver quem está entrando na licitação. Se tiver entrando empresas com cartas marcadas, eu também não concordo. 

Fonte:Jornal Opção

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