Alternativa
Composto que substitui o amianto é desenvolvido por pesquisadores da USP
Confecção do material foi a estrutura de materiais naturais como o bambu, mas a base da nova substância são as fibras sintéticas em pequena quantidade, o que reduz o preço de mercado
Ketllyn Fernandes
Um novo material contendo as mesmas particularidades e desempenho do amianto foi desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O composto, que consegue a mesma qualidade das telhas e demais produtor de amianto, reúne quantidade reduzida de fibras sintéticas, portanto é mais barato.
A base de inspiração para a confecção do material foi a estrutura de materiais naturais como o bambu e conforme o autor do estudo, Cleber Marcos Ribeiro Dias, chegou-se a testar fibras vegetais, “mas elas não têm durabilidade muito boa”, tendo sido então testadas as fibras sintéticas. “As fibras sintéticas foram empregadas, mas com desempenho inferior às de amianto. Desenvolvemos algo que reduz o emprego de fibras sintéticas sem alterar o desempenho da telha”, explicou o pesquisador.
Testes em escala comercial do novo composto já foram feitos e os pesquisadores pediram uma patente com a participação de duas empresas que contribuíram com a pesquisa. O estudo foi feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a pesquisa foi desenvolvida no projeto Cimento-Celulose, elaborado pelos professores Holmer Savastano e Vanderley John, da Poli-USP.
Se ganhar o mercado e vir a substituir o amianto, o novo material colocará fim ao impasse quanto os prejuízos à saúde ocasionados pela substância e seu valor comercial. Tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3937, ajuizada em 2007 pela CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), que questiona a constitucionalidade da Lei 12.648/2007, do Estado de São Paulo, que proíbe o uso naquele estado de qualquer produto, material ou artefato a base de amianto ou asbesto. Tendo em vista a polêmica em torno da questão, a Suprema Corte realizou no final de 2012 audiências públicas sobre o tema. O julgamento encontra-se suspenso no STF.
A base de inspiração para a confecção do material foi a estrutura de materiais naturais como o bambu e conforme o autor do estudo, Cleber Marcos Ribeiro Dias, chegou-se a testar fibras vegetais, “mas elas não têm durabilidade muito boa”, tendo sido então testadas as fibras sintéticas. “As fibras sintéticas foram empregadas, mas com desempenho inferior às de amianto. Desenvolvemos algo que reduz o emprego de fibras sintéticas sem alterar o desempenho da telha”, explicou o pesquisador.
Testes em escala comercial do novo composto já foram feitos e os pesquisadores pediram uma patente com a participação de duas empresas que contribuíram com a pesquisa. O estudo foi feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a pesquisa foi desenvolvida no projeto Cimento-Celulose, elaborado pelos professores Holmer Savastano e Vanderley John, da Poli-USP.
Se ganhar o mercado e vir a substituir o amianto, o novo material colocará fim ao impasse quanto os prejuízos à saúde ocasionados pela substância e seu valor comercial. Tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3937, ajuizada em 2007 pela CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), que questiona a constitucionalidade da Lei 12.648/2007, do Estado de São Paulo, que proíbe o uso naquele estado de qualquer produto, material ou artefato a base de amianto ou asbesto. Tendo em vista a polêmica em torno da questão, a Suprema Corte realizou no final de 2012 audiências públicas sobre o tema. O julgamento encontra-se suspenso no STF.
O amianto
Trata-se de uma substância em relativa abundância na natureza, extraída fundamentalmente de rochas, que por suas características fisioquímicas, como alta resistência mecânica e a ataques ácidos, qualidade isolante, flexibilidade, durabilidade, baixo custo, entre outros aspectos, tem sido largamente usada na indústria – para confecção, por exemplo, de caixas d’água, canos e mistura para cimento, além da famosa telha Eternit.
Entretanto, 58 países já proibiram o uso do amianto. Com o tempo, observou-se que pessoas que mantém contato próximo com a substância apresentam problemas de saúde, que posteriormente resultam em doenças graves, todas relacionadas de alguma forma às vias respiratórias, como o câncer de pulmão.
Existem controvérsias científicas, por assim dizer, sobre o amianto. Algumas vertentes de pesquisas alegam que qualquer substância oriunda do produto é perigosa, enquanto outras defendem que somente o tipo branco é cancerígeno. Porém, é justamente o tipo branco um dos mais utilizados. O Brasil está entre os principais exportadores, junto com o Canadá e a Rússia. Dentre os consumidores estão a China e a índia.
Dois dirigentes do grupo suíço Eternit – produtora de coberturas - foram condenados no início deste ano a 16 anos de prisão pela morte de três mil pessoas pela exposição ao amianto. O fato acarretou uma série de processos na Europa. Ativistas e vítimas de todo o continente, que há anos lutam por justiça e indenização, esperam que essa decisão inédita abra caminho para outras condenações.
Trata-se de uma substância em relativa abundância na natureza, extraída fundamentalmente de rochas, que por suas características fisioquímicas, como alta resistência mecânica e a ataques ácidos, qualidade isolante, flexibilidade, durabilidade, baixo custo, entre outros aspectos, tem sido largamente usada na indústria – para confecção, por exemplo, de caixas d’água, canos e mistura para cimento, além da famosa telha Eternit.
Entretanto, 58 países já proibiram o uso do amianto. Com o tempo, observou-se que pessoas que mantém contato próximo com a substância apresentam problemas de saúde, que posteriormente resultam em doenças graves, todas relacionadas de alguma forma às vias respiratórias, como o câncer de pulmão.
Existem controvérsias científicas, por assim dizer, sobre o amianto. Algumas vertentes de pesquisas alegam que qualquer substância oriunda do produto é perigosa, enquanto outras defendem que somente o tipo branco é cancerígeno. Porém, é justamente o tipo branco um dos mais utilizados. O Brasil está entre os principais exportadores, junto com o Canadá e a Rússia. Dentre os consumidores estão a China e a índia.
Dois dirigentes do grupo suíço Eternit – produtora de coberturas - foram condenados no início deste ano a 16 anos de prisão pela morte de três mil pessoas pela exposição ao amianto. O fato acarretou uma série de processos na Europa. Ativistas e vítimas de todo o continente, que há anos lutam por justiça e indenização, esperam que essa decisão inédita abra caminho para outras condenações.
Impacto em Goiás
Mas os possíveis resultados do estudo da Poli-USP vão de encontro aos interesses econômicos de Goiás, especificamente do município de Minaçu (a 536 km de Goiânia) e da empresa Sama/Eternit, cuja sede é na cidade goiana. A empresa é atualmente uma das principais fontes de renda de Minaçu, devido ao grande número de funcionários. O município, por sua vez, é o principal fornecedor de amianto para São Paulo, logo, a proibição por parte do STF ou um produto que substitua o amianto a baixo custo resultará em grandes perdas na arrecadação de impostos de Minaçu.
Mas os possíveis resultados do estudo da Poli-USP vão de encontro aos interesses econômicos de Goiás, especificamente do município de Minaçu (a 536 km de Goiânia) e da empresa Sama/Eternit, cuja sede é na cidade goiana. A empresa é atualmente uma das principais fontes de renda de Minaçu, devido ao grande número de funcionários. O município, por sua vez, é o principal fornecedor de amianto para São Paulo, logo, a proibição por parte do STF ou um produto que substitua o amianto a baixo custo resultará em grandes perdas na arrecadação de impostos de Minaçu.
Fonte:Jornal Opção
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