O Silêncio que Persiste: Por que as mulheres vítimas de violência têm medo de denunciar seus agressores? (Foto: Reprodução/FreePik)
O silêncio que persiste: Um olhar profundo sobre os motivos por trás do temor que impede a busca por justiça de vítimas de violência
A violência contra mulheres é um problema global, mas um fenômeno que continua a intrigar muitos é por que tantas vítimas têm medo de denunciar seus agressores. Apesar dos avanços na conscientização sobre a importância de denunciar esses crimes, o silêncio persiste, e compreender as razões por trás desse medo é essencial para criar um ambiente mais seguro e propício para a busca por justiça.
Uma das razões fundamentais para o medo de denunciar agressores é o estigma associado à violência, não apenas doméstica, mas a violência contra a mulher como um todo. As mulheres muitas vezes se sentem envergonhadas e culpadas pelo que aconteceu, mesmo que não tenham feito nada para provocar a agressão. Esse estigma pode ser exacerbado pela sociedade, que às vezes tende a culpar a vítima ou questionar sua credibilidade.
O sistema legal nem sempre é visto como um aliado pelas vítimas de violência. Muitas mulheres temem que não serão acreditadas, que serão revitimizadas durante o processo judicial ou que o agressor será apenas temporariamente detido e, em seguida, voltará a persegui-las. Esses medos podem desencorajar as denúncias.
A falta de recursos e apoio adequados para as vítimas é outra barreira significativa. Muitas comunidades carecem de abrigos de emergência, aconselhamento psicológico acessível e serviços de apoio à vítima. Sem esses recursos, as mulheres podem se sentir desamparadas e sem opções.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo DataSenado em 2021, 75% das mulheres agredidas por homens têm medo de denunciar seus agressores. Esse medo pode ser justificado por diversos fatores, como:
Medo de retaliação: A vítima pode temer que o agressor se vingue caso ela ou a denúncia.
Dependência financeira: Muitas mulheres dependem financeiramente do agressor e temem ficar sem recursos caso o denunciem.
Vergonha e estigma: A sociedade vítima pode sentir vergonha de expor sua situação e temer ser julgada ou estigmatizada pela
Falta de confiança na justiça: Algumas mulheres não acreditam que a justiça irá examiná-las ou punir o agressor.
O impacto da violência na decisão do denunciante
A violência sofrida pela vítima também pode afetar sua decisão de denunciar ou agressor. Segundo uma pesquisa DataSenado de 2009, dentre as 160 entrevistadas que sofreram violência, apenas 28% denunciaram o agressor. Isso pode ser explicado por fatores como:
Trauma: A violência pode deixar uma vítima traumatizada e com medo de reviver a situação ao denunciar ou agressor.
Culpa e autoestima: A vítima pode se sentir culpada pela violência sofrida e ter sua autoestima abalada, dificultando a decisão de denunciar ou agressor.
Isolamento social: A violência pode levar uma vítima a se isolar socialmente e não ter acesso a informações sobre seus direitos e como denunciar ou agressor.
A importância da denúncia
Apesar dos diversos fatores que podem levar as mulheres vítimas de violência a não denunciarem seus agressores, é importante ressaltar que a denúncia é fundamental para proteger a vítima e prevenir a violência.
Denunciar o agressor pode levar à proteção e afastamento da vítima, além de permitir que a vítima tenha acesso a serviços de proteção e apoio.
É importante que a sociedade e as instituições públicas trabalhem para garantir que as mulheres vítimas de violência se sintam seguras, de forma humanizada e reforçadas ao denunciar seus agressores. Campanhas sobre violências contra mulher devem ser constantes.
Formas de denunciar
A Central de Atendimento à Mulher, conhecida como Ligue 180, oferece um suporte atencioso e especializado às mulheres que enfrentam situações de violência. Este serviço tem como função principal registrar e encaminhar denúncias de violência contra mulheres para as autoridades competentes, além de receber reclamações, sugestões e elogios relacionados ao funcionamento dos serviços de apoio.
Além disso, o Ligue 180 fornece informações cruciais sobre os direitos das mulheres, incluindo a orientação sobre os locais de atendimento mais apropriados para cada caso, tais como a Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referência, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
É importante destacar que o serviço está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana, e as ligações são gratuitas. Qualquer pessoa que ligue para o Ligue 180 para relatar casos de violência contra a mulher receberá assistência.
A Casa da Mulher Brasileira é um projeto governamental essencial que oferece apoio a mulheres em situação de violência, apesar de ainda haver poucas pelo país. Ela envolve uma equipe de acolhimento e triagem para encaminhar mulheres aos serviços necessários.
Isso inclui uma delegacia especializada, juizados/varas especializados, promotoria especializada, defensoria pública, suporte à autonomia econômica, deslocamento para outros serviços da rede, serviços de saúde, acolhimento para crianças e abrigamento temporário em casos de risco iminente de morte. A Casa proporciona um apoio abrangente e vital para mulheres em situações vulneráveis.
Dentro das iniciativas privadas, uma das mais significativas envolve o aplicativo 99 Pop, que iniciou um programa de oferecer corridas gratuitas até as Delegacias da Mulher. Essa medida visa encorajar as vítimas a buscar auxílio e funciona de forma simples por meio da própria plataforma: a mulher solicita o motorista com destino à delegacia.
Para utilizar esse serviço disponibilizado pela 99, basta inserir o destino como "Delegacia da Mulher" ou o endereço da delegacia mais próxima, que pode ser encontrado no site da empresa. Além disso, o aplicativo oferece descontos de R$ 20 por viagem, o que pode tornar a corrida gratuita se o valor total for igual ou inferior a esse montante. Cada CPF pode usufruir desse benefício até quatro vezes. Essa iniciativa do aplicativo contribui significativamente para facilitar o acesso das mulheres em situação de violência às Delegacias da Mulher, promovendo o suporte e a segurança que elas necessitam em momentos críticos.
Fonte: https://www.dm.com.br/
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