Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela UnB e diretor de pesquisas políticas do Instituto FSB.
Feito o aparte, pelo qual aviso que aceito qualquer crítica a esta avaliação, considero que os primeiros cem dias do governo Rollemberg, se não foram brilhantes, podem ser avaliados como promissores pela perspectiva de inovação que as pessoas que compõem a sua equipe desperta.
O início da nova gestão está sendo ditado pelo legado do seu antecessor, para o bem e para o mal. A situação financeira precária comprometeu a capacidade de pagamento e indispôs o governador com parte dos funcionários públicos, algo que costuma ser fatal. No entanto, por outro lado, a mesma crise fomentou entre os brasilienses um sentimento de tolerância que dá certo conforto a Rodrigo até que ele “arrume a casa” (mesmo que a paciência tenha limite curto).
É importante considerar a crise local como variável determinante deste ciclo político pois, como ela veio acompanhada de uma crise nacional que não tem solução no curto prazo, é bom que se esqueça o modelo de gestão baseado em “grandes obras” ou no paternalismo generoso. Sem muitas chances de inaugurações monumentais, Rodrigo tem o desafio de reinventar o estereótipo do gestor bem sucedido, aproveitando bem o que Brasília tem.
A narrativa ensaiada na campanha é a mudança do foco das obras para a qualidade dos serviços prestados. O caminho é o uso do único capital abundante disponível hoje em dia: gente capaz e motivada. Nesse sentido, o ponto forte dos cem primeiros dias foi a retomada da parceria entre o GDF e as organizações acadêmicas, classistas e empresariais que se dispuseram, de forma direta ou por meio de parcerias, a colaborarem com a nova gestão.
Não se trata de retórica. A redução em tempo recorde da taxa de criminalidade é um belo sinal da oportunidade de mudança de paradigma que hoje parece possível. Uma máquina estrategicamente orientada, bem preparada e equipada pode permitir um salto de qualidade na forma como governo e sociedade se relacionam no DF.
É muito importante que a fórmula encontrada na Segurança seja replicada urgentemente nas outras áreas, em especial na Saúde e no Transporte, dentro de um paradigma de inovação institucional e modernização da governança. A meu ver, reside aí as maiores possibilidades de contribuição do governo Rodrigo Rollemberg para história de Brasília.
Fonte: Fato Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário