domingo, 22 de julho de 2012


Wilson Silvestre
Estratégia petista quer desidratar o PMDB do vice Tadeu Filippelli
Fotos: Jornal Opção
Vice-governador do DF, Tadeu Filippelli: o que será do PMDB em 2014?
Sempre é bom repetir o chavão de que “em política não existe cedo demais e sim tarde demais” para entrar num jogo de disputa pelo poder, tanto legislativo quanto executivo. Talvez esta seja a bússola que move os partidos políticos no Distrito Federal, única unidade da federação onde eleições só ocorrem de quatro em quatro anos. Mesmo assim ou talvez por isso mesmo, as forças políticas regional conspiram o tempo todo numa espécie de jogo agitado para identificar quem pode ser o novo líder que irá enfrentar o atual mandatário da cadeira do Buriti.

Os partidos tradicionais como o PMDB e PT, outrora rivais, hoje andam de mãos dadas em nome de um “Novo Caminho” para o Distrito Federal. As demais siglas não passam de coadjuvantes e, por isso mesmo, ensaiam formar blocos de alianças visando uma fatia do bolo do poder. Até aí, normal na vida partidária brasileira, o problema começa a desandar quando a estratégia das alianças ameaça o principal aliado de quem está no poder. No caso, o PMDB.

Não é segredo para os agentes políticos e o eleitor do DF, que o PMDB foi o principal vetor da vitória do governador Agnelo Queiroz em 2010. A aliança com o ex-rorizista Tadeu Filippelli foi a principal arma que o PT tinha para combater os adversários Joaquim Roriz de um lado e o grupo de José Roberto Arruda que, mesmo estraçalhado pelo escândalo da Caixa de Pandora, podia influir no resultado. Esta é a história. Como nada dura para sempre, o PT começa a dar sinais de que esta aliança terá problemas em 2014, quando Agnelo Queiroz ou outro petista entrar na disputa para manter-se grudado na cadeira de comando do Palácio do Buriti. Qual será o papel do frágil PMDB de Filippelli, que conta com apenas dois deputados distritais e um federal? Dos dois distritais, Rôney Nemer foi citado no relatório do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, com um dos beneficiários do mensalão do DEM. O outro, deputado Robério Negreiros, que assumiu a vaga de Benício Tavares, cassado pela Justiça eleitoral, ameaça bandear para o recém-criado Partido Ecológico Nacional (PEN). Filippelli já entrou na conversa para estancar esta possível sangria.

Embora ninguém leve muito a sério as ameaças de Robério, a situação do PMDB na Câmara Legislativa não é das melhores. O blocão PMDB, PSL, PTC, PTdoB, PSC e PPL comandado por Nêmer perdeu o deputado Dr. Michel (ex-PSL), que migrou para o PEN.

Sem muita força na Câmara Legislativa, o PMDB fica à mercê dos predadores, principalmente o PT, que não tem o menor interesse de ver Filippelli cobiçando a vaga de Agnelo. Até mesmo o caminho do Senado, sonho alimentado por Filippelli na disputa de 2014, fica comprometido se ele perder força política. “Filippelli é um aliado e companheiro leal e não existe nenhum motivo para não estarmos juntos na disputa de 2014”, resumiu uma fonte com assento no anexo do Buriti. Quem convive de perto no cotidiano do vice-governador sabe como anda a pressão de lideranças políticas, tanto no meio empresarial quanto os líderes comunitários que veem manobras dos adversários para tirá-lo do jogo. A discrição de Filippelli e tanta que até aos mais próximos ele nega que haja qualquer receio em ser defenestrado pela máquina petista.

Realmente são tempos desencontrados: tudo a mil maravilhas com a cúpula, mas a estratégia petista em ter o controle de quase 70% da força política do DF sobre o guarda-chuva e influência do Buriti é extremamente extenuante para peemedebistas históricos que seguem Filippelli há anos. “Es­ta­mos no limite do sacrifício, sem vi­são de uma margem segura para an­corar os nossos projetos de sobrevivência política”, resume uma fonte peemedebista. Para ele, será “uma tarefa de contorcionismo chegar em 2014 com um projeto político que salve o PMDB do cadafalso preparado pelo PT”.

É inegável que as táticas do PT sempre foram dissimuladas e que o eleitor só é respeitado em ano de eleição ou se está favor deles. Se alguém contesta, o velho e surrado discurso que só “gente de di­reita não quer o avanço da democra­cia” passa a ser alçado publicamente. Este temor ilustra bem o alvoroço que a criação do PEN provocou na Câmara Le­gislativa. Todos querem um naco das benesses da caneta do executivo traduzido em empregos e generosos contratos de serviços. Di­fi­cilmente Filippelli conseguirá de­ter esta sangria no seu PMDB.

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