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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Crise no GDF Brasília-DF: Celina abandona GDF e vira alvo de Cristovam. “Rollemberg impôs Celina”

Presidente da Câmara anuncia rompimento.



Celina Leão bateu forte nos integrantes do governo passado: "Eles (petistas) estão lá e ao mesmo tempo tentam boicotar nosso projeto".

Distrital aponta o excesso de petistas no Buriti como principal motivo para deixar a base. A ambição por cargos mais altos e a irritação de ver um assessor ser investigado também teriam influenciado na decisão. Cristovam Buarque critica colega de partido. ...

A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), anunciou, ontem, o rompimento com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Ela era a mais fiel deputada do chefe do Executivo local na Casa. Prova disso é que Celina chegou ao posto máximo do Legislativo justamente por causa do apoio irrestrito do socialista na corrida eleitoral para composição da mesa diretora. Alegando discordar da presença de petistas em cargos de destaque no GDF, ela afirmou que não pertence mais à base de apoio do Palácio do Buriti na Casa e que entregou todos os cargos que indicou, entre eles, o administrador de Sobradinho 2, Estevão Reis. A vida do governo, que já estava difícil — foram pelo menos seis derrotas na Casa desde o início do ano —, fica ainda pior. Dessa forma, é cada vez mais improvável a aprovação dos projetos de lei apresentados por Rollemberg que visam o aumento da arrecadação.

Apesar de Celina ter criticado abertamente a manutenção de quadros do PT em secretarias como a Casa Civil, nos bastidores há outras versões para o desligamento da parlamentar da base de apoio. Ela estaria aproveitando o momento, enquanto se encontra à frente da Câmara, para se projetar e se cacifar a fim de concorrer a cargos mais altos — não descartando disputar o Buriti em 2018. Assim, a postura de independência em relação ao GDF seria mais vantajosa eleitoralmente. Outra versão é que a deputada ficou profundamente irritada por ter sido a última a saber que a Controladoria-Geral do DF investiga casos de nepotismo na família de Sandro Vieira, assessor dela — ele tem dois parentes em cargos comissionados e a mãe trabalha no Tribunal de Contas do DF.

Celina soube chamar os holofotes para si: ontem, o plenário da Casa estava cheio para acompanhar o discurso da distrital. Nos bastidores, ela já vinha criticando a postura do chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, e a presença de petistas em postos relevantes do governo. “A sensação é que a gente ganhou (a eleição) e não levou”, dizia. Ontem, ela voltou a bater no Executivo. “A decisão não aconteceu agora. Ela amadureceu nos últimos seis meses e, em alguma hora, a paciência se esgota. É triste ver petistas trabalhando no GDF. Eles estão lá e ao mesmo tempo tentam boicotar nosso projeto”, acusou.

Questionada se a decisão seria tomada em bloco, com todo o PDT, ela negou e disse que se trata de uma posição pessoal. “Tenho conversado muito com os senadores (Cristovam Buarque e José Antônio Reguffe). O afastamento do PDT vem desde a montagem do governo. A sigla tem se sentido, de certa forma, desprestigiada, mas essa posição é minha. Vou pedir uma reunião com os parlamentares e o presidente da legenda, Georges Michel, a fim de oficializar minha postura e ouvi-los a respeito”, disse. Cristovam, no entanto, não gostou da atitude da colega e chamou a atenção para o fato de muitos peemedebistas estarem no gabinete da distrital (leia Entrevista).

O governador Rodrigo Rollemberg esteve ontem à noite em uma roda de conversa com a população na Administração Regional da Candangolândia e preferiu ser ameno. “É claro que o apoio da Celina é importante, mas eu tenho certeza de que com o compromisso dela diante da cidade, ela vai continuar ajudando o governo”, afirmou. Também preferiu não alimentar polêmicas sobre a presença de petistas no Buriti. “Quem manda no governo é Rodrigo Rollemberg. E Rodrigo Rollemberg é do PSB, que comanda a cidade com um conjunto de partidos que ajudam o governo e Brasília.”


Rodrigo Rollemberg na Candangolândia: "Ela vai continuar ajudando"


Elogios
A decisão de Celina foi elogiada por colegas da Câmara Legislativa. No início do ano, o tucano Raimundo Ribeiro era líder do GDF na Casa e deixou o posto logo depois. “Rollemberg via a necessidade de ter uma boa relação com a presidente Dilma Rousseff (PT), e eu sou um crítico da gestão dela. Por conveniência, para deixá-lo mais à vontade no trato com o governo federal, resolvi deixar a liderança”, recordou. Chico Vigilante (PT) pediu maiores esclarecimentos a Celina. “Acho importante ela explicar qual o real motivo da saída da base, porque esta história de petistas no governo não convence. O PT está fora, faz oposição. Sem falar que é muita coincidência terem saído pesquisas de opinião desfavoráveis a Rollemberg na mesma época em que ela tomou a decisão”, afirmou.

Diante das dificuldades para aprovar projetos na Câmara, Vigilante prevê uma mudança na postura do socialista com o Legislativo. “Tivemos o episódio dos anões do cerrado, registrado pela imprensa, em que o então governador Joaquim Roriz comprava de putados. No mandato de José Roberto Arruda, vimos o que ocorreu na Caixa de Pandora. O Agnelo Queiroz (PT) fez um loteamento político, cada deputado tinha uma administração, uma secretaria. Pensei que Rollemberg ia resistir mais tempo, mas acho que não vai conseguir”, opinou.


Companheiros de partido da distrital se apressaram para esclarecer que a decisão de Celina Leão não reflete o posicionamento oficial da sigla. O presidente da legenda no DF, George Michel, garantiu que o PDT manterá o apoio ao governo Rollemberg. “É justamente em um momento difícil como o atual que devemos manifestar nosso apoio ao governo. Precisamos ajudar a tirar Brasília dessa situação”, justificou. Reguffe desaprovou a atitude de Celina Leão. “Não tenho nenhum cargo no governo nem quero ter. E acho que o governo não começou bem, mas é importante, em prol da cidade, que todos tenhamos uma maturidade e sentemos à mesa, e que se construa um diálogo. A cidade tem que estar acima de qualquer interesse político.”

Entrevista. Senador Cristovam Buarque (PDT-DF)

“Rollemberg impôs Celina”

Em viagem ao Barein, país do Golfo Pérsico, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) soube da decisão da presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, de anunciar o rompimento com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ontem pela manhã, horas antes do pronunciamento da deputada no plenário. Um dos ícones do PDT e avalista da aliança entre o partido e o PSB na última eleição, Cristovam pediu que Celina aguardasse uma conversa cara a cara, com a participação do senador José Antônio Reguffe e do presidente regional da legenda, Georges Michel. A distrital, no entanto, já estava decidida. Do país árabe, por telefone, Cristovam disse ao Correio que considerou a medida uma descortesia e um equívoco. Ainda criticou a companheira de partido: “Se for para tirar alguém que não presta, Celina deveria pensar em mudar o gabinete dela”.

O senhor conversou com a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, do seu partido, sobre a decisão de romper com o governo Rollemberg?
Ela me ligou hoje mais cedo. Pedi que não tomasse uma posição isolada.

Na Câmara Legislativa, deputados disseram que Celina esteve com o senhor e Reguffe no fim de semana. É verdade?
Curioso, porque já me perguntaram isso. Não é verdade. Não me encontro com a Celina num fim de semana desde a campanha. Acho precipitação. Foi uma descortesia comigo, que pedi para esperar por uma conversa. Prova de que ela tem agido sozinha. Ela indicou vários cargos no governo Rollemberg e isso nunca passou por ninguém do partido. Foram escolhas pessoais dela que o governador acatou.

Então, o senhor não concorda com o rompimento?
Acho um equívoco romper agora, com 120 dias de governo. Mas depende dos interesses dela. Eu achei uma descortesia não só comigo, como também com o Reguffe e com o (Georges) Michel. O partido não foi consultado. Não estou contente com o governo, mas não vejo razão para declarar o rompimento. Foi Rollemberg quem quis Celina na presidência. Não foi escolha do PDT. O partido queria o Joe (Valle).

O que houve?
O Rodrigo impôs o nome da Celina. Tinha problemas com o Joe por causa de questões da época que ele era do PSB. O Rodrigo achava o Joe independente demais. A Celina só foi eleita presidente porque o Rollemberg, na época da eleição, praticamente se mudou para a Câmara Legislativa. Não me envolvi nessa eleição.

Na sua opinião, o que motivou esse afastamento?
Ela me disse que a razão era porque tem petista demais no governo Rollemberg. Mas eu acho é que tem peemedebista e gente ligada a Luiz Estevão demais no gabinete dela. Não vou à Câmara Legislativa com receio de sair uma foto minha com algum assessor dela ligado a Luiz Estevão. Tem um chefe de gabinete dela que é ligado a Manoelzinho (Manoel de Andrade) e a Luiz Estevão, que falavam em me matar e patrocinaram um atentado ao Palácio do Buriti, quando fui governador. Se for para tirar alguém que não presta, Celina deveria pensar em mudar o gabinete dela.


Fotos de  (Edílson Rodrigues/CB/D.A Press - 8/7/13) 
Fonte: Por Ana Matheus Teixeira com Helena Mader e Bernardo Bittar do Correio Braziliense - 

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