Companheiros de governo, Hélio Doyle, Marcos Dantas e Rômulo Neves formam a trinca de confiança de Rodrigo Rollemberg. De personalidades distintas, eles nem sempre comungam da mesma opinião
Institucionalmente, como diz o próprio nome da pasta, é Dantas quem fica à frente das relações com os outros poderes e do diálogo com os movimentos sociais e as forças políticas. Como responsável pela agenda de Rollemberg, Rômulo tem muito contato com deputados e secretariado e assume o papel de porta-voz do socialista nas articulações. Comandante da principal área do governo, pela experiência e por contar com a confiança do chefe, Hélio é o terceiro escolhido para azeitar as relações e garantir a governabilidade.
Eles veem os desentendimentos como naturais. Nos bastidores, a disputa por espaço da política se torna o assunto mais comentado. Desde que assumiu o GDF, o PSB não teve nenhuma reunião oficial. Militantes da sigla reclamam: após vários anos sonhando em governar Brasília, grande parte da legenda considera injusta a indicação de Doyle, um estranho no ninho socialista, para o principal posto da gestão.
Filiado há anos no PSB, Rômulo tem status de secretário e autoridade para dar ordem. Elevar o tom de voz e usar palavras de calão são características dele. Diplomata de carreira, é visto como uma cabeça privilegiada, inteligente. A personalidade forte de Rômulo, no entanto, nem sempre o permite concordar com Doyle, também irredutível de suas convicções. Jornalista, o chefe de gabinete costuma dar palpite sobre a comunicação do GDF — incumbência de Doyle.
Sem problemas
Eles negam atritos. “Podemos até discordar em um ou outro ponto em determinada reunião. Mas sempre saímos de lá contando piada, falando da família. Funcionamos como um relógio”, afirma o chefe de gabinete. O outro homem à frente da política, Marcos Dantas tem perfil mais conciliador. Presidente do PSB-DF, em alguns casos tende a defender os argumentos de Rômulo frente a Doyle, com o intuito de fortalecer a legenda. Apesar disso, os dois também têm suas discordâncias, uma vez que o chefe de gabinete sonhava com a pasta de Dantas e nutre o desejo de presidir a legenda no DF.
“Nossa ideia é fortalecer o Dantas, senão, o Hélio nos engole”, avalia um socialista do alto escalão do GDF. O chefe da Casa Civil não concorda com o pensamento de membros do PSB. “Eu exerço as funções da minha pasta, que são inerentes ao cargo que ocupo. Se, para alguns, isso parece excesso de poder, é porque não entendem o papel da Casa Civil. A escolha do meu nome foi feita pelo governador”, defende-se. Uma pessoa ligada à Casa Civil aproveita para julgar a competência de Rômulo em coordenar a agenda e o cerimonial. “Na reunião com pastores na Residência de Águas Claras, o gabinete enviou uma lista com 30 líderes religiosos. Chegaram 90, e o chefe da segurança teve de barrar alguns, o que causou desgaste”, diz.
Dantas nega qualquer atrito. Ele admite que ouviu reclamações de integrantes do PSB, mas afirma que o partido foi muito bem contemplado nas escolhas de Rollemberg. “A crise herdada é muito grande. Não temos tempo para desentendimentos”, analisa. Um assessor da Casa Civil acredita que em quatro meses a insatisfação do PSB cessará. Impedido pela Lei de Responsabilidade Fiscal de fazer mais nomeações, ele vê como problema o fato de alguns socialistas ainda não estarem no GDF. “A presença de remanescentes da antiga gestão também incomoda integrantes do partido”, conta.
Nos primórdios do comunismo
O termo troica (troika) vem do russo e significa um comitê de três membros. No início da União Soviética, inclusive em outros estados comunistas, a palavra era usada para nomear os três chefes principais — de Estado, de governo e líder do partido. Conceitualmente, significa uma carruagem conduzida por três cavalos e remete à aliança de três pessoas com o mesmo poder, o mesmo nível hierárquico, para a gestão de uma entidade ou para completar uma missão.
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