Política
Foi dada a largada
Ao mesmo tempo, os principais possíveis adversários de sua reeleição atuaram no campo político de maneiras diversas nos últimos dias, mas todos deixando claros seus objetivos.
A ex-senadora Marina Silva, que lançara dias antes seu partido-rede, insinuou que seu movimento pode aderir a um partido já existente se não conseguir cumprir a tempo as exigências da legislação eleitoral.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu mais um sinal de que está mesmo “costeando o alambrado”, metáfora oriunda das fazendas com a qual o ex-governador Leonel Brizola identificava o político que estava pensando em sair de seu grupo político, assim como o gado que “costeia o alambrado” está pensando em fugir. ...
Ele não compareceu à festa de aniversário do PT, onde o grande líder da coalizão que apoia a presidente Dilma, o ex-presidente Lula, pretendia reunir os aliados para dar início à campanha para a eleição de 2014.
Por fim, o PSDB afinal saiu ontem de sua letargia e deu passos importantes na direção de um combate mais forte contra o governo.
Numa ação política rápida e bem planejada, ofereceu abrigo à blogueira cubana Yoani Sánchez, que vem sendo hostilizada em sua passagem pelo Brasil por extremistas ligados ao PT e ao PCdoB, em ações orquestradas a partir da embaixada cubana em Brasília.
E o seu candidato potencial, o senador Aécio Neves, partiu para o ataque enumerando, num discurso até bem-humorado, contrapondo-se ao tom raivoso com que o PT faz política, os erros básicos destes dez anos de poder petista.
Dizendo-se convidado à festa pelo PT, que distribuiu uma cartilha com louvações aos governos Lula e Dilma e críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso, Aécio chamou a atenção para o fato de que o PT está esgotando os efeitos benéficos vindos dos governos do PSDB, que ele chamou ironicamente de “herança bendita” deixada pelos tucanos.
A passagem de Yoani pelo Brasil, coincidindo com os festejos do PT, serviu para ressaltar a face mais escura da coalizão de esquerda que governa o país há dez anos.
A truculência dos manifestantes, as acusações distribuídas pela blogosfera com as digitais de uma manipulação oficial, o espírito autoritário que tenta a todo custo impedir que o adversário se expresse, todos esses ingredientes típicos de regimes onde o pensamento único é imposto pela força do Estado estiveram presentes nas manifestações de extremistas contra a dissidente cubana.
Até mesmo no Congresso, onde as diversas linhas de pensamento devem estar representadas, houve tentativas, por parte de deputados e senadores esquerdistas, de impedir a circulação de Yoani, numa demonstração de que havia mesmo uma orquestração disposta a impedir que ela se manifestasse livremente no país.
O PSDB percebeu, num movimento rápido que tem sido raro nos últimos tempos, o nicho oposicionista e assumiu a defesa da liberdade de expressão, dando um tom político adequado aos seus interesses, sinalizando enfim que está se preparando para mais uma vez representar a oposição aos governos petistas.
O PT, como sempre, trabalhou muito bem na defesa de seus governos, no que dá lições de luta e unidade política aos demais partidos.
Convenhamos que 33 anos não é uma data a ser comemorada, a não ser, como agora, quando se tem o objetivo de iniciar em grande estilo uma campanha presidencial num momento que exige muito mais empenho e unidade, pois os sinais da economia não parecem guardar boas notícias para tão cedo, dando armas que os adversários não tiveram nas últimas eleições.
Não é à toa que um líder importante no esquema político governista até agora como Eduardo Campos vê oportunidades de voo solo em direção a novas práticas políticas e de gestão.
Por Merval Pereira
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