quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A HISTÓRIA ESQUECIDA

 



1881. Porto do Rio de Janeiro.


O italiano Francesco Matarazzo desembarca no Brasil com quase toda sua riqueza em um lote:

Duas toneladas de toucinho para revender.


Por um descuido no desembarque, a carga cai no mar.

Ele começa praticamente do zero.


Muda-se para Sorocaba, abre uma venda, vira mascate.


Para economizar, dizia que vivia de pão seco e banana.


Dois anos depois, enxerga a primeira grande oportunidade:

monta uma fábrica de banha.


Percebe que o problema não é o produto, é a embalagem.


Troca as barricas de madeira (que estragavam a banha) por latas de metal.


A banha dura mais, vende em porções menores, fica mais barata que a importada.


Nasce ali a lógica que guiaria toda a sua vida:

“Fazer barato no Brasil o que era caro vindo de fora.”


1890. Muda-se para São Paulo.


Importa, negocia, acerta grandes tacadas (como fretar um navio de farinha da Argentina na hora certa).


Ganha fama, ergue a Mansão Matarazzo e, depois, o seu primeiro grande feito industrial:

O Moinho Matarazzo, o maior e mais moderno da América Latina.


A partir daí, entra em modo verticalização agressiva:

- fábrica de sacos

- tecelagem

- sabão e óleo

- móveis

- metalurgia

- usina de açúcar

- frigoríficos, químicos, destilarias, navegação…


Em 1911, cria as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM).


No auge, são mais de 200 fábricas, 30 mil funcionários


Algo em torno de 6% da população paulistana dependendo direta ou indiretamente do grupo.


Matarazzo vira o 5º homem mais rico do mundo.


Fortuna estimada hoje em cerca de US$ 27 bilhões.


Mas em 1937, o Conde morre.


E o que ele não verticalizou foi o mais importante: a sucessão.


Seu herdeiro, Francisco Matarazzo Júnior (Chiquinho),


Mantém fábricas obsoletas, evita risco, recusa até o convite de JK para entrar na Volkswagen no Brasil porque “não conhece o setor”.


Anos 60. Começa o desmonte.


1969. O primeiro balanço negativo.


Anos 80.

Concordatas

Vendas

Brigas familiares.


Um império que parecia eterno, desmontado em poucas décadas.


Um império nasce de visão + execução.

Mas morre de comodismo + má sucessão.

Crescer é difícil.

Permanecer relevante é muito mais.


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