1881. Porto do Rio de Janeiro.
O italiano Francesco Matarazzo desembarca no Brasil com quase toda sua riqueza em um lote:
Duas toneladas de toucinho para revender.
Por um descuido no desembarque, a carga cai no mar.
Ele começa praticamente do zero.
Muda-se para Sorocaba, abre uma venda, vira mascate.
Para economizar, dizia que vivia de pão seco e banana.
Dois anos depois, enxerga a primeira grande oportunidade:
monta uma fábrica de banha.
Percebe que o problema não é o produto, é a embalagem.
Troca as barricas de madeira (que estragavam a banha) por latas de metal.
A banha dura mais, vende em porções menores, fica mais barata que a importada.
Nasce ali a lógica que guiaria toda a sua vida:
“Fazer barato no Brasil o que era caro vindo de fora.”
1890. Muda-se para São Paulo.
Importa, negocia, acerta grandes tacadas (como fretar um navio de farinha da Argentina na hora certa).
Ganha fama, ergue a Mansão Matarazzo e, depois, o seu primeiro grande feito industrial:
O Moinho Matarazzo, o maior e mais moderno da América Latina.
A partir daí, entra em modo verticalização agressiva:
- fábrica de sacos
- tecelagem
- sabão e óleo
- móveis
- metalurgia
- usina de açúcar
- frigoríficos, químicos, destilarias, navegação…
Em 1911, cria as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM).
No auge, são mais de 200 fábricas, 30 mil funcionários
Algo em torno de 6% da população paulistana dependendo direta ou indiretamente do grupo.
Matarazzo vira o 5º homem mais rico do mundo.
Fortuna estimada hoje em cerca de US$ 27 bilhões.
Mas em 1937, o Conde morre.
E o que ele não verticalizou foi o mais importante: a sucessão.
Seu herdeiro, Francisco Matarazzo Júnior (Chiquinho),
Mantém fábricas obsoletas, evita risco, recusa até o convite de JK para entrar na Volkswagen no Brasil porque “não conhece o setor”.
Anos 60. Começa o desmonte.
1969. O primeiro balanço negativo.
Anos 80.
Concordatas
Vendas
Brigas familiares.
Um império que parecia eterno, desmontado em poucas décadas.
Um império nasce de visão + execução.
Mas morre de comodismo + má sucessão.
Crescer é difícil.
Permanecer relevante é muito mais.
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