quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

O ROMPIMENTO COM O SISTEMA RELIGIOSO

 


Comecei aos 12 anos frequentando a Igreja Batista Renovada. Conheci muita gente boa ali. Fui com sinceridade, e o ambiente era leve, a comunidade era pequena, e o amor de Cristo era anunciado. 

Fiquei até os 14 e acompanhei minha mãe numa denominação pentecostal chamada Poderoso Jesus Cristo. Mais uma vez conhecendo pessoas boas. Mas o pentecostalismo bagunçou minha mente, a Interferência no meu vestir (usar shorts era considerado um pecado). Além disso, o ambiente era cheio de "profecias", "revelações", ameaças e promessas. 

Adoeci emocionalmente é quis voltar à Batista Renovada, mas ao chegar lá eles tinham adotado o modelo G12, e não gostei. Fiquei um tempo sem frequentar, e todo confuso me perdi nas amizades e piorei como pessoa. Resolvi voltar à igreja Pentecostal onde estava minha mãe.  Aí eu fui com tudo: Orava, jejuava, ia nas vigílias, li a bíblia inteira, fiz um curso teológico, aprendi a tocar violão, evangelizava e etc. Neste tempo comecei a namorar uma moça da Assembleia de Deus, com quem me casei. 

Minha primeira filha nasceu em 2002, meu filho do meio em 2005 e meu caçula em 2014. De profissão, fui operário em indústria de calçado e metalúrgica. Não parei meu empenho na religião, na verdade até aumentei. 

Fui membro, cooperador, diácono, presbítero. Dei aula de escola dominical, fui palestrante de casais, e pregador itinerante em várias igrejas, fiz mais cursos teológicos, ia de bicicleta pois não tinha carro, discipulei várias pessoas, levei outras tantas para a igreja. Neste meio tempo, fui para Assembleia de Deus ministério Belém. Me mantive pregando, ensinando, dizimando, dando aulas de teologia. Estudei a bíblia versículo por versículo. Com oração e honestidade. 

Fui consagrado ao ministério em 2012 na Sede da Assembleia de Deus em São Paulo e dirigi duas igrejas para esta instituição na região de Birigui. A segunda igreja que dirigi foi na cidade de Brejo Alegre a 25 quilômetros de minha casa, ia com minha família 3 vezes por semana, mesmo sendo funcionário da metalúrgica Metalpama, fazia de todo meu coração, ainda que fosse muito cansativo. O carro foi emprestado pela igreja, que também me dava uma ajuda de custo. E por divergência com a falta de cuidados da liderança em favor aos obreiros, aceitei ser pastor na Igreja do Evangelho Pleno em Birigui. 

Na Igreja Pleno, além de pregar, visitar, orientar, também criei o SETEP (Seminário Teológico Pleno) fazendo duas formaturas. Além disso organizei o primeiro Simpósio Teológico Pleno, o maior evento regional de Teologia. 

Nunca parei de ler, e por natureza, sempre fui questionador.  Há tempos que vinha descontente com os ensinos evangélicos, pois sabia que não eram verdadeiros: Dízimo, Inferno, Campanhas, Emocionalismo, Politicagem, Barganhas, Misticismo, etc. A maioria das denominações tem um pouco, ou muito dessas coisas. E como minha consciência pesou, Rompi com o sistema em 2018. Abandonei tudo, meu seminário, meu cargo pastoral remunerado com um dos maiores valores da região. Larguei tudo. 

Passei dificuldades. Mas nunca parei de trabalhar. Portanto nunca deixei faltar o pão à minha família. Mesmo tendo ensinado multidões, batizado muita gente, pastoreado outro tanto. Mesmo nunca tendo ofendido ninguém, e nem desrespeitado a família e a honra de ninguém, a maioria dos que eu achava meus amigos viraram as costas. Alguns continuaram meus amigos, outros não aguentaram a pressão de se aliar a alguém que diz o que eu digo, até tentaram me mudar, mas não conseguiram e agora eu era um herege para eles. Um demônio. 

Mas não voltei atrás. Deus em sua Graça tem me ajudado. Em 2020 comecei a pregar e ensinar nas redes sociais. Alguns vídeos não passavam de 10 visualizações. Mas persisti. E sigo fazendo a mesma coisa aqui em 2025. Porém com mais pessoas despertando. Hoje com mais de um milhão de pessoas despertas.

Me mantenho trabalhando. Sou funcionário público. Mas antes de tudo, cristão, esposo, pai, pregador do evangelho e, seu irmão em Cristo que teve coragem para discordar do movimento evangélico atual.


Por-Evandro Moretti

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