domingo, 6 de abril de 2014

Sucessão Iris mexe as peças do tabuleiro da oposição

Afonso Lopes
Governo sem plano B, oposição com planos de sobra
Enquanto a base aliada estadual não trabalha alternativa à reeleição de Marconi, os oposicionistas ainda não sabem como vão enfrentar a eleição
Se a campanha eleitoral tivesse que começar amanhã, a base aliada já poderia começar a trabalhar em período integral pela reeleição do governador Marconi Perillo. Desde sempre, os aliados palacianos não alimentaram projetos alternativos a esse. Mesmo nos períodos em que o governador se dizia propenso a não disputar o governo mais uma vez este ano. A estratégia governista sempre foi a da reeleição.
 
Já as oposições continuam sem estabelecer uma linha de ação. Não há unanimidade suficiente para estabelecer um formato eleitoral para enfrentar o adversário governista. Nesse sentido, a oposição é uma verdadeira torre de babel.
 
 E olha que não existe plano estabelecido nem dentro dos partidos que fazem oposição ao governo. No PMDB, por exemplo, Iris Rezende, que se lançou pré-candidato na sexta-feira, 4, sonha com união total dos oposicionistas, juntando ele próprio, o PT de Antônio Go­mide e Paulo Garcia e Van­der­lan Cardoso, do PSB, num chapão. Já Júnior Friboi, adversário de Iris dentro do PMDB, acha que é melhor disputar a eleição com tempo de murici, “cada um cuidando de si”.
 
Até o PT, que parecia concordar com a tese de somar forças pelo menos com a candidatura de Iris, desistiu da empreitada porque não surgiu nenhuma luz na disputa interna peemedebista. Também na sexta-feira, 4, os petistas resolveram bancar a candidatura do prefeito Antônio Gomide, de Anápolis. Provavel­men­te, venceu a tese de que a can­didatura de Iris, embora lançada, não está garantida, e o partido não quis correr o risco de abandonar seu melhor projeto atualmente, que é Gomide, e ter que lançar qualquer nome depois para não ter que se abraçar a Friboi no final.
 
Já o ex-prefeito Vanderlan Cardoso, de Senador Canedo, segue sua sina de aparente isolamento. Amarrou-se à candidatura presidencial de Eduardo Campos, pelo PSB, e não conseguiu avançar um milímetro sequer, nem mesmo na desconfiança dos demais parceiros de oposição de que ele ainda poderá recuar de sua intenção de concorrer ao governo do Estado (ele estreou em 2010 e ficou em terceiro lugar, mesmo com apoio oficial do Palácio das Esmeraldas, leia-se governo de Alcides Rodrigues). E assim vai a nave oposicionista, sem eira, nem beira, com muitos nomes, inúmeros planos e nenhuma estratégia definida ou, pelo menos, esboçada.
 
Ao olhar para esse quadro geral, não é difícil concluir que os projeto e sonho oposicionista de desalojar Marconi e seu grupo do poder tem tudo para dar para trás mais uma vez. Enquanto os governistas estão unidos em torno da reeleição, a oposição nem sabe ainda quem realmente vai chegar às urnas. Mas quem disse que a Lei de Murphy é lei eleitoral? Algumas vezes, embora isso não seja a regra, tudo que parece estar errado acaba dando certo. Mas é claro que eleição sem estratégia bem definida e intensamente trabalhada é aventura.
 
A coisa vai indo tão na base do improviso no campo oposicionista que as últimas horas do final do prazo de desincompatibilização ferveram. De um lado, embora não tivesse que cumprir prazo algum, Iris Rezende finalmente se declarou pré-candidato ao governo. Uma semana antes, disse que iria cuidar da sua vida se o PT resolvesse lançar nome próprio, rompendo assim a aliança com o PMDB que ele, Iris, construiu nas eleições municipais de 2008.
 
Foi o suficiente para surgirem especulações sobre a situação do agora ex-prefeito An­tônio Gomide, de Anápolis, que tinha tudo preparado para renunciar ao mandato apenas cinco horas após o anúncio feito por Iris. Uma reviravolta e tanto em muito pouco tempo: de candidato único no PMDB, Júnior Friboi, que não é bem visto pelo PT, perdeu essa condição, enquanto Iris desdisse que o que tinha dito e jogou dúvidas sobre a próxima movimentação do aliado, que agora é ex, Antônio Gomide. A rotação de alternativas da oposição já pode ser medida por minuto, um RPM político-eleitoral. O que não é agora, pode ser logo depois ou ficar na dúvida se ainda será.
 
Quais vão ser os próximos lances da sucessão é impossível antecipar. A única candidatura que não permite recuo porque significa entregar a disputa por WO é a de Marconi Perillo. Na oposição, tudo é possível. A base aliada estadual tem somente uma dúvida, e ela está no restante da chapa. O DEM de Ronaldo Caia­do o quer como candidato ao Senado, e o partido é da base. Até aqui, a chapa está fechada, com José Eliton, PP, na vice, e Vilmar Rocha, do PSD, para o Senado. Então, o grupo que está no poder terá que equacionar essa questão. É só o que falta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário