Salvo terremotos inesperados, o quadro atual deve permanecer sem grandes alterações até julho ou início de agosto
Afonso Lopes
Do final do ano passado para cá, o que mudou no cenário político do Estado? Praticamente nada. O quadro comparativo melhor talvez esteja no período de um ano. Nesse caso, seria possível notar algumas movimentações maiores.
Em meados de abril de 2013, o ex-prefeito de Senador Canedo e candidato derrotado ao governo do Estado em 2010, Vanderlan Cardoso, aparecia com forte recall político. O PDT, por exemplo, sinalizava para aliança com ele. Vanderlan já tinha superado a fase terrível de peemedebista, e seguia para reconstrução de sua estratégia. Um ano depois, ele convive com um baita problema: não consegue agregar partidos à sua coligação, apesar de aparecer em segundo lugar em todas as pesquisas em que o nome de Iris Rezende não é avaliado. Sem coligação forte, se enfraquece.
Em meados de abril de 2013, o ex-prefeito de Senador Canedo e candidato derrotado ao governo do Estado em 2010, Vanderlan Cardoso, aparecia com forte recall político. O PDT, por exemplo, sinalizava para aliança com ele. Vanderlan já tinha superado a fase terrível de peemedebista, e seguia para reconstrução de sua estratégia. Um ano depois, ele convive com um baita problema: não consegue agregar partidos à sua coligação, apesar de aparecer em segundo lugar em todas as pesquisas em que o nome de Iris Rezende não é avaliado. Sem coligação forte, se enfraquece.
A ameaça velada
Ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide disputava intensamente com seu colega goianiense, Paulo Garcia, os holofotes do PT.
De abril do ano passado para cá, essa disputa terminou, e foi vencida com extrema facilidade pelo anapolino. Graças a uma administração equivocada da Secretaria de Finanças, Paulo vem atravessando uma fase complicada em seu governo. Já Gomide, a exemplo do que fez e faz o prefeito peemedebista de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, ciscou para dentro o tempo todo, e somou recursos e obras do Estado e da União à disponibilidade própria da prefeitura e cresceu. No início deste mês, tomou uma decisão ousada: abandonou quase três anos de mandato e trabalha candidatura ao governo do Estado.
Politicamente, Gomide é infinitamente maior do que era há um ano. Eleitoralmente, não conquistou a mesma projeção. Nas pesquisas estaduais feitas pelos grandes institutos, ele está na última posição na maioria dos cenários pesquisados. Não é, evidentemente, o melhor dos mundos, mas pode-se observar que ele foi o último nome a surgir e, mais do que isso, ainda é muito pouco conhecido fora do eixo Anápolis-Goiânia.
Há dois problemas. O primeiro deles diz respeito aos interesses do PT nacional e as composições para a reeleição da presidente Dilma Roussef. É uma ameaça velada que tem data para ser superada – ou se concretizar de vez: final de junho, prazo final das convenções. Se até lá Goiás não virar moeda de troca nas negociações nacionais, ele confirmará sua candidatura. E aí vai ter que enfrentar o segundo problema, bem mais grave.
Até agora, o PT não conseguiu avançar nas coligações partidárias. Nem com promessas de coligações futuras. Até o velho parceiro de trincheira petista, o PCdoB anda às voltas com possível candidatura de Júnior Friboi, pelo PMDB. Se o partido indicar Iris Rezende, aí, sim, Gomide poderá voltar a contar com os antigos aliados comunistas.
O PTB também está nessa de esperar. O presidente regional do partido, deputado federal Jovair Arantes, nem aceita discutir outro rumo nas eleições deste ano que não a coligação com a reeleição do governador Marconi Perillo. Mas já avisou aos quatro ventos: se Marconi não se candidatar, vai apoiar o PT de Gomide.
O PDT é outro que pende para os lados de Friboi. O partido estava praticamente fechado com a candidatura de Vanderlan Cardoso, mas foi contaminado pelo poder sedutor de Friboi. Se não der certo essa negociação, a posição do prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda, pró-Gomide, pode ficar fortalecida.
Com esses partidos em sua coligação, Antônio Gomide cresceria bastante quanto à perspectiva geral. E ainda assim ele terá que encabeçar uma campanha eleitoral um pouco mais que genial para chegar ao governo do Estado. Para se entender o tamanho do desafio dele, basta lembrar que de agora até outubro, ele terá que crescer e se tornar mais conhecido do que tudo aquilo que o seu partido, o PT, conseguiu fazer em Goiás, com candidaturas próprias, em toda a sua história.
Ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide disputava intensamente com seu colega goianiense, Paulo Garcia, os holofotes do PT.
De abril do ano passado para cá, essa disputa terminou, e foi vencida com extrema facilidade pelo anapolino. Graças a uma administração equivocada da Secretaria de Finanças, Paulo vem atravessando uma fase complicada em seu governo. Já Gomide, a exemplo do que fez e faz o prefeito peemedebista de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, ciscou para dentro o tempo todo, e somou recursos e obras do Estado e da União à disponibilidade própria da prefeitura e cresceu. No início deste mês, tomou uma decisão ousada: abandonou quase três anos de mandato e trabalha candidatura ao governo do Estado.
Politicamente, Gomide é infinitamente maior do que era há um ano. Eleitoralmente, não conquistou a mesma projeção. Nas pesquisas estaduais feitas pelos grandes institutos, ele está na última posição na maioria dos cenários pesquisados. Não é, evidentemente, o melhor dos mundos, mas pode-se observar que ele foi o último nome a surgir e, mais do que isso, ainda é muito pouco conhecido fora do eixo Anápolis-Goiânia.
Há dois problemas. O primeiro deles diz respeito aos interesses do PT nacional e as composições para a reeleição da presidente Dilma Roussef. É uma ameaça velada que tem data para ser superada – ou se concretizar de vez: final de junho, prazo final das convenções. Se até lá Goiás não virar moeda de troca nas negociações nacionais, ele confirmará sua candidatura. E aí vai ter que enfrentar o segundo problema, bem mais grave.
Até agora, o PT não conseguiu avançar nas coligações partidárias. Nem com promessas de coligações futuras. Até o velho parceiro de trincheira petista, o PCdoB anda às voltas com possível candidatura de Júnior Friboi, pelo PMDB. Se o partido indicar Iris Rezende, aí, sim, Gomide poderá voltar a contar com os antigos aliados comunistas.
O PTB também está nessa de esperar. O presidente regional do partido, deputado federal Jovair Arantes, nem aceita discutir outro rumo nas eleições deste ano que não a coligação com a reeleição do governador Marconi Perillo. Mas já avisou aos quatro ventos: se Marconi não se candidatar, vai apoiar o PT de Gomide.
O PDT é outro que pende para os lados de Friboi. O partido estava praticamente fechado com a candidatura de Vanderlan Cardoso, mas foi contaminado pelo poder sedutor de Friboi. Se não der certo essa negociação, a posição do prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda, pró-Gomide, pode ficar fortalecida.
Com esses partidos em sua coligação, Antônio Gomide cresceria bastante quanto à perspectiva geral. E ainda assim ele terá que encabeçar uma campanha eleitoral um pouco mais que genial para chegar ao governo do Estado. Para se entender o tamanho do desafio dele, basta lembrar que de agora até outubro, ele terá que crescer e se tornar mais conhecido do que tudo aquilo que o seu partido, o PT, conseguiu fazer em Goiás, com candidaturas próprias, em toda a sua história.
Iris x Friboi
Há um ano, Júnior Friboi perambulava por aí como dono do PSB. No PMDB, sem a presença de Vanderlan Cardoso, de rápida passagem, Iris Rezende era o candidato que dizia que não era. Foi mais ou menos nessa época que Friboi começou a sonhar com o PMDB, e foi também nessa época que alguns setores peemedebistas viram nele um ótimo contraponto a Iris Rezende. De flerte foi a namoro. Daí pro casamento só dependeu dos padrinhos nacionais, Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB, e Michel Temer, vice-presidente da República e verdadeiro dono dos destinos do partido atualmente.
Teve festa, mas também teve encrenca séria. O candidato que dizia que não era candidato, e maior líder do PMDB goiano, Iris Rezende, não gostou nem um pouquinho só da forma como se deu a entrada de Júnior Friboi na família. Na época, esteve em Brasília para demonstrar sua contrariedade. Não adiantou. Às vésperas do final do prazo de filiação, o empresário assinou a ficha e selou seu destino. Para o bem ou para o desastre.
Iris finalmente revelou sua condição de candidato, e briga internamente com Friboi pela bênção do partido. Ninguém sabe com certeza qual dos dois vai sobreviver até as urnas para enfrentar Marconi. A favor do velho líder do PMDB está sua posição nas pesquisas eleitorais atualmente. Ele é o único que polariza pra valer contra o rival tucano. Friboi está lá atrás, embolado com Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide. Nessa disputa interna, o vencedor deverá herdar um partido com profundas divisões.
Há um ano, Júnior Friboi perambulava por aí como dono do PSB. No PMDB, sem a presença de Vanderlan Cardoso, de rápida passagem, Iris Rezende era o candidato que dizia que não era. Foi mais ou menos nessa época que Friboi começou a sonhar com o PMDB, e foi também nessa época que alguns setores peemedebistas viram nele um ótimo contraponto a Iris Rezende. De flerte foi a namoro. Daí pro casamento só dependeu dos padrinhos nacionais, Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB, e Michel Temer, vice-presidente da República e verdadeiro dono dos destinos do partido atualmente.
Teve festa, mas também teve encrenca séria. O candidato que dizia que não era candidato, e maior líder do PMDB goiano, Iris Rezende, não gostou nem um pouquinho só da forma como se deu a entrada de Júnior Friboi na família. Na época, esteve em Brasília para demonstrar sua contrariedade. Não adiantou. Às vésperas do final do prazo de filiação, o empresário assinou a ficha e selou seu destino. Para o bem ou para o desastre.
Iris finalmente revelou sua condição de candidato, e briga internamente com Friboi pela bênção do partido. Ninguém sabe com certeza qual dos dois vai sobreviver até as urnas para enfrentar Marconi. A favor do velho líder do PMDB está sua posição nas pesquisas eleitorais atualmente. Ele é o único que polariza pra valer contra o rival tucano. Friboi está lá atrás, embolado com Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide. Nessa disputa interna, o vencedor deverá herdar um partido com profundas divisões.
A tempestade passou
Quase todos os cientistas políticos são praticamente unânimes ao avaliar que o governador Marconi Perillo conseguiu se recuperar e voltou a ser um fortíssimo concorrente ao governo mais uma vez. Há um ano, em abril de 2013, Marconi ainda estava fortemente abalado. Tanto no aspecto político como também administrativo.
Entre os maiores institutos de pesquisa de Goiás, Marconi lidera em quase todos os cenários. Somente Iris Rezende, o eterno rival, o ameaça seriamente. Fora ele, e se as eleições fossem agora, Marconi poderia ser reeleito já no primeiro turno. Mas é óbvio que a sua vantagem atual não é garantia de nada no futuro. Obvia-mente, na campanha eleitoral ele será o cara a ser batido por todos os demais candidatos. Terá que trabalhar uma campanha sem descanso, e manter a própria administração em alta. Pelo salto que ele conseguiu dar em um ano, quem quiser ganhar dele e de seu grupo terá que trabalhar o dobro e mais um pouco. Esse é o cenário atual, e não há muito espaço para grandes mudanças até o final de julho, início de agosto. Depois disso é que a disputa realmente vai pegar fogo.
Quase todos os cientistas políticos são praticamente unânimes ao avaliar que o governador Marconi Perillo conseguiu se recuperar e voltou a ser um fortíssimo concorrente ao governo mais uma vez. Há um ano, em abril de 2013, Marconi ainda estava fortemente abalado. Tanto no aspecto político como também administrativo.
Entre os maiores institutos de pesquisa de Goiás, Marconi lidera em quase todos os cenários. Somente Iris Rezende, o eterno rival, o ameaça seriamente. Fora ele, e se as eleições fossem agora, Marconi poderia ser reeleito já no primeiro turno. Mas é óbvio que a sua vantagem atual não é garantia de nada no futuro. Obvia-mente, na campanha eleitoral ele será o cara a ser batido por todos os demais candidatos. Terá que trabalhar uma campanha sem descanso, e manter a própria administração em alta. Pelo salto que ele conseguiu dar em um ano, quem quiser ganhar dele e de seu grupo terá que trabalhar o dobro e mais um pouco. Esse é o cenário atual, e não há muito espaço para grandes mudanças até o final de julho, início de agosto. Depois disso é que a disputa realmente vai pegar fogo.
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