José Eliton começou a carreira política como aliado de Ronaldo Caiado (DEM). Mas, quando o deputado federal decidiu romper com o governador Marconi Perillo, o vice-governador decidiu ficar ao lado do tucano-chefe. Houve um rompimento brusco, de caráter incontornável. Em seguida, Eliton trocou o DEM, partido pelo qual se elegera, pelo PP, do qual se tornou presidente regional. Caiado decidiu tomar-lhe o mandato, mas, apesar do questionamento do Ministério Público, a legislação ampara o vice.
O que está de fato em jogo? O governador Marconi Perillo propôs uma chapa “provisória” para a disputa de 2014: ele vai à reeleição, Eliton permanece na vice e o deputado Vilmar Rocha disputa mandato de senador. É uma chapa técnica e ideologicamente consistente, mas eleitoralmente, se retirado o nome de Marconi, perde densidade. A rigor, os votos de Eliton e Vilmar já “pertencem” ao tucano-chefe. Por isso, políticos como Jovair Arantes(PTB) e Magda Mofatto (PR) sugerem que Caiado seja incorporado à chapa majoritária, como candidato a senador. Motivo: atrai voto novo, sobretudo do eleitorado dito independente e crítico. Porém, na chapa majoritária, Caiado significa a exclusão de Eliton, porque Vilmar seria o candidato a vice.
Engana-se quem pensa que Eliton, por ser um político jovem, não tem capacidade de articulação. Tem, sim, e movimenta-se com rara habilidade. Entre seus aliados, diretos e indiretos, estão o prefeito de Goianésia, Jalles Fontoura (PSDB), os deputados federais Vilmar Rocha (PSD), Thiago Peixoto (PSD) e Sandes Júnior (PP), o presidente da Assembleia Legislativa, Helder Valin (PSDB), o prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Kennedy Trindade, o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Sebastião Caroço Monteiro e o economista Giuseppe Vecci (PSDB). Trata-se de uma rede azeitada.
Eliton, portanto, tem condições de se manter como vice de Marconi para a disputa deste ano. Porém, dependendo do resultado das pesquisas, assim que forem definidas as candidaturas, notadamente entre maio e junho, o governador vai interferir no processo — doa a quem doer, pois a política é a arte do pragmatismo absoluto.
Numa conversa com dois editores do Jornal Opção, no Palácio Pedro Ludovico, o governador disse que, em 2014, gostaria de fazer por Caiado o que este fez por ele em 1998. O jovem tucano vai colocar o interesse da base aliada acima do interesse pessoal de “A” ou “B”. Mas tudo será muito bem conversado, para evitar arestas instransponíveis. Entretanto, como se sabe, não há como fazer política, da grande à pequena, sem arestas e conflitos. Ressalte-se que o apreço de Marconi por Eliton não é apenas político — chega ao plano pessoal.
Para terminar uma frase de Matheus de Albuquerque para ilustrar o conflito entre Eliton e Caiado: “Todo homem superior precisa de três ou quatro inimigos, para não ficar sepultado na unanimidade dos louvores”.
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