sexta-feira, 5 de julho de 2024

O MILHO





 Estima-se que o milho surgiu há cerca de 7000 anos, no litoral mexicano, onde foi "domesticado" pelos indígenas.  Seu nome de origem indígena caribenha significava "sustento da vida". O milho foi o alimento básico de várias civilizações importantes ao longo dos séculos; os Olmecas, Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal na arte e religião.

Com a eventualidade das grandes navegações o grão acabou sendo disperso pelos continentes.

A maioria dos historiadores concordam que o milho terá sido introduzido na Europa pelos castelhanos.

Quando chegou à Inglaterra e à Espanha, o milho foi o alimento consumido por plebeus, escravos e animais. Seu consumo era basicamente em forma da farinha de milho, usada para engrossar caldos e em outras receitas. As classes mais altas e a realeza, tinham certo preconceito com o cereal, justamente por servir de alimento aos animais.

O substantivo «milho» foi dado no Velho Mundo pelos portugueses a um conjunto de plantas pertencentes à mesma família de espécies produtoras de grão que depois de transformado em farinha era utilizado no fabrico do pão e da broa.

O nome terá resultado do vocábulo latino «mĭlĭum» que é referido em documentos europeus, desde o período romano. Em Portugal, conhecem-se referências ao milho (ou milhão ou milhon) desde os tempos da primeira dinastia.

A cultura do milho conhece séculos de existência e o milho tornou-se muito importante para a dieta portuguesa .

"Em finais de Setembro, princípios de Outubro cortam-se as canas do milho, que são transportadas para a eira no carro de bois. Na eira faz-se a desfolhada.

A desfolhada é um trabalho agrícola onde se retira a espiga (ou maçaroca) da planta, que se chama milho. Embora possa parecer uma festa, é um trabalho duro e cansativo, tanto para os adultos, homens e mulheres, como para os jovens e as crianças que, por essas aldeias fora, trabalham no campo.

À medida que se desfolha, vai-se amontoando as espigas em cestos de verga ou de costelas que, depois de cheios, são despejados no canastro ou espigueiro.

Os jovens participavam entusiasmados nas desfolhadas, sempre na esperança de encontrar milho-rei ou rainha para poderem dar um beijo à namorada."

( texto de Jorge M. Cabral )

A Igreja Católica nem sempre via com bons olhos as festas praticadas durante a desfolhada;

" Até as simples desfolhadas...que congregavam toda a vizinhança e normalmente se prolongavam pela noite dentro , davam azo a desacertos e desordens que a malícia humana tem introduzido,  de estarem promiscuamente uns e outros."

( Luís Mendonça em Aspectos da Vida Quotidiana nos Açores)

Ancestralidades

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