sexta-feira, 11 de abril de 2014

Sem trégua, inflação de abril pode ir a 0,85%, segundo analistas


Ata do Copom abre divisão no mercado. Uma parte dos analistas acredita em fim do aumento dos juros. Outra prevê nova alta de 0,25 ponto percentual em maio, diante da resistência da carestia, puxada pelos alimentos


 (Reuters)



Apesar do otimismo demonstrado pelo governo, ressaltando que o pior da inflação ficou para trás após o surpreendente aumento de 0,92% em março, as previsões do mercado para a carestia nos próximos meses só pioram. Os analistas preveem um abril de reajustes disseminados e estimam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegará a até 0,85%, puxado, além da comida, pela alta da energia elétrica, dos remédios e dos serviços (manicure, cabeleireiro, mecânico, entre outros).

Em meio às divergências de projeções sobre os rumos do custo de vida, os consumidores não têm dúvidas de que a inflação está fazendo um estrago no seu orçamento. Os mais pobres que o digam. Entre as famílias com renda mensal de até 2,5 salários mínimos, a carestia cravou elevação de 0,85% em março, conforme o Índice de Preços ao Consumidor — Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getulio Vargas (FGV).


A expectativa do governo era de que as desconfianças do mercado em relação à inflação diminuíssem com a divulgação, ontem, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual os juros subiram de 10,75% para 11% ao ano. Mas, em vez de um documento consistente, o que se viu foi um rol de dubiedades, detonando uma onda de ruídos. Abriu-se um fosso entre os analistas. Uma leva deles entendeu que o BC encerrou o processo de aumento da taxa básica (Selic), mesmo com a carestia em disparada. Outra, consolidou a visão de que ainda haverá nova alta de 0,25 ponto percentual em maio.

A ordem no Palácio do Planalto é para que se mantenha, a todo custo, o discurso positivo. O temor é de que o quadro mais negativo se confirme, com estouros sucessivos do teto da meta de inflação, de 6,5%. A se consolidar tal previsão, a meta de reeleição da presidente Dilma Rousseff poderá se perder no meio do caminho. Foi o aumento do custo de vida que derrubou em seis pontos percentuais as intenções de voto da presidente segundo as últimas pesquisas. 

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