sexta-feira, 7 de abril de 2023

Ala da bancada evangélica dá guinada e acena para Lula

 

Plenário do Congresso Nacional: Lula busca apoio de parlamentares evangélicos


Senadores e deputados que se aproximaram do governo petista, somados ao contingente neutro na disputa com Bolsonaro (PL), correspondem a a metade da frente

Parte da bancada evangélica, um dos pilares do governo Bolsonaro, tem feito acenos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse grupo, somado ao que ficou neutro na última eleição presidencial e ao que apoiou a campanha do petista, corresponde à metade da frente parlamentar, uma das mais influentes do Congresso.

Em meio às negociações para a formação da base, o contingente entrou na mira do Palácio do Planalto.

Nem todos os membros da Frente Parlamentar, contudo, declaram-se evangélicos.

A frente evangélica se articula contra temas como igualdade de gênero, aborto, eutanásia e casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de também se opor à criminalização da violência e discriminação contra homossexuais, bissexuais e transexuais e de castigos físicos impostos por pais aos filhos.

Na nova legislatura, o número de fiéis na Câmara dos Deputados aumentou de 91 para 98. Metade deles, 49, é aliada de Bolsonaro, enquanto dez apoiam Lula. Outros 20 mantiveram-se neutros durante a disputa eleitoral do ano passado, e 19 distanciam-se, cada vez mais, do bolsonarismo e acenam para a nova gestão, conforme levantamento feito pelo jornal O Globo.

Em um aceno ao segmento, o governo avalia criar uma subsecretaria voltada para os evangélicos, com a atribuição de abrir diálogo com as igrejas. O pastor Paulo Marcelo Schallenberger, com histórico de atuação na Assembleia de Deus, chegou a se reunir com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, para tratar do assunto.

No Congresso, entre os 19,3% dos parlamentares evangélicos que já foram defensores de Bolsonaro, mas agora se afastaram, está Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor da Assembleia de Deus de Madureira. Ele, que no passado chegou a ser investigado por atos antidemocráticos, tenta se aproximar de Lula. O deputado compareceu a posses de ministros e criticou o silêncio de Bolsonaro após as eleições: “Beira a covardia”, disse à época.

Outros nomes que se engajaram na campanha de Bolsonaro, como Silas Câmara (Republicanos-AM), também têm buscado sinalizar, embora com menos intensidade, abertura para diálogo com o novo governo. Da Assembleia de Deus do Norte, Silas foi quem convidou Bolsonaro para a edição amazonense do evento Marcha para Jesus. Aos poucos, ele ensaia uma aproximação com o PT. No último dia 17, esteve com o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Na bancada evangélica, há ainda 19 deputados que nunca foram alinhados ao bolsonarismo. Entre os neutros, destaca-se Kim Kataguiri (União-SP), da Igreja Anglicana. Ao longo de todo o antigo governo, o parlamentar foi crítico de Bolsonaro e agora repete o movimento com Lula.

Metade da frente evangélica, por sua vez, se mantém alinhada com Bolsonaro. Nesse grupo está o atual líder da frente parlamentar e segundo vice-presidente da Câmara, Sóstenes Cavalcante. “Ser oposição ou base não passa pela bancada evangélica. Somos ideológicos, temos nossas pautas cristãs, o que faz com que entremos em conflito com o governo Lula. No entanto, cada parlamentar tem um partido e pode vir a ter diálogo com o governo, mas tenho certeza que, caso o presidente atente sobre valores de nossa religião, todos irão se posicionar contra e ser resistência”, afirmou.

Apesar de serem minoria na bancada e dentro das igrejas, 10 dos 98 parlamentares sempre estiveram ao lado de Lula e, inclusive, fizeram campanha para ele durante as eleições do ano passado. O caso mais conhecido é o da deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Ela pertence à Igreja Presbiteriana do Brasil.

Menos atuante em questões religiosas na Câmara, outro membro da tropa de choque de Lula que integra a bancada evangélica é André Janones (Avante-MG). Um dos principais estrategistas digitais do petista na campanha eleitoral, ele é da Igreja Batista da Lagoinha.

Assim como na população brasileira, a Assembleia de Deus lidera a representatividade na bancada no Congresso, com 31,6% dos quadros. De acordo com o Datafolha, 34% dos evangélicos do país são dessa denominação.

Outras duas igrejas que se destacam na bancada evangélica são a Universal (20,4%) e a Batista (15,3%). Esta última foi a que mais cresceu em comparação com o mandato anterior. Em 2018, foram eleitos dez batistas, número que saltou para 15.

Parlamentares goianos que integram o bloco religioso

Vanderlan Cardoso (PSD)

Dos três senadores goianos, dois estão alinhados com a bancada evangélica no Congresso Nacional: Vanderlan Cardoso (PSD) e Jorge Kajuru (PSB). Dos 17 deputados federais do estado, dois são evangélicos: Professor Alcides (PL) e Glaustin da Fokus (PSC).


			Ala da bancada evangélica dá guinada e acena para LulaProfessor Alcides (PL)

Vanderlan, que é empresário, tem uma tradição de vínculo com os pastores evangélicos da igreja Assembleia de Deus. Sua mulher, Izaura Cardoso, é pastora e ocupa a primeira suplência do senador Wilder Morais (PL).

Jorge Kajuru anunciou seu ingresso na Frente Parlamentar Evangélica sob o argumento de que é “cristão”. E explicou: “Eu sou um cristão. Vários pastores evangélicos salvaram a minha vida em momentos de depressão, de tristeza. Eu tenho profunda gratidão à Igreja evangélica”.


			Ala da bancada evangélica dá guinada e acena para LulaGlaustin da Fokus (PSC)

Reportagem de O Globo mostra que, em 2018, enquanto candidato ao Senado, um vídeo antigo de Jorge Kajuru veio à tona e causou revolta na comunidade evangélica após postar um vídeo em que criticava o dízimo — doutrina que consiste na oferta a Deus de um décimo da renda. “O cara tira o leite do filho dele para dar o dízimo para Deus. É um babaca, um idiota quem faz isso. Porque para chegar a Deus você não precisa pagar intermediário. Você não precisa dar dízimo para ninguém. Deus é de graça para todo mundo. Até porque se Deus cobrar dízimo, Deus também é um grande canalha. Aí eu vou passar a ser contra Deus”, dizia. À época, ele pediu desculpas.


			Ala da bancada evangélica dá guinada e acena para LulaJorge Kajuru (PSB)

O também empresário Glaustin da Fokus é pastor da igreja Assembleia de Deus, em Goiânia. Ele prioriza no Congresso as pautas conservadoras defendidas pelo movimento religioso, como defesa da família e posicionamento contra o aborto. Glaustin foi apoiado na campanha à reeleição, ano passado, pelo bispo Oídes do Carmo, líder da igreja Assembleia de Deus em Goiás.

O Professor Alcides (PL) frequenta igreja Assembleia de Deus, em Aparecida de Goiânia, onde funcionam as suas empresas. Na Câmara, Alcides acompanha a pauta conservadora.


Fonte:https://www.dm.com.br/



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