Dificuldade de acesso ao município de São Gabriel da Cachoeira, faz com que produtos sejam até 40% mais caros do que em Manaus
Correio Braziliense
Nas ruas, buracos e falta de saneamento: 56% da população é considerada pobre |
São Gabriel da Cachoeira (AM) — Nas últimas três décadas, à medida que, no Brasil urbano, os planos econômicos e as diversas trocas de moeda imprimiam a marca da desconfiança sobre o país, em São Gabriel da Cachoeira, cidade encravada na selva amazônica, o escambo imperava no comércio local. Na falta de uma moeda forte que inspirasse confiança, a população se apegava ao que, de fato, tinha valor econômico no município mais indígena do país: terras, alimentos e, principalmente, ouro.
Do aluguel de uma residência à caixa de sabão em pó vendido na feira, quase tudo podia ser comprado com o minério extraído da terra. Uma realidade que só começou a mudar a partir de 1º de julho de 1994, quando, a bordo de um avião Bandeirante, o real, enfim, desembarcou no ponto mais extremo a noroeste do Amazonas, na tríplice fronteira entre o Brasil, Colômbia e Venezuela, numa região conhecida como Cabeça de Cachorro.
Ressalvas não faltaram à nova moeda. “No começo, eu fiquei meio desconfiada com aquele dinheiro novo, porque era bem pouquinho, e não um montão de notas que eu recebia antes”, relembra a dona de casa Koracy, 39 anos, uma índia baré que há duas décadas passou a se chamar Clarice de Lima Horácio, uma prática comum entre os moradores da urbana de São Gabriel da Cachoeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário