Oncologista alerta para a importância de discutir a doença em mulheres com menos de 40 anos e aponta os principais impactos sociais, pessoais e econômicos.
O câncer de mama é uma realidade que afeta inúmeras mulheres em todo o mundo, mas poucos sabem que também pode se manifestar em mulheres jovens, com menos de 40 anos. Diante dessa questão delicada e ainda pouco explorada, o Diário da Manhã conversou com o Médico Leandro Gonçalves, especialista em oncologia clínica e membro do corpo clínico do Instituto Nacional de Oncologia e Hematologia (INGOH).
O médico compartilhou a importância de discutir essa doença nessa faixa etária, bem como os principais impactos sociais, pessoais e econômicos enfrentados por essas pacientes. Além disso, o especialista abordou a escassez de estudos direcionados a esse grupo específico, ressaltando a relevância de se ampliar a pesquisa sobre o câncer de mama em mulheres jovens no Brasil.
Ao contrário do que muitos imaginam, o câncer de mama em mulheres jovens não é tão raro quanto se pensava. Representando cerca de 10% dos casos totais de câncer de mama, essa doença impacta significativamente a vida das mulheres em fase reprodutiva. "É essencial discutir sobre o câncer de mama nessa faixa etária, uma vez que essas mulheres estão ainda construindo suas vidas, com planos para o futuro e muitos sonhos a serem realizados", destaca o Dr. Leandro Gonçalves. O diagnóstico precoce é crucial para oferecer a essas pacientes a melhor chance de tratamento e uma maior sobrevida.
Impactos sociais, pessoais e econômicos
O diagnóstico de câncer de mama em mulheres jovens não se limita ao âmbito da saúde. Ele acarreta uma série de desafios sociais, pessoais e econômicos. Muitas dessas mulheres estão no mercado de trabalho, o que pode ser afetado pela necessidade de consultas e tratamentos frequentes. "A dificuldade de se restabelecer no mercado de trabalho após o tratamento é uma realidade enfrentada por essas pacientes, e infelizmente ainda há casos de preconceito por parte de alguns empregadores", alerta o oncologista.
Além disso, o impacto também é sentido no âmbito familiar, especialmente quando a paciente tem filhos pequenos. A rotina e a dinâmica da família são alteradas, o que pode gerar uma sobrecarga emocional para todos os envolvidos. O câncer de mama em mulheres jovens tem um reflexo direto na economia familiar, uma vez que muitas delas são responsáveis pelo sustento da casa.
O Dr. Leandro Gonçalves ressaltou a falta de estudos exclusivamente voltados a mulheres jovens com câncer de mama no Brasil. Muitas pesquisas englobam pacientes de diferentes faixas etárias, o que acaba dificultando a compreensão de aspectos específicos relacionados a essa população. "É fundamental investir em pesquisas que analisem as particularidades biológicas e clínicas das pacientes jovens, para que possamos oferecer tratamentos cada vez mais adequados e personalizados", enfatiza o especialista.
Diferenças no cenário do câncer de mama em mulheres jovens
O diagnóstico de câncer de mama em mulheres jovens apresenta particularidades distintas em relação à pacientes mais velhas. Essas pacientes tendem a ter tumores diagnosticados clinicamente, uma vez que não há diretrizes específicas para o rastreamento nessa faixa etária. Além disso, esses tumores são geralmente mais agressivos biologicamente, o que influencia diretamente no tratamento a ser adotado. Outro ponto importante é a maior predisposição genética nesse grupo, o que impacta na cirurgia, no tratamento sistêmico e no planejamento familiar.
A discussão sobre o câncer de mama em mulheres jovens é imprescindível para compreendermos os desafios enfrentados por esse grupo específico e oferecermos o suporte necessário. Com uma maior conscientização sobre o tema e a realização de estudos direcionados, será possível avançar na melhoria dos tratamentos e na qualidade de vida dessas pacientes. O diagnóstico precoce, o apoio familiar e o acompanhamento médico adequado são essenciais para que essas mulheres enfrentem com mais esperança e resiliência o desafio do câncer de mama em sua fase mais jovem da vida.
Por SABRINA OLIVEIRA
Fonte:https://www.dm.com.br/
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