Na última edição da Marcha para Jesus, evento que acontece anualmente em São Paulo, um grupo chamou atenção com um protesto pacífico. O movimento Igreja Sem Política, constituído em 2020 e que reúne pelo menos 80 evangélicos, entre diretoria e voluntários, levantou uma faixa com o slogan “A igreja é de Cristo” e distribuiu panfletos na praça Heróis da FEB (Força Expedicionária Brasileira), próximo ao evento.
Em entrevista à Folha, José Luiz Barboza Filho, vice-presidente do movimento, destacou que a iniciativa busca alertar os cristãos para a importância de se manter a igreja livre de vínculos políticos.
“Na Bíblia Sagrada e em toda existência de Jesus Cristo não há menção e nem exemplos de qualquer vínculo político. Não teve política na escolha dos apóstolos, por exemplo. Quando vemos essa quebra, o nosso grupo alerta os cristãos”, disse Barboza Filho.
O vice-presidente do movimento ainda reforçou a importância de a igreja não estar atrelada ao Estado e a ideia de que a fé dos cidadãos não deve ser guiada por orientações políticas. “Uma hora o evangélico é de direita, no outro ano é de esquerda. Somos cidadãos livres e a nossa ideologia é cristã”, afirmou.
Durante o evento, que teve a ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que viajou para a França, mas contou com a presença de seu filho Ricardinho e do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), houve também momentos de desconforto e contestação.
O governador Tarcísio, ao ser anunciado, foi vaiado por um dos participantes, o motorista Thiago Costa, 36, que afirmou que os políticos não deveriam participar do evento. “A marcha não é para Jesus? Acho que esses políticos não deveriam estar aqui. Eu sou Lula, não vim aqui para ver esses caras que não estão nem ligando para os pobres”, disse Costa.
A analista de programas de computador Michele Souza, 26, também relatou desconforto com a presença do político. “Estou aqui pela adoração, que é a parte boa. Acho que não deveria abrir esses espaços para políticos, até porque Deus não divide a sua glória.”
Já o analista de obras Maurício Marinho, 41, considerou positiva a presença de Tarcísio, acompanhando até mesmo a leitura de um trecho da Bíblia que o governador fez. “Acho muito importante demonstrar que a fé está em todos os segmentos da sociedade”, disse. “A política não é o principal, estamos aqui pela fé”, complementou.
Esse evento, que foi marcado por contrastes de opiniões, destacou a questão da relação entre religião e política, um debate que parece longe de ter um consenso.
Fonte:https://www.fuxicogospel.com.br/
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