sábado, 18 de fevereiro de 2023
Aos 90 anos, idosa aprende a ler e escrever: 'Iluminou meus passos'
Aos 90 anos, idosa aprende a ler e escrever em Senador Canedo — Foto: Divulgação/Xande Manso--
Natália da Silva conta que não estudou quando era mais jovem porque o pai dizia que ela iria escrever cartas para namorados. Além disso, ela se dedicou aos 11 filhos e ao trabalho no campo.
Aos 90 anos, a idosa Natália Teodolina da Silva aprendeu a ler e a escrever, em Senador Canedo. Ela conta que que não estudou quando era mais jovem porque o pai dizia que ela iria escrever cartas para namorados. Além disso, ela se dedicou aos seus 11 filhos e ao trabalho na zona rural.
“Pra mim vale muito. Foi uma benção. A professora gosta de passar muitas leituras e coloca a gente para copiar. Não adianta querer as coisas e ficar de braços cruzados, se quer, tem que lutar. O novo aprendizado faz com que você não dependa de ninguém”, contou a idosa.
Natália é viúva há 26 anos e é natural da Bahia. Ela mora no Jardim Todos os Santos, em Senador Canedo com o filho, mas já morou em Anapólis e Goianésia.
“É muito chato, ver as pessoas fazendo algo e você não conseguir por não saber fazer. A leitura e a escrita iluminou meus passos, pois eu estava sem saber o que fazer da vida e a escola foi um novo caminho”, disse ela.
A idosa conta que quando era pequena, aos 12 anos, foi impedida de ler e escrever pelo pai. Depois disso, se casou, teve filhos e a leitura e a escrita ficaram de lado.
“Meu pai achava que iríamos mandar carta para namorados e sempre nos proibiu de aprender. Depois disso, me casei, tive 11 filhos e me dediquei a eles, e também ao trabalho”, ressaltou Natália.
Além de cuidar dos filhos, Natália sempre trabalhou na zona rural com corte de cana e seleção de grãos como milho e feijão. Ela também já trabalhou cuidando de crianças.
Ao O Popular, ela contou que há seis meses faz o curso “Alfabetização e Família” e já aprendeu a assinar o próprio nome, escrever sua idade, soletrar e formar algumas palavras.
“Não escrevo muito bonito não, mas ponho o pau pra quebrar, de pouco em pouco a gente chega lá”, brinca dona Natália.
Hoje, a idosa vai para as aulas de segunda e sexta-feira em um carro disponibilizado pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Semasc), que busca e deixa os alunos em casa. Natália concluiu a primeira etapa do curso.
A formatura do primeiro módulo está prevista para este mês de fevereiro e ela diz que quer continuar aprendendo ainda mais. “Eu já tinha tentado começar a estudar antes, mas não deu certo. Ano passado, a equipe da Semasc veio aqui e perguntou se eu queria. Foi uma felicidade grande”, explica emocionada.
Curso
O curso “Alfabetização e Família” tem duração de 4 a 6 meses, com 6 horas de aula por semana. Realizado de forma presencial, é gratuito e inclui a entrega de livros didáticos e materiais escolares como caderno, dicionário, tesoura, cola, lápis de cor e lápis de escrever.
As turmas são reduzidas e compostas por cerca de cinco a dez alunos. A busca pode ser feita, por exemplo, pelo Cadastro Único (CadÚnico), Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Núcleos de Assistência Social.
A realização do curso é um projeto do Governo de Goiás com parceria da Prefeitura de Senador Canedo. Para se inscrever, o cidadão pode entrar em contato com a Gerência de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pelo telefone: (62) 3243-6764.
(Idosa de 90 anos na escola em Senador Canedo — Foto: Divulgação/ Xande Manso)
Programa
O programa Alfabetização e Família foi criado em 2019 com o objetivo dar às pessoas que não tiveram a chance de estudar na idade certa, a oportunidade de aprender a ler e a escrever.
A intenção é que essas pessoas tenham posteriormente condições de ingressar em turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e concluir a Educação Básica.
O Alfabetização e Família tem como foco a alfabetização de adultos, principalmente nos municípios com os maiores índices de analfabetismo por domicílio, levantados no Índice Multidimensional de Carência (IMCF), do Instituto Mauro Borges (IMB).
Até novembro de 2022, o programa de inclusão social atendeu 3.688 jovens, adultos e idosos em 149 municípios goianos.
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Por Vanessa Chaves e Giovanna Campos, g1 Goiás e O Popular
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