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quinta-feira, 16 de março de 2017

Grupos ajudam familiares a lidar com dificuldades de viver com um alcoólico


Grupos Familiares Al-Anon são associações sem fins lucrativos cujas reuniões são baseadas no compartilhamento e na troca de experiências sobre a convivência com indivíduos que têm a doença




Os danos causados pelo alcoolismo não se restringem apenas a quem sofre com esse tipo de dependência. Familiares e amigos também se envolvem e sofrem com as consequências do vício. Foi com o intuito de oferecer apoio a essas pessoas que a esposa de um dos fundadores dos Alcoólicos Anônimos (AA) criou o Al-Anon. Ela percebeu que não bastava o marido parar de beber, ela também precisava se recuperar. Hoje, os Grupos Familiares Al-Anon são associações sem fins lucrativos cujas reuniões são baseadas no compartilhamento e na troca de experiências sobre a convivência com indivíduos que têm a doença.
 
 
Sofia** frequenta o grupo de apoio há três anos e conta como a experiência a ajudou. “Depois que entrei no Al-Anon, eu me livrei da sensação de culpa. Com o grupo, entendemos que não causamos o alcoolismo. Na verdade, compreendemos que não podemos controlá-lo nem curá-lo”.  Ele sofre com o problema desde a infância. “As consequências desse vício sempre tiveram reflexos em mim. Primeiro com meu pai, que, apesar de ser um alcoólico passivo (que não são agressivos), magoava minha mãe. Devido à doença dele, ela acabava somatizando tudo, ficando sempre estressada e descontando nos filhos. Depois de adulta, vieram as complicações geradas pela bebida com meu marido. É uma doença que machuca todos ao redor”, relata.

As reuniões de Al-Anon são confidenciais e o único requisito para fazer parte da associação é ser familiar ou amigo de alcoólicos. Assim como ocorre nos encontros do AA, são grupos de autoajuda, onde a identidade dos participantes é protegida. Há um grupo separado para adolescentes e jovens de 13 a 19 anos, o Alateen. “Esses grupos são direcionados a filhos de alcoólicos. Por conta de, nas reuniões do Al-Anon, serem abordados, algumas vezes, assuntos pesados, mais maduros, nasceu esse espaço para os mais novos dividirem entre eles suas questões”, explica a coordenadora de serviço de informação do Al-Anon, R. Silva.

Assim como os Alcoólicos Anônimos, associações de homens e mulheres que se ajudam mutuamente a permanecerem sóbrios, os grupos familiares Al-Anon são irmandades formadas por pessoas que têm parentes ou amigos dependentes. Os encontros ocorrem em unidades básicas, grupos locais que estão espalhados por bairros ou cidades. No Distrito Federal, diversas regiões administrativas sediam as reuniões (veja o quadro). Cada grupo se encontra regularmente e os membros relatam entre si as experiências, seguindo os 12 passos e as 12 tradições — também usadas no AA para ajudar no processo de recuperação e adaptadas ao Al-Anon.


Conflitos

A professora Eliane Maria Fleury Seidl, do curso de psicologia da Universidade de Brasília (UnB), explica que o uso disfuncional de bebida alcoólica pode repercutir de várias formas em pessoas próximas aos dependentes. “Em alguns casos, é comum parentes e amigos, quando começam a notar que o hábito de beber está trazendo prejuízos nos planos pessoal, conjugal, familiar ou laboral, sugerirem a busca de ajuda profissional, por exemplo. Isso pode gerar conflitos, porque nem sempre a pessoa que está fazendo uso abusivo aceita”, comenta a docente.

Entre as políticas públicas voltadas ao alcoolismo no Distrito Federal, destacam-se os Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas do DF (CAPs-AD). São unidades de tratamento que prestam assistência a dependentes e também a familiares. De acordo com a Secretaria de Saúde, entre 20% e 30% dos usuários tratados pelo serviço se recuperam, ou seja, pessoas que, após dois anos de tratamento, não voltaram a beber.

Segundo a pasta, os oito CAPs-AD recebem de 400 a 600 pacientes mensalmente. As intervenções são feitas desde a atenção básica, por meio de programas de rastreio, até o nível hospitalar, com leitos específicos para atendimento de dependentes em hospitais regionais. “Existem possibilidades para participação da família no processo de recuperação. Há multiplicadores sociais prontos para auxiliar em orientações e dar o melhor atendimento aos que convivem com dependentes. O intuito é não deixá-los cair na codependência”, explica o psiquiatra da Secretaria de Saúde Leonardo Moreira.

Outra iniciativa, da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), também propõe apoio ao núcleo familiar. O programa Ame, Mas Não Sofra foi criado em dezembro de 2013 e tem como objetivo auxiliar os parentes de dependentes de diversas drogas. De acordo com informações do GDF, em 2015, o programa prestou 665 atendimentos. Desse total, 76% eram mulheres, 24%, homens, e 27%, dependentes de álcool.
 

Contato

Al-Anon do Distrito Federal
Serviço de Informação do DF (SIB)
SEPN Quadra 506, Bloco D, Sala 114, Edifício Sagitários — Asa Norte
Telefone: 3273-0404
E-mail: alanondf@alanondf.org.br
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
 
** Nome fictício 

Fonte: Correio Braziliense

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