quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Bancada evangélica não cresce e alcança só 20% da Câmara

A bancada evangélica identificou 102 deputados federais e 13 senadores que devem engrossar suas fileiras na próxima legislatura. Isso equivale a 20% da Câmara e 16% do Senado. O número fica aquém dos 30% de parlamentares que o presidente do bloco, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vislumbrou alcançar nesta eleição, A meta era se aproximar do tamanho dos evangélicos na população, estimado nesses 30%. Membro da igreja Assembleia der Deus Vitória em Cristo, de Silas Malafia, Sóstenes diz que o grupo deverá ter tamanho similar ao da atual bancada e aponta motivos para a frente não ter crescido. O deputado afirma que este pleito elegeu muitos bolsonaristas, parcela que será conservadora e de direita, mas não é evangélica. Ainda. Um projeto pessoal que ele tem, conta, é evangelizar colegas para que eles se convertam à sua fé. Carla Zambelli (PL-SP) é um exemplo. Ela tinha migrado do catolicismo para o evangelicalismo, mas em agosto contou ao jornal Folha de S.Paulo que ainda estava na dúvida. “Sofri um baque nesta semana, conheci a imagem da Nossa Senhora que chora.” Sóstenes afirma que conversou com a parlamentar e lhe disse que ela teve “um encontro com Cristo”. A conversão, explicou, era um processo. “Estou a ajudando a definir o que o coração dela quer.” O líder da bancada vê outro empecilho para a dilatação do bloco: a pulverização de candidaturas evangélicas, em parte puxada por presidentes de partidos que colocaram para jogo eleitoral nomes sem grandes chances de ganhar. Esses candidatos, contudo, tiveram sua cota de eleitores, o que colaborou para drenar a votação de quadros religiosos mais fortes, que acabaram não entrando. Novas adesões A nova Frente Parlamentar Evangélica ganhará adesões de peso, como Nikolas Ferreira (PL-MG), que aos 26 anos virou o recordista de votos para a Câmara no país todo. A juventude evangélica e bolsonarista também será representada por André Fernandes (PL-CE), de 24 anos. Há pelo menos cinco nomes da esquerda que espelharão a minoria progressista da religião. Duas são deputadas reeleitas do PT, Rejane Dias (PI) e Benedita da Silva (RJ). Aumentam o time André Janones (Avante-MG), Marina Silva (Rede-SP) e o pastor Henrique Vieira (PSOL). A bancada do ano que vem ainda pode encolher ou crescer. Alguns dos eleitos, por exemplo, têm a candidatura sub judice. Sóstenes também lembra que sua equipe ainda não fechou o balanço. Podem surgir novatos que são evangélicos e eles ainda não sabem. Há estados com metade dos escolhidos nas urnas que se declaram evangélicos, caso de Roraima e Amazonas, segundo o deputado. Outros não têm nenhum nome até o momento, como Rio Grande do Norte. Damares Alves (Republicanos-DF) e Magno Malta (PL-ES) são alguns dos evangélicos que terão cadeira no Senado. Ela era assessora parlamentar de Malta, ex-senador que agora volta ao posto. Quando ganhou o cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cobiçado por Malta, foi acusada por pares cristãos de traição. Os dois, agora, voltam ao Congresso como colegas. Sóstenes define Malta como “nosso pit bull”. Entre as matérias de interesse dos evangélicos, estão voto contra a legalização do aborto, a favor da redução da idade para maioridade penal e restrições dos direitos da comunidade gay. Em Goiás Dos 17 deputados federais goianos, dois são pastores evangélicos: Jeferson Rodrigues (Republicanos) e Glaustin da Fokus (PSC). Rodrigues é membro da igreja Universal do Reino de Deus e Glaustin integra a Assembleia de Deus. O professor e empresário Professor Alcides (PL) frequenta a igreja Assembleia de Deus. Tanto Jeferson quanto Glaustin prometem atuação independente em plenário em relação ao governo Lula, já que, nas eleições deste ano, estiveram no palanque de Jair Bolsonaro. Na atual bancada, o destaque é o deputado João Campos (Republicanos), que não concorreu à reeleição. El é pastor da igreja Assembleia de Deus. Igrejas evangélicas aumentam poder no Congresso com perfil conservador A bancada evangélica será reforçada por campeões de voto e pelo aumento do poder das grandes igrejas do segmento no Congresso Nacional, ganhando evidência na defesa da pauta de costumes, a partir de 2023. Levantamento feito com base no resultado das eleições deste ano mostra que, dos 203 integrantes da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, 177 foram candidatos a novo mandato. Deste total, 109 tiveram sucesso, uma taxa superior a 60%.Além da reeleição de deputados que já ocupam uma vaga na Casa, a bancada será reforçada por novatos e campeões de voto nos Estados. O bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), integrante da Comunidade Evangélica Graça e Paz, foi o deputado mais votado do Brasil, com 1,492 milhão de votos. Na outra ponta, o deputado André Janones (Avante-MG), da Igreja Batista da Lagoinha e aliado do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi reeleito com votação expressiva (238.967 votos). Janones conquistou o segundo lugar em Minas. No Paraná, o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol foi o mais votado e deve engrossar a bancada da Bíblia em Brasília. Deltan pertence à Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, e costuma fazer palestras e pregações nos púlpitos evangélicos. Ele se juntará a Filipe Barros (PL), da Igreja Presbiteriana Central de Londrina, reeleito no Paraná. Em Pernambuco, o candidato campeão de voto foi André Ferreira (PL), oriundo da Assembleia de Deus e filho do pastor e deputado estadual Manoel Ferreira. No Ceará, o deputado mais votado, André Fernandes (PL), também é oriundo da Assembleia de Deus e promete reforçar a pauta conservadora de costumes defendida por evangélicos no Congresso. A bancada da Bíblia ainda não fez um levantamento final sobre o número de evangélicos eleitos em 2 de outubro, mas calcula que vai aumentar com os novos parlamentares, a maioria dos quais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Vai ter um grupo mais coeso agora porque os novos deputados eleitos são evangélicos e é gente bem mais aguerrida. Isso vai ficar muito bom para a bancada”, disse o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP), um dos principais articuladores do grupo e reeleito para o quarto mandato na Câmara. Crescimento Pastores de grandes igrejas mantiveram e até ampliaram seu poder na Câmara. Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no Rio, conseguiu reeleger o deputado Sóstenes Cavalcante (PL), presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Já em São Paulo, o deputado Paulo Freire Costa (PL) ganhou mais um mandato. Ele é pastor da Assembleia de Deus do Belém em Campinas e filho do patriarca da igreja, José Wellington Bezerra da Costa, a maior do segmento no país. Neste ano, as igrejas evangélicas adotaram estratégia diferente e, em vez de dividir votos entre candidatos, ungiram nomes competitivos em cada Estado. Em Alagoas, por exemplo, a Madureira abriu mão de lançar um integrante da denominação para apoiar oficialmente a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), o mais votado no Estado. A tendência é que a Assembleia de Deus continue com a maior parte da bancada. A instituição é dividida entre diferentes alas que costumam disputar a liderança da Frente Parlamentar e até a abertura de templos em pequenas cidades, mas acaba se unindo em temas de interesse comum no Congresso, como isenção de impostos a igrejas e pautas de costume. Fonte:https://www.dm.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário