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domingo, 4 de abril de 2021

Dança das cadeiras-- Parlamentares avaliam aceno ao Centrão e busca por influência nos quartéis com reforma ministerial

Por Isabel Oliveira
Mudança atingiu seis pastas e parlamentares não descartam relação com possível preparação para as disputas eleitorais de 2022 O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promoveu na última semana a maior série de trocas de primeiro escalão em único dia desde o início do governo. Foram seis ministros que deixaram seus cargos. As mudanças afetaram as seguintes pastas: Ministério da Defesa; Ministério das Relações Exteriores; Ministério da Justiça; Casa Civil; Advocacia-Geral da União (AGU); e Secretaria de Governo. Entre os motivos que podem ter influenciado as movimentações no Planalto está o claro aceno ao Centrão e a tentativa de aumentar a influência junto a ala militar nos quartéis. Da Secretaria de Governo da Presidência da República saiu o general Luiz Eduardo Ramos, que vai para a Casa Civil. A nova ministra deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume a pasta como um gesto de Bolsonaro ao Congresso Nacional. Uma surpresa foi a troca no Ministério da Defesa, onde saiu Fernando Azevedo e Silva e assumiu o general Walter Souza Braga Netto, que estava na Casa Civil. A mudança é vista como manobra de Bolsonaro para ter influência política nos quartéis. O contexto de troca do Ministério das Relações Exteriores foi que a situação política de Ernesto Araújo vinha se desgastando nos últimos dias. Após pressão dos parlamentares, ele apresentou pedido de demissão. A pasta agora segue sobe o comando do embaixador Carlos Alberto Franco França. José Levi de Mello do Amaral Júnior entregou a Bolsonaro uma carta de demissão no comando da Advocacia-Geral da União. Um dos motivos para saída foi uma situação em que o presidente Jair Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas adotadas na Bahia, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul e Levi não assinou o documento. Na pasta, entra agora André Mendonça, que estava no Ministério da Justiça. Anderson Gustavo Torres, delegado da Polícia Federal e secretário de Segurança do Distrito Federal assume o Ministério da Justiça e Segurança Pública no lugar de André Mendonça . Na Casa Civil, saiu Walter Braga Netto e entrou o general Luiz Eduardo Ramos, que estava na Secretaria de Governo. Os parlamentares goianos que estão no Congresso Nacional avaliaram as mudanças feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Ao Jornal Opção, muitos se viram surpresos e até pontuam como desnecessária algumas das trocas. Entre os interesses, está o aceno ao Centrão, o medo do impeachment e busca por influência e apoio para o pleito de 2022. Reflexos e interesses
O deputado federal delegado Waldir (PSL) acredita que cada troca tem um fundamento e relata uma surpresa entre a dança das cadeiras no Planalto. “O que surpreendeu mesmo foi a saída do ministro da Defesa, mas ele também já vinha tendo um relacionamento difícil com o presidente, considerando a exigência do presidente no uso das Forças Armadas politicamente. E as Forças Armada são disciplinadas, tem hierarquia e não vão se submeter a nenhum presidente. Não vão se envolver nessa guerra política”, explica. Para o deputado, a troca dos três comandantes das Forças Armadas, ou seja, do Exército, Marinha e Aeronáutica pode criar um grande conflito para Bolsonaro. “Me parece que a troca dos três vai criar uma grande dificuldade do presidente da República, considerando que ao longo desses dois anos de mandato as unidades dessas instituições sempre foram utilizadas pelo presidente como locais para estar presente. Eu penso que criou uma tempestade desnecessária”, diz. Já o deputado federal Zé Mário (DEM), e também vice-líder do Governo na Câmara disse que os reflexos são administrativos. “Uma vez que o presidente Bolsonaro tem a prerrogativa de nomear e mudar os auxiliares quando quiser. O time tem que seguir o que o técnico quer e se o técnico acredita que tem gente que pode executar melhor o que ele tem em mente, que se mude, sem problemas”, afirma. Segundo o congressista, não há nenhum interesse que não sejam adaptações administrativas. “O foco é preparar o time nessa turbulência e que o time esteja preparado para acelerar feitos nesse final de mandato”, completa. O deputado federal Rubens Otoni (PT) avalia que o governo está cada vez mais dependente. “O governo Bolsonaro está cada vez mais dependente do Centrão. Essas mudanças demonstram que tenta desesperadamente escapar do impeachment”, disse. Por outro lado, o também deputado federal Vitor Hugo, líder do PSL na Câmara destaca a naturalidade da mudança ministerial de Bolsonaro. “É natural que todo governo com dois anos, que é a metade do caminho faça alterações para readaptar a equipe ao novo cenário que é encontrado. Inclusive fruto dos aprendizados e ensinamentos que foram colhidos ao longo dessa metade do caminho. Eu tenho certeza absoluta que essas mudanças vão ser para melhorar o desempenho ainda mais do governo especialmente no contexto do combate a pandemia que nós vivemos”, ressalta. Para ele é claro que, as trocas foram feitas para que haja respostas mais rápidas aos problemas que estão em discussão. “Essas mudanças refletem o desejo que o presidente tem de dar respostas ainda mais ágeis, oportunas e eficazes aos problemas que são recorrentes da pandemia e que são alvos das ações do enfrentamento a Covid-19. Acho que não tem nenhum outro objetivo por trás, é simplesmente uma adaptação administrativa normal que todo governo faz de tempos em tempos reavaliando os rumos e desempenhos e realocando recursos humanos de alto nível na alta administração da República”, pontua. A deputada federal Flávia Morais (PDT) constatou que as mudanças são uma tentativa de composição. “Demonstram um pouco de dificuldade do governo, e uma tentativa de composição com o parlamento. Ele tenta recuperar a popularidade por conta do grande desgaste que está tendo pela condução do enfrentamento ao Covid-19 no Brasil”, analisa. Já o líder do Podemos na Câmara, o deputado federal José Nelto afirmou que foi uma atitude de “bravatas”, se referindo a troca no Ministério da Defesa. “Isso mostrou que o presidente agiu com bravatas, querendo desmoralizar as Forças Armadas brasileiras. E ele acabou com isto, trocando seis por meia dúzia. As Forças Armadas brasileiras elas não cumprem o papel de ser polícia de governo. As Forças Armadas são forças do estado e tem o papel de fazer cumprir rigorosamente a Constituição”, disse. Aceno ao Centrão
Para o deputado Zé Mário, Bolsonaro tem diálogo aberto com ambos grupos parlamentares. “No nosso sistema presidencialista é importante que haja viabilidade política, vejo um diálogo entre Bolsonaro e as casas legislativas, mas com independência e sem subserviência entre elas”, diz o democrata. Para o petista Rubens Otoni, Bolsonaro perde força entre os seus próprios aliados, inclusive com as Forças Armadas. “A fragilidade cada vez maior do seu governo. É uma tentativa desesperada de não perder o Centrão, que o ameaçou através do Lira na semana passada”, destaca o deputado. Sobre o aceno ao Centrão, o deputado delegado Waldir pontua que pode ser considerado um aceno, porém, as mudanças relacionadas aos militares é um atrito ideológico. “Eu penso que o presidente perdeu duas vezes com essa mexida. Primeiro porque perdeu um ministro extremamente aliado a ele e ao filho, da ala ideológica de extrema direita, que era o ministro das Relações Exteriores. E perde mais uma vez, quando troca os comandantes das forças militares das outras bases. Eu vejo que o presidente perdeu nessa ação dele, sofreu prejuízo político pois, ele criou um atrito desnecessário”, pontua . Para o líder do Podemos, José Nelto governo nenhum consegue assegurar poder com desemprego, fome e violência. “Foi decisão de bravatas para garantir apoio. O Centrão não quer mudança no exército, o Centrão quer poder e orçamento. O Centrão ele quer tomar o poder e não está preocupado nesse momento em trocar cargos das Forças Armadas, pelo contrário quer a garantia da democracia”, reforça o parlamentar. O deputado federal Francisco Júnior (PSD) disse que as mudanças no ministérios, apontam uma abertura maior de diálogo. “As mudanças promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro no seu ministério mostram uma maior abertura do Planalto ao diálogo político, não apenas por melhorar a interlocução com os outros poderes, mas também por cada vez mais se cercar de pessoas com outras linhas de pensamento e de ação”. De acordo com a avaliação do deputado, a discussão vai além, com questões sociais e econômicas que precisam ser revistas e solucionadas. “Com essa mudança de postura, o presidente dá importantes sinais de que esse diálogo maior e a participação mais decisiva de novos atores, sejam ministros, governadores, parlamentares e integrantes de outras esferas e poderes, será buscando soluções e a governabilidade”, reforça o parlamentar goiano. “Ao se abrir mais para os aliados, melhorar a articulação política e ampliar a participação no governo, o Planalto sinaliza que está disposto a realizar toda essa mudança. Mas essa mudança é uma via de mão dupla. Do outro lado, os partidos da base aliada também estão se comprometendo mais com o governo, se expondo mais ao estarem na linha de frente da gestão em plena crise, e também serão alvo das críticas e elogios pelos acertos e erros que ocorram”, avalia Francisco Júnior. De olho em 2022
Questionados sobre a possibilidade das ações do presidente estarem ligadas a sua preparação para a disputa de 2022, os parlamentares goianos acreditam que isso é claro e fazem ponderações. “Bolsonaro aproveita o momento para fazer movimentações políticas. Claro que, acredito que as mudanças podem ter aval político, no entanto, os nomes passam por questões técnicas também. Estamos falando de um momento ainda não superado, o da pandemia da Covid-19, sendo assim o foco deve continuar sendo acabar com os danos da pandemia. A reconstrução do Brasil começa quando acabarmos com esse mal que assola nossa sociedade”, afirma o democrata, Zé Mário vice-líder do Governo na Câmara. Para o deputado federal delegado Waldir, é óbvio a preparação de Bolsonaro para o ano que vem. “É transparente isso. Ele tenta manter o máximo de apoio do Centrão, inclusive para as eleições do ano que vem, tenta acenar. Na Câmara, o que tem muito valor é a palavra dada, e na semana passada o Arthur ameaçou o presidente, e exigiu o cumprimento dos acordos. Se fez acordo, o presidente tem que cumprir”, disse. Para Flávia Morais, o presidente está sim de olho nas eleições de 2022. “Com certeza está servindo para se preparar para as eleições do ano que vem. Tem a intenção clara de se viabilizar para o próximo processo eleitoral”, avalia a deputada. O deputado, José Nelto afirma que para que haja preparação para 2022 é preciso se preocupar com as prioridades do país. “Para se preparar tem que ser contudo, tem que melhorar a economia, fazer o Brasil crescer, fazer a reformas que o país precisa. Preparar as eleições é buscar o voto, tem que ganhar as eleições é no voto e não dentro dos quartéis”. No senado
Na avaliação do senador Jorge Kajuru (Cidadania), “são mudanças preocupantes, porque nenhuma delas nós soubemos o motivo. Mas eu prefiro ser otimista”. Para ele, Bolsonaro só tem pensado na reeleição. “Não tem outra prioridade, nem com os mortos diariamente da Covid-19 no país. A reeleição é má e nos custa males impressionantes”, completa. Para o parlamentar, o maior medo de Bolsonaro é o impeachment. “Além da reeleição dele, está o medo de sofrer o impeachment por tudo que o cerca. Ele não tem amigos necessários que um governo precisa ter, então por desespero ele vai para o chamado tudo ou nada”, ressalta. Segundo o senador, o Centrão apoia por interesse. “Apoia [Bolsonaro] desde que ele [Centrão] tenha o retorno que ele quer. O Centrão em troca de ministérios e poder ele faz qualquer coisa”, conclui. Fonte: https://www.jornalopcao.com.br/

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