CAMPANHA DE UTILIDADE PÚBLICA--INFRAESTRUTURA

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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Reportagem Especial --Especialistas sugerem que virada eleitoral entre candidatos pode acontecer em setembro


Ronaldo Caiado (DEM) lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo de Goiás, mas José Eliton (PSDB), Daniel Vilela (MDB) e Kátia Maria (PT) estão no páreo e não podem ser descartados| Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção/Divulgação
















 O alto índice de eleitores sem preferência por candidatos ou partidos eleva as expectativas sobre uma reviravolta na intenção de votos a um mês e cinco dias das eleições (o primeiro turno se dará no dia 7 de outubro, num domingo). Segundo diretores de institutos de pesquisa e cientistas políticos, as chances de uma mudança no cenário político são grandes, a exemplo do que ocorreu em eleições passadas para a Presidência da República e governos estaduais. Os especialistas em eleições e pesquisas concordam que esta disputa deste ano é praticamente nova, sem conhecimento algum de como o eleitor vai reagir nas urnas.
A população não quer definir o voto agora devido a influência da situação socioeconômica brasileira e moral, devastada pelas constantes revelações da Operação Lava Jato — na Justiça Federal em Curitiba (PR), no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Polícia Federal (PF) — sobre personagens carimbados que militam há anos no Congresso Nacional, avalia o cientista político goiano Servito Meneses, professor aposentado na Universidade Federal de Goiás (UFG).
Este cenário reflete a inquietude dos candidatos durante a campanha em não entender o que espera o eleitor que está afastado da política. Em Goiás, os candidatos ao governo do Estado iniciaram a campanha pelas tradicionais carreatas nas cidades, debates nos veículos de mídia e alguns comícios com os postulantes das chapas majoritárias. Este périplo em busca de entender as demandas do eleitor tem o objetivo de subir nas pesquisas de intenção de voto. As equipes dos candidatos se esforçam para esquadrinhar as estratégias de campanha que os levarão a tão esperada reviravolta — ou manutenção de uma posição — no cenário eleitoral.
O diretor de pesquisas do Instituto Grupom, Mário Rodrigues, condiciona a volta na roda gigante do cenário goiano quando os candidatos entenderem que os eleitores mudaram radicalmente nos últimos quatro anos, quando aconteceu a última eleição majoritária no Estado. “Todo mundo procura um candidato honesto e por isso não vai definir o voto agora”, explica. A tal roda gigante vai se mover após dez dias de propaganda eleitoral gratuita na televisão e rádio. “É onde todo candidato está apostando, na TV e nas pílulas. Para o Legislativo estadual, praticamente 10% dos eleitores têm definido o seu voto e 8% definiram candidatos à Câmara dos Deputados.”
O professor titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da Universidade de São Paulo (USP) Gaudêncio Torquato desenvolveu uma fórmula utilizada pelos candidatos na produção de conteúdo eleitoral durante as campanhas. Trata-se da “Bobacor”: bolso cheio, barriga cheia, coração agradecido e cabeça feita. O renomado consultor político e eleitoral explica que os eleitores buscam esses valores nos discursos dos candidatos e, quando identificam, acabam por votar em figuras que seguiram sua equação. Para Gaudêncio Torquato, a virada eleitoral depende do candidato que conseguir transmitir ao eleitor os valores necessários para o momento político. Em 2018, ele aponta, principalmente, a geração de emprego e renda como discurso de impacto a ser usado pelos concorrentes ao Planalto.
Com a propaganda eleitoral gratuita no horário televisivo e rádio, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) tem chances de recrutar mais eleitores que seus concorrentes, pelo maior tempo de exposição, se conseguir usar o espaço de forma criativa e seduzir a população com propostas que atendam as demandas de emprego, segurança pública e saúde.
Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG) Robert Bonifácio, a cultura do eleitor brasileiro é muito personalista e explica a vantagem do senador Ronaldo Caiado (DEM) nas pesquisas de intenções de voto. O candidato do DEM a governador tem mais tempo de trajetória política que os adversários e seu nome ocupa a memória dos eleitores.
A mudança de posição dos candidatos no cenário goiano, que podem conquistar mais eleitores e experimentar uma subida no ranking de pesquisas, pode acontecer de acordo alguns fatores, explica Servito Meneses. “O candidato que lidera as intenções de voto pode cometer algum deslize de discurso ou falha na estratégia da campanha e acabar caindo alguns pontos. Quem está em segundo e terceiro lugar pode encontrar o caminho de discurso e proposta que o eleitor quer e, conseguindo incorporar esse anseio da população, ganhar mais pontos para chegar ao segundo turno.”
Os fatores indicados por Servito Meneses geralmente acontecem com um candidato uma ou duas posições abaixo do líder nas pesquisas. O postulante consegue mostrar a relevância de suas propostas à população ou receber capital político de seus padrinhos. O professor explica que o candidato do MDB ao governo estadual, Daniel Vilela, tem chance de mudar a tabela por meio de seus dois padrinhos: o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), e o ex-governador de Goiás Maguito Vilela (MDB) — que é seu pai. Daniel Vilela também pode encontrar o caminho correto para conquistar o eleitor por meio de propostas, o segundo fator apontado pelo mestre da UFG.
O governador de Goiás José Eliton (PSDB) — que disputa a reeleição — também pode contar com o apoio de dois políticos para sair da estagnação nas pesquisas. Servito Meneses explica que José Eliton tem uma vantagem a mais do que seus principais concorrentes, Ronaldo Caiado e Daniel Vilela: o legado de obras e programas sociais da gestão de Marconi Perillo (PSDB), do qual foi vice-governador por quase oito anos, além de implementar outros projetos nos últimos meses de mandato. José Eliton tem o ex-governador Marconi Perillo e a senadora Lúcia Vânia (PSB) como padrinhos.
Na tese de Servito Meneses, Ronaldo Caiado tem apenas os projetos de governo para se manter ou ganhar mais pontos com a população. O senador não tem padrinhos políticos em sua coligação. Os políticos que o acompanham são “menores” em termos de força política — como Adib Elias, prefeito de Catalão, Wilder Morais, senador que era suplente, e Lincoln Tejota, que só disputou eleição até deputado estadual. A política mais sólida que o apoia, a deputada federal Flávia Morais — a terceira mais bem votada na eleição de 2014 —, não quis figurar na sua chapa majoritária. Preferiu concorrer à reeleição.
Virar a mesa na TV e debates

Servito Menezes, Marcus Vinícius Queiroz, Mário Rodrigues e Robert Bonifácio: especialistas dizem que imagem passada por cada candidato será decisiva para uma eventual virada | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção/Divulgação
Os efeitos que essas circunstâncias podem trazer ao cenário goiano deverão ser evidenciados dez dias após a exibição do programa eleitoral gratuito na televisão e das pílulas inseridas na programação diária. “É onde todo mundo está apostando para virar a mesa”, prevê o dirigente do instituto Grupom, Mário Rodrigues, um dos mais qualificados pesquisadores de Goiás.
O professor Servito Meneses avalia que a eleição pode mudar de figura se Daniel Vilela e José Eliton se agarrarem aos seus pontos fortes: propostas, padrinhos, legado político. “Os dois têm condições de crescer na disputa para evitar uma vitória do Ronaldo Caiado no primeiro turno e um dos dois chegar ao segundo turno com força para virar o jogo. Agora depende deles. Quais lideranças vão ancorar melhor seus padrinhos?”, questiona o cientista político.
Robert Bonifácio analisa dois aspectos que vão influenciar a intenção de voto após a exibição dos palanques televisuais. O primeiro a ser interpretado é a conjuntura dos acontecimentos, o posicionamento dos candidatos nos debates e nas entrevistas e o tempo de rádio e televisão, momento em que os concorrentes vão apresentar propostas e atacar adversários. “Normalmente aquele candidato que tem mais tempo ganha mais intenção de voto.”
O segundo ponto levantado por Robert Bonifácio é a viabilidade das candidaturas. O doutor da UFG explica que o eleitor, em alguns casos, tem o seu candidato definido. Se este candidato não tiver condições de disputar o segundo turno, o eleitor tende a votar no segundo concorrente para enfraquecer o primeiro colocado. Um exemplo prático: um eleitor do PT que não viu sua candidata chegar ao segundo turno e teve que escolher entre Ronaldo Caiado e José Eliton ou Daniel Vilela, votaria na segunda opção para não permitir que Ronaldo Caiado vença a eleição.
Em Goiás, Robert Bonifácio acredita que os debates vão mostrar quem está mais preparado para chegar ao segundo turno. “Como Ronaldo Caiado é líder no eleitorado, é natural que seja atacado e o governador José Eliton também, por causa da força da máquina pública. Ainda tem 25% de cidadãos indecisos. Daniel Vilela e José Eliton podem apostar nos programas de governo e tentarem desconstruir Ronaldo Caiado. Outra estratégia seria buscar o voto dos indecisos. Essas estratégias dependem de um ajuste muito fino e eles precisam analisar o que é mais viável para cada um”, postula Robert Bonifácio.
Na eleição suplementar no Tocantins, que se encerrou no dia 24 de junho elegendo o governador-tampão — Mauro Carlesse (PHS) —, mais de um terço dos eleitores se absteve (34,86%) e 26,05% votaram branco ou nulo no segundo turno, o que chegou a 60,91% do eleitorado. Mais de 527 mil pessoas não optaram por qualquer um dos candidatos. O índice é recorde na história das eleições no Estado e ultrapassa o total de votos dos dois candidatos (Carlos Amastha e Mauro Carlesse). A ausência nas urnas disparou um alerta para as eleições de outubro, mas pode ser explicada pela votação fora de época e prazo mais curto de campanha, segundo Robert Bonifácio.
O publicitário e marqueteiro Marcus Vinícius Queiroz, especialista em campanhas eleitorais em vários Estados e na Colômbia — onde chegou a ajudar a eleger um presidente da República —, aponta que as viradas de votos acontecem depois de 15 de setembro. “As campanhas na televisão surtem muito efeito, é o momento quando o eleitor separa o joio do trigo.”
As pesquisas aferidas antes da segunda quinzena de setembro trazem dados da memória do eleitor, pontua Marcus Vinícius Queiroz. Isto significa que o voto não está cristalizado. Para o marqueteiro, não tem como definir nenhuma virada eleitoral com 67% de votos brancos, nulos e abstenções. “Não tem voto que não possa ser mudado num cenário como este”, sublinha o publicitário Queiroz. Robert Bonifácio corrobora que o resultado das pesquisas recentes decorre do recall dos candidatos.
Marcus Vinícius Queiroz avalia que o voto no governo, no candidato da situação, não muda pela relação que o eleitor tem com a máquina pública, seja de trabalho ou dependência de benefícios sociais. “O governador, pelo menos, tem sua porcentagem de voto garantida.”
Voto de esquerda deve ser consideradoA eleição em Goiás tem outro fator decisivo, na análise de Marcus Vinícius Queiroz: a disputa dos votos dos eleitores que votam na esquerda. O publicitário destaca a força política do ex-presidente Lula da Silva em solo goiano — as pesquisas indicam 37% de voto para o petista. “Não se pode menosprezar o fator Lula que tem movimentado o Brasil. Ele tem pautado a eleição nacional com sua pseudocandidatura e, com certeza, vai influenciar as intenções de voto da Kátia Maria.”
Além de Kátia Maria, mais três candidatos disputam os votos no bloco de esquerda: Daniel Vilela, Weslei Garcia (PSOL) e Marcelo Lira (PCB). A pergunta do publicitário é: “Quem vai conseguir atrair o eleitorado de Lula?”. “Acreditava-se que o petista estava acabado no auge do mensalão, mas conseguiu se reeleger em 2006, no momento mais crítico da sua carreira”, afirma Marcus Vinícius Queiroz.
O comportamento do eleitor vai mudar no final de setembro, porque tende a ser influenciado pelas mensagens dos candidatos neste período. Marcos Vinícius Queiroz frisa que os adversários de José Eliton tentam ampliar o desgaste do governo tucano nos últimos 20 anos, mas a população não se manifestou sobre a ofensiva. “Em 2014, todo mundo apostou no desgaste, mas no dia da votação o eleitor não quis trocar o certo pelo duvidoso. Naquele ano, os adversários apostavam nessa estratégia e em 2018 também estão apostando. Mas a tendência é que a população não queira perder as conquistas do governo. O eleitor está muito consciente para não entrar em conversa que não tenha consistência”, analisa.
No ninho tucano, apesar do desgaste, Marconi Perillo estava preparado para a campanha e o confronto direto com os adversários. Para Marcus Vinícius Queiroz, José Eliton conseguiu mostrar sua personalidade nos programas televisivos e nas rádios e isto pode ajudá-lo a conquistar os votos dos indecisos.
Um peso que desfavorece o candidato da situação, diferentemente de algumas eleições, como a de 2006, é o tempo de campanha, que, destaca Servito Meneses, retarda as ações dos concorrentes para se aproximarem de Ronaldo Caiado. “Do ponto de vista do conhecimento do eleitorado, o fenômeno é mais ou menos o mesmo que ocorreu em 2006. Alcides Rodrigues era o que é José Eliton hoje, muito ofuscado pelo tamanho de Marconi Perillo. O tempo desfavorece tanto Daniel Vilela quanto José Eliton. Mas, se um dos dois for para segundo turno, é prematuro dizer que Ronaldo Caiado ganharia a eleição.”
Pesquisadores, cientistas políticos e marqueteiros concordam num ponto: não se ganha eleição por antecipação. Noutras palavras, o jogo está aberto. Até abertíssimo. Mas é preciso agir — e rápido. A virada da mesa depende de muito trabalho e contato verdadeiro e direto (e também indireto) com os eleitores — tanto nas cidades quanto no palanque televisual.

Polarização entre Lula e Bolsonaro reflete extremos sociais no Brasil


Extremos: eleição presidencial está polarizada entre Lula e Bolsonaro | Fotos: Divulgação
A explicação para o distanciamento das pessoas do processo eleitoral está na situação socioeconômica do País e no aspecto moral. “Há anos tivemos fenômenos que desacreditaram a população, como a Operação Lava Jato da Polícia Federal e o alto índice de desemprego. A juventude está desesperançada em relação ao futuro. Nós vemos dois extremos em relação ao jovem e ao idoso — que não têm mais facilidade de conseguir emprego. E para as pessoas entre 30 e 40 anos é a mesma dificuldade”, interpreta o sociólogo Servito Meneses, da UFG.
A eleição presidencial está polarizada entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro, revelam pesquisas. O último levantamento do Instituto BTG Pactual, divulgado na segunda-feira, 27, traz o petista com 35% das intenções de voto na resposta estimulada contra 19% do capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL).
A surpresa da pesquisa fica por conta do banqueiro João Amoêdo (Novo): no levantamento espontâneo, aparece como terceiro nome mais citado, com 3% das intenções de voto, à frente de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB), que têm, cada um, 2% das respostas na pesquisa (a diferença está dentro da margem de erro). No cenário estimulado, com Lula da Silva arrolado, João Amoêdo tem 4% das intenções de voto, atrás de Marina Silva (9%), mas encostado, dentro da margem de erro, em Geraldo Alckmin (6%) e Ciro Gomes (5%).
Sem Lula da Silva no páreo, a intenção de voto em Marina Silva sobe para 15%; em Alckmin, para 9%; em Ciro, 8%. Fernando Haddad, provável substituto de Lula caso este não possa concorrer, passa para 5% e João Amoêdo mantém seus 4%.

Sem Lula, o substituto do PT, Fernando Haddad, duelará com Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin e João Amoêdo por uma vaga no 2º turno | Fotos: Divulgação
Servito Meneses aponta os dados como reflexo do desequilíbrio dos extremos sociais no Brasil. O cientista político explica que a classe média presta muita atenção nas propostas apresentadas, enquanto o restante presta atenção no carisma dos candidatos. “Aquele que ele acha que tem força para resolver seu problema de imediato. Em termos de segurança pública, por exemplo, o grande apelo da população é para matar os bandidos e quem promete isso sai ganhando espaço”, pontua Servito Menezes.
No cenário nacional, se proposta valer alguma coisa, Geraldo Alckmin (PSDB-SP) deverá crescer entre os eleitores, aposta Servito Meneses. “É o único dos candidatos à Presidência da República que tem muitos anos de governo em São Paulo e que se beneficia das obras do Executivo. O grande medo dos candidatos é que a população está tão carente ao ponto que passe a analisar o passado dos candidatos e que experiência eles têm.”
Na análise de Servito Meneses, quem se beneficia do passado é Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo por quatro anos e ex-ministro da Educação, e Geraldo Alckmin, que governou São Paulo por 16 anos. Marina Silva tem experiência no Legislativo, Jair Bolsonaro e Ciro Gomes também; João Amoedo e Henrique Meirelles (MDB) são banqueiros. Apenas Henrique Meirelles tem experiência como ministro da Fazenda e presidente do Banco Central.

Fonte:Jornal Opção

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