DILSON JÚNIOR
Deputado federal e presidente estadual do PPS atua, com apoio de Roberto Freire, para obter a filiação de Lúcia Vânia ao partido, depois que a senadora decidiu deixar o PSDB; o PSB, de Vanderlan Cardoso, também formalizou convite à senadora goiana
Helton Lenine Especial para Política&Justiça
Economista de formação, Marcos Abrão Roriz, filho do ex-prefeito de Goiânia Mário Soares Roriz de Carvalho, exerce o primeiro mandato à Câmara Federal, depois de duas exitosas experiências na administração pública: as presidências da Goiásindustrial e da Agehab.
Sobrinho de Lúcia Vânia, de quem herdou o “pedigree político”, Marcos Abrão, na condição de presidente estadual do PPS, entrou na disputa pelo “passe” da senadora, ou seja, a busca pela filiação de sua tia ao partido. Lúcia Vânia decidiu deixar o PSDB e também recebeu convite do PSB de Vanderlan Cardoso.
“Qualquer partido que a tenha nos quadros tem um ganho quantitativo na forma de densidade eleitoral quanto também qualitativo em função do trabalho que realiza há mais de 30 anos no Congresso Nacional.”
Já na estreia, assumiu função de membro-titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, já que tem longa experiência no debate sobre temas como habitação, saneamento, mobilidade urbana, resíduos sólidos, entre outros. Ocupa tarefa, também, em duas subcomissões da Casa: regularização fundiária de interesse social, proposta por ele, da qual será presidente; e Universalização de Saneamento Básico e Uso Racional da Água, da qual será relator.
Marcos Abrão reconhece como “necessárias” as medidas adotadas pelo governador Marconi Perillo (PSDB) de cortes de gastos, com redução de secretarias e cargos comissionados e implementação de ajuste fiscal. E ressalta: “O dever de casa que está sendo feito por Marconi Perillo, num momento de crise econômica, deveria ser seguido também pelo governo Dilma, o que, infelizmente, não acontece.”
O deputado do PPS deixa claro que, no Congresso Nacional, faz “oposição responsável”, pois, segundo ele, os interesses do País estão acima das diferenças políticas e ideológicas. “Temos que pensar na Nação, sem radicalismo, cobrando, entretando, as promessas feitas pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral do ano passado.”
Outra bandeira que Marcos Abrão defende, na Câmara, é a do municipalismo. “Chegou a hora de assegurarmos o pacto federativo, para maior autonomia financeira aos estados e municípios. É grande a concentração dos recursos por parte da União, o que é muito prejudicial.”
Perfil
Marcos Abrão
- Filho do advogado e professor emérito da PUC Goiás Mário Roriz, que já foi prefeito de Goiânia
- Neto de Ismerino Soares de Carvalho, engenheiro civil que ajudou a construir Goiânia
- Sobrinho da senadora Lúcia Vânia (PSDB), ao lado de quem ingressou na atividade política
- Economista formado pela antiga UCG, hoje PUC.
- Ex-presidente da GoiasIndustrial
- Ex-presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab)
- Presidente do Partido Progressista Socialista (PPS) em Goiás desde o final de 2013, Marcos Abrão vem trabalhando para estruturar o partido e prepará-lo para as eleições de 2016 e 2018.
- Eleito deputado federal em 2014 com 92.347 votos, obtidos em 244 municípios. É um dos parlamentares mais votados do Estado.
- Membro titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano e de duas subcomissões da Câmara Federal: regularização fundiária de interesse social, proposta por ele, da qual será presidente; e Universalização de Saneamento Básico e Uso Racional da Água, da qual será relator
Entrevista
Qual a realidade do PPS em Goiás?
Marcos Abrão – O PPS está presente em mais de 160 municípios e nós estamos renovando todas as comissões, buscando pessoas novas para alimentar a vida política do Estado de Goiás e temos como meta até 2016 estar presentes nos 246 municípios.
Quais são as pretensões do PPS com relação às eleições municipais?
Nós vamos trabalhar para ter candidatos a prefeitos em todos os municípios. Isso, claro que vai depender de cada articulação local, mas a orientação que nós demos para os municípios é que tenham candidatos a prefeitos. Nós só vamos conseguir crescer o partido justamente disputando eleições e é isso que estamos fazendo e também estimulando.
Em Goiânia o PPS terá candidato próprio ou a tendência é apoiar um nome do PSDB marconista?
Primeiro que nós temos quadros no PPS para serem candidatos a prefeitos de Goiânia e queremos trabalhar para ter candidatos próprios. Claro que nós vamos conversar com candidatos da base aliada para que se possa chegar no melhor nome para candidatar a prefeito de Goiânia. Se tem preferência não significa que o PPS tem que apoiar o PSDB. Se o nome do PPS for o melhor nome pode ter apoio do PSDB. Então, isso depende do nome que for apresentado, se tem conteúdo, trabalho, densidade eleitoral e, principalmente, se tem possibilidade das eleições. Nós queremos o melhor para a cidade de Goiânia.
Quais são as opções que o PPS teria para Goiânia?
Não vamos colocar nomes porque ainda está cedo. Nós temos várias pessoas filiadas que podem contribuir com a administração, com a melhoria de vida da população.
O ex-prefeito Iris Rezende é um candidato imbatível na Capital?
Eu não vejo nenhum candidato como imbatível. Nós temos que fazer uma análise do que é Goiânia hoje e do que a população busca de um gestor. A gente precisa ter um candidato que tenha densidade e que tenha, principalmente, propostas para melhorar a cidade.
Qual a consequência da decisão da senadora Lúcia Vânia de trocar o PSDB pelo PSB?
Uma observação que temos que fazer. A senadora Lúcia Vânia é uma referência política, não só no Estado de Goiás como no Brasil. Qualquer partido que a tenha nos quadros tem um ganho quantitativo na forma de densidade eleitoral quanto também qualitativo em função do trabalho que realiza há mais de 30 anos no Congresso Nacional. Não quero avaliar em função da desfiliação do PSDB. Mas, tenho a certeza que sua filiação vale muito e o PPS está trabalhando para ter o ganho da filiação dela no PPS.
O PPS ainda tem expectativa de contar com Lúcia Vânia em seus quadros?
Claro. Já fizemos o convite e já tive várias conversas com ela sobre a vantagem de ingressar nos quadros do PPS e também para que possamos crescer o partido em Goiás. Roberto Freire também já está em contato com ela diretamente para que ela filie no PPS e isso será decidido nos próximos dias. Nós ainda a queremos no PPS como uma referência não só no Estado de Goiás, mas em nível de Brasil. Uma pessoa que pode nos ajudar a pensar o Brasil e que é extremamente ligada aos municípios, uma das nossas bandeiras que é o municipalismo. Tenho certeza que ela nos ajudará a fazer crescer o PPS em Goiás.
O nome de Lúcia Vânia é sempre cotado para disputas majoritárias, tanto para prefeitura de Goiânia, governadora de Goiás e o Senado em 2018. Qual é a maior possibilidade de Lúcia Vânia nas próximas eleições?
Tenho certeza que ela ainda tem muito que contribuir com a população de Goiás e qualquer um dos pleitos que ela venha a definir nos próximos anos terá o respaldo do Estado. Justamente por tudo que já colocamos e pelo serviço prestado em nível de Brasil. Lúcia Vânia tem maturidade, experiência e sensibilidade ao lidar diretamente com as pessoas. E a população quer uma pessoa que tem um mix de tocador de obras e sensibilidade para melhorar a vida das pessoas.
Em Itumbiara, o PPS vai lançar o ex-vereador Gugu Nader na disputa direta com o ex-prefeito Zé Gomes?
O PPS em Itumbiara é comandado pelo Gugu Nader. Qualquer decisão que parta do diretório municipal será respeitada pelo diretório regional. Se for uma decisão de lançar candidato Gugu Nader a prefeito será respaldado pelo diretório regional, assim como em todos os outros municípios.
Em Rio Verde, o atual vice-prefeito está cotado para disputar a prefeitura enfrentando o prefeito Juraci Martins ou o deputado Heuler Cruvinel. Qual o melhor caminho?
O melhor caminho é aquele que for decidido pelas lideranças do município. Nós não podemos fazer intervenção ou qualquer tipo de interferência na política local. Cada candidato e cidade sabem o que é melhor e isso que queremos construir. Claro que temos diretrizes e o partido vai observar isso e não vai aceitar alianças esdrúxulas e que não tenha compromisso com as bandeiras do partido. Se em Rio Verde o PPS decidir que o melhor caminho é ter candidato próprio, ele terá.
Há alguma restrição do PPS para alianças nas eleições do ano que vem? O partido, por exemplo, pode coligar com algum candidato do PT?
Nós temos algumas diretrizes a nível nacional que nós respeitamos e onde nós pudermos fazer coligações com outros partidos iremos fazer. Não quero aqui fazer crítica a nenhum partido, mas não temos possibilidade fazer coligação com o PT em Goiás. Isso é uma determinação e iremos respeitar. Queremos ter candidatos com consistência, principalmente, com coerência para que possamos fazer política de forma correta e não apenas visando eleições.
Qual o espaço que o PPS ocupa, hoje, no Congresso Nacional?
Nós temos uma bancada extremamente qualificada com Roberto Freire, que voltou para o Congresso Nacional, e outros deputados tanto do Amazonas, Ceará e várias forças que formam o PPS no Congresso. Temos um líder que é o Rubens Bueno, uma pessoa qualificada e que sabe todo trâmite de funcionamento e nos orienta. Tenho certeza de que não apenas em quantidade, mas a qualidade da bancada do PPS na Câmara é forte e vamos contribuir com o Brasil.
Como estreante na Câmara Federal, quais comissões que o senhor ocupa?
Sou membro titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano e isso está me dando uma visão muito grande das áreas de atuação, seja na habitação, saneamento, mobilidade, resíduo sólidos, me dando possibilidade de ajudar os governos estaduais e federal a melhorar esses programas. É muito difícil você, quando gestor público se depara com lei que não ajuda ou tenha sentido duplo ou dê margem para interpretação do que não precisa fazer. Além de participar da área de habitação e criando projetos de lei. Nós temos mais dez projetos que estão em fase de análise para que possamos propor. Estamos fazendo um estudo em cima dessas leis para que possamos apresentar nos próximos dias. É isso que estou fazendo no Congresso Nacional, trabalhando efetivamente para que possamos melhorar esses programas. Esse debate que vamos trazer pra Goiás, pois hoje não temos nenhuma política de incentivo do uso racional de água, tanto na fabricação de produtos e tecnologia e melhorar esse uso que é um bem finito e que o grande desafio da humanidade.
O senhor acredita que dessa vez a reforma política vai avançar no Congresso Nacional?
Acredito que a reforma política vai avançar. Primeiro porque é uma vontade do Congresso Nacional e nós estamos tendo um momento rico na Câmara, que hoje tem independência do Executivo. Estou tendo a experiência de participar de uma legislatura que é protagonista. Fomos muito criticados com a lei de terceirização, mas se as forças políticas que criticaram essa lei estão no poder há mais de dez porque não fizeram alguma proposta diferente? Por que teve que partir do Congresso Nacional? Mas é porque ali que tem que partir as leis e claro que não agrada todas as forças políticas, porém é avanço com relação de trabalho que hoje é totalmente diferente de 40 anos atrás. O capitalismo hoje é outro. Se as empresas não forem competitivas vamos perder avanços no Brasil em função de engessamento quanto a algumas questões. É preciso melhorar as relações entre empregador e empregado. Tenho certeza que a lei da terceirização representa avanço para a economia do Brasil.
O PPS, então, acredita que a reforma política vai sair do papel?
O PPS acredita e trabalha para que a reforma política seja votada e aprovada pelo Congresso Nacional ainda este ano. Com apenas 12% de aprovação junto à população, o senhor vê possibilidade de o governo Dilma recuperar-se e superar essas dificuldades políticas e econômicas?
Eu espero que haja melhorias na qualidade de vida da população brasileira. A economia precisa voltar a crescer, porque reflete diretamente na vida das pessoas. Nós, no Congresso Nacional, temos a atribuição de elaborar leis e fiscalizar os atos do Poder Executivo, cobrar medidas que melhorem a situação geral do país. Temos o dever de contribuir com o País. Eu não torço para quanto pior, melhor. A impopularidade da presidente Dilma Rousseff advém daquilo que ela mostrou ao país durante a campanha eleitoral do ano passado e o que se vê hoje, totalmente diferente. Mostrava-se um País sem problemas e agora a realidade revela um quadro de uma profunda crise econômica, social e política. É esse cenário gera a frustração e provoca a impopularidade da presidente.
Qual a representatividade do PPS no governo Marconi?
Nós ajudamos, tanto eu, como presidente estadual do PPS e a senadora Lúcia Vânia, na indicação do presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab), Luiz Stival. Foi consenso nosso em razão do trabalho que ele tem realizado, do caráter municipalista de sua administração. Luiz Stival é uma pessoa que representa o PPS quanto a senadora Lúcia Vânia no governo Marconi.
Cem dias de governo Marconi. Qual a sua avaliação?
Avalio de forma positiva o quarto mandato do governador Marconi Perillo. Ele teve a visão de compreender que o país passa por uma crise econômica e se preparou para passar por esse período de dificuldades em sua gestão. Fez cortes na estrutura administrativa para enfrentar esse período de turbulências na economia brasileira. E é esse mesmo gesto que a oposição tem cobrado, no Congresso, em relação ao governo Dilma. Se você dá exemplo em sua casa, mostrando que faz a sua parte, oferece a sua contribuição, a população entende que precisa de sacrifício também. São medidas de austeridade, de contenção de gastos que a oposição cobra do governo federal. Como é que se tem 39 ministérios e deseja simplesmente passar essa conta para a sociedade? Como é que o governo federal cobra sacrifício da sociedade, corta direitos sociais dos trabalhadores e não dá exemplo? É preciso o governo federal cortar os excessos, diminuir o tamanho da máquina administrativa para depois cobrar sacrifício da sociedade. Em Goiás, o governador Marconi Perillo dá exemplo ao país, diminuiu o tamanho da máquina administrativa, reduziu o número de secretarias, extinguiu cargos comissionados, faz o ajuste fiscal e se preparou para enfrentar esse momento de crise econômica. Essa é a mesma coerência que a oposição tem cobrado do governo Dilma. Infelizmente, o exemplo de Goiás não é seguido pelo governo federal.
Fonte:Diário da Manhã
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