domingo, 5 de abril de 2015

Crise política do governo afeta pequenos partidos

Dividido, PDT ameaça deixar apoio ao Planalto e seguir independente

Iva Velloso



Félix Mendonça apresentou projeto contrário aos interesses do governo
Félix Mendonça apresentou projeto contrário aos interesses do governo


Alguns partidos da base de apoio ao governo no Congresso Nacional, especialmente as legendas menores, começam a sofrer as consequências da crise política. O PDT vem ameaçando deixar o apoio ao Planalto a partir de junho. Dentro do próprio partido há leituras divergentes quanto a essa ameaça. Alguns entendem ser apenas uma forma de pressionar o governo para conseguir um naco a mais de poder. A legenda queixa-se do esvaziamento do ministério do Trabalho, atualmente ocupado por Manoel Dias, e gostaria de comandar uma pasta mais robusta, como Cidades, ocupada pelo PP. Outros acreditam ser a hora certa para desembarcar do governo.
“Estamos nos distanciando dos ideais do Brizola”, lamentou um parlamentar. Para ele, se o partido não tomar uma posição agora, corre o risco de se tornar apenas uma legenda de apoio ao PT. “Vamos virar um PMDB pequeno”.
Na Câmara, a bancada é mais unida que no Senado. De um modo geral, os deputados votam de forma coesa, mas nem sempre de acordo com a orientação da liderança do governo. Recentemente, o deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) apresentou um projeto de decreto legislativo suspendendo o Decreto 2.745/98, que aprova o processo licitatório simplificado para Petrobras. A proposta recebeu apoio dos 20 integrantes da legenda, para desespero do Planalto.
Dos seis senadores, Cristovam Buarque e José Antônio Reguffe, ambos do DF, permanecem isolados dentro da bancada por terem posições independentes. Para eles, o partido não deveria fazer parte da base de apoio ao governo. Vistos como rebeldes, assinam qualquer pedido de comissão parlamentar de inquérito (CPI) que vise investigar denúncias contra o Executivo. Um exemplo foi o apoio dado à criação da CPI do BNDES, proposta pelo líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO).
A ideia de lançar candidatura própria à presidência da República em 2018 vem crescendo internamente. O nome de Cristovam tem sido o mais lembrado. Candidato em 2006, o ex-ministro da Educação do governo Lula é visto como uma boa opção, mas não une o partido.
“Temos que construir uma alternativa ao PT e ao PSDB, e só podemos fazer isso se formos independentes”, afirma um parlamentar. Ele entende que o desgaste do governo poderá afetá-los de forma irreversível.
Esse dilema também vem se verificando junto à bancada do PTB no Congresso. Na Câmara, os deputados estão divididos ao meio. Uma parte segue a orientação da deputada Cristiane Brasil (RJ), presidente nacional da legenda e filha do ex-deputado Roberto Jefferson. Ela articula a fusão com o Democratas. Outra parte segue a orientação de Benito Gama (BA), que quer manter o apoio ao governo.
Caso a fusão se concretize, ficará difícil para o partido se manter na base. O DEM tem feito forte oposição ao governo. Caiado vem tentando se cacifar para disputar a presidência da República em 2018 e seus discursos no plenário do Senado estão cada vez mais agressivos. 
Fonte:  Fatoonline.com.br

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