Dividido, PDT ameaça deixar apoio ao Planalto e seguir independente
Iva Velloso
Félix Mendonça apresentou projeto contrário aos interesses do governo
Alguns partidos da base de apoio ao governo no Congresso Nacional, especialmente as legendas menores, começam a sofrer as consequências da crise política. O PDT vem ameaçando deixar o apoio ao Planalto a partir de junho. Dentro do próprio partido há leituras divergentes quanto a essa ameaça. Alguns entendem ser apenas uma forma de pressionar o governo para conseguir um naco a mais de poder. A legenda queixa-se do esvaziamento do ministério do Trabalho, atualmente ocupado por Manoel Dias, e gostaria de comandar uma pasta mais robusta, como Cidades, ocupada pelo PP. Outros acreditam ser a hora certa para desembarcar do governo.
“Estamos nos distanciando dos ideais do Brizola”, lamentou um parlamentar. Para ele, se o partido não tomar uma posição agora, corre o risco de se tornar apenas uma legenda de apoio ao PT. “Vamos virar um PMDB pequeno”.
Na Câmara, a bancada é mais unida que no Senado. De um modo geral, os deputados votam de forma coesa, mas nem sempre de acordo com a orientação da liderança do governo. Recentemente, o deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) apresentou um projeto de decreto legislativo suspendendo o Decreto 2.745/98, que aprova o processo licitatório simplificado para Petrobras. A proposta recebeu apoio dos 20 integrantes da legenda, para desespero do Planalto.
Dos seis senadores, Cristovam Buarque e José Antônio Reguffe, ambos do DF, permanecem isolados dentro da bancada por terem posições independentes. Para eles, o partido não deveria fazer parte da base de apoio ao governo. Vistos como rebeldes, assinam qualquer pedido de comissão parlamentar de inquérito (CPI) que vise investigar denúncias contra o Executivo. Um exemplo foi o apoio dado à criação da CPI do BNDES, proposta pelo líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO).
A ideia de lançar candidatura própria à presidência da República em 2018 vem crescendo internamente. O nome de Cristovam tem sido o mais lembrado. Candidato em 2006, o ex-ministro da Educação do governo Lula é visto como uma boa opção, mas não une o partido.
“Temos que construir uma alternativa ao PT e ao PSDB, e só podemos fazer isso se formos independentes”, afirma um parlamentar. Ele entende que o desgaste do governo poderá afetá-los de forma irreversível.
Esse dilema também vem se verificando junto à bancada do PTB no Congresso. Na Câmara, os deputados estão divididos ao meio. Uma parte segue a orientação da deputada Cristiane Brasil (RJ), presidente nacional da legenda e filha do ex-deputado Roberto Jefferson. Ela articula a fusão com o Democratas. Outra parte segue a orientação de Benito Gama (BA), que quer manter o apoio ao governo.
Caso a fusão se concretize, ficará difícil para o partido se manter na base. O DEM tem feito forte oposição ao governo. Caiado vem tentando se cacifar para disputar a presidência da República em 2018 e seus discursos no plenário do Senado estão cada vez mais agressivos.
Fonte: Fatoonline.com.br
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