Duas possibilidades de candidaturas dividem a o partido; Júnior Friboi está aproveitando certa insatisfação da parte interiorana da sigla com o líder Iris Rezende
Afinal, qual é o melhor nome do PMDB goiano para tentar recuperar o poder central que perdeu há uma déca
da e meia? Qual é o melhor nome do partido para disputar, provavelmente com o tucano Marconi Perillo, a titularidade do Palácio das Esmeraldas? Não é segredo que são dois os nomes colocados: Iris Rezende e José Batista Júnior. Não que inexistam outros nomes, mas só uma conjunção muito fortuita daria essa oportunidade a outra pessoa que não Iris e Friboi.
E o que se vê desde o momento em que Júnior Friboi anunciou sua filiação ao partido é que o PMDB entrou numa crise, que é mais negada por seus dirigentes e por quantos tenham alguma voz ativa na sigla, na medida mesmo em que essa crise se aprofunda. Admitir a crise seria admitir que o PMDB corre célere em busca do segundo lugar — mais uma vez, a quinta — na corrida pelo governo estadual. Por isso, na voz de seus representantes, não há crise, ora, que crise?
O quadro crítico começava a ficar deveras pesado, com a divisão entre iristas e friboizistas se acirrando, quando a cúpula do partido, juntamente com os dirigentes do aliado PT se reuniram com Iris Rezende e ficou estabelecido que não se discutiria mais a questão de nomes para a sucessão. Foi uma forma de baixar a bola de Friboi e seus adeptos.
O empresário sentiu o golpe, deu uma respirada, avaliou a situação e percebeu que os iristas e o comando do PT lhe tinham dado uma pequena rasteira. Sem discussão a pré-campanha cairia na mornidão, e ele, Friboi, não teria como se tornar mais conhecido, visto que seu principal problema no momento é esse, ser mais conhecido dos eleitores e das lideranças no interior.
Friboi resolveu investir pesado nos encontros que o PMDB estava fazendo. Em cada um falava alto, criava factoides que lhe interessavam, e passou a dizer que Iris nunca tinha admitido que queria ser candidato. Até que no encontro de sábado, dia 31 de agosto, em Uruaçu, Júnior Friboi despiu a luva de pelica e foi claro ao dizer que encara o velho cacique numa disputa em convenção para ver quem ganha o direito de ser candidato em 2014. Abriu o jogo: “se Iris quiser disputar, vai ter que concorrer comigo”. Olha só, pra quem vê o empresário apenas como um capiau endinheirado, sem nenhum tino político, foi uma jogada de mestre. A declaração de Friboi forçava Iris a tirar a cabeça pra fora, se expor.
Iristas ficaram irados. Um deles, Kid Neto, nas redes sociais, chegou a reclamar da “falta de respeito” da turma do empresário com Iris. A reação não tardou. Experimentado em vários combates, com tempo de política igual ao tempo de vida de José Batista Júnior, Iris deu a ordem: vamos parar com esses encontros. Na terça-feira, 3, a imprensa divulgou que as reuniões marcadas para o mês de setembro estavam canceladas.
Pelo divulgado, Iris ficou irritado com as declarações friboizistas em Uruaçu, e ainda mais com o fato de que alguns prefeitos declararam apoio à candidatura de Friboi. Parar os encontros, então, tem o objetivo claro de tirar do empresário um palco onde ele estava ganhando espaço com as reuniões, entabulando contatos, conhecendo líderes, acertando ajuda$ em campanha, etc.
O prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares, em entrevista a uma rádio, também abriu o jogo. Ele é um dos maiores aliados de Júnior Friboi. E convocou colegas prefeitos e a oposição em geral para ressuscitar uma tal de caravana da oposição, engendrada há alguns meses e que redundou em fracasso. A próxima caravana, se acontecer, será no próximo domingo, 14. O jogo é claro: se o comando peemedebista, sob influência de Iris, cancelou os encontros nos quais Friboi estava incomodando, então a caravana servirá para dar outro palco ao empresário. Esse jogo promete desdobramentos. Aguar-demos os próximos lances.
Na divisão do PMDB entre iristas e friboizistas, pode-se perceber que o empresário tem aprendido muito nas últimas semanas. Antes, ele parecia confiar no fato de que a cúpula nacional do partido (e até do PT nacional) bancaria sua candidatura. Viu que no plano regional as coisas são muito mais complicadas e que Iris tem uma nítida preponderância, é mais conhecido, etc. Mas ele soube ver também que o PMDB do interior não está tão satisfeito assim com Iris.
As razões já foram expostas em outra Conexão: o favorecimento de Iris à candidatura de sua mulher em detrimento dos candidatos a deputado federal de outras cidades, igualmente o favorecimento a candidatos a deputado estadual de nomes da Capital ligados a ele. Friboi percebeu esse germe de insatisfação e é por aí, no PMDB interiorano, ou seja, pelas beiradas, que o empresário está comendo o mingau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário