ELEITORES MAIS EXIGENTES, PLANOS DE GOVERNO MAIS CONSISTENTES
Nestas eleições de 2012, todos os candidatos reclamaram das mesmas coisas. Eleitor descrente, campanha cara, falta de dinheiro, agenda intensa, cansaço... No frigir dos ovos, os candidato encontraram, na verdade, um eleitor mais exigente. Não faltaram aqueles que venderam o voto, mas até estes obrigaram os candidatos a andarem mais para pedir votos e o que é melhor, a estudarem mais os problemas das cidades.
A exigência deste novo eleitor obrigou os candidatos a pensarem melhor suas propostas. Especialistas afirmam que 2012 impôs uma marca, a da campanha propositiva. Quem bateu no adversário de forma vazia e não apresentou propostas, caiu nas pesquisas.
Os candidatos a prefeito que perceberam isso correram para confeccionar seus planos de governo e quem não o fez, está agora morrendo na praia. Quem não se lembra das duras críticas aos esboços de planos registrados no TRE? Ah, e não adiantou fazer proposta mirabolante porque o eleitor não engoliu. O maior exemplo foi a proposta Goiânia Med, do candidato a prefeito de Goiânia, Jovair Arantes, que caiu em desgraça.
Hospital da Mulher vira nova coqueluche
As propostas-coqueluche das eleições passadas como lagos e escolas de tempo integral deram lugar à novas demandas. Na educação, por exemplo, candidato que não prometeu criar novos Centros de Educação Infantil (Cmeis) nas cidades cometeu sacrilégio dos grandes.
Mas foi na saúde, a área líder de necessidade em todos os municípios nas pesquisas qualitativas, onde as demandas se coincidiram mais. A atenção à criança e a à mulher puxou todas as outras. O Hospital da Mulher ou Materno-Infantil apareceu em praticamente todos os planos de governo onde o município tem porte para construir. Com certeza embalados pelo projeto Cegonha, do governo federal, até os candidatos da oposição ao governo Dilma não deixaram de prometer atenção às gestantes e nos primeiros dias de vida do bebê. Mas vale um aviso: infeliz de quem não cumprir.
Os PSF’s (Programa Saúde da Família) que agora se chama, Estratégia Saúde da Família e a contratação de médicos especialistas (pediatria, ginecologia,ortopedia, neurologia) também viraram coqueluche, além das academias ao ar livre em praças ajardinadas, com pistas de skate, quiosques e outros benefícios. Alguns inovaram com maquetes animadas, postadas nos sites dos candidatos ou nas redes sociais.
Segurança pública virou obrigação de prefeito
A segurança pública, que é uma obrigação constitucional da União e dos governos estaduais, entrou forte na pauta se classificando entre as quatro áreas mais demandadas. E como um prefeito pode ajudar na segurança pública? Antes eles já ajudavam com o pagamento da alimentação dos presos, combustível para viaturas, conta de telefones e aluguel de sedes entre outros.
Agora, os candidatos foram obrigados a ser criativos sem burlar a Constituição e sem prometer o que não vão cumprir. Assim, na segurança a coqueluche foi a instalação de monitoramento eletrônico por meio de câmeras, a criação de banco de horas para manter policiais militares atuando no município, o fortalecimento da patrulha rural e a criação e fortalecimento da Guarda Municipal. Esta última, uma proposta polêmica e cara, que já existe em muitos municípios, mas que rende muito trabalho para os prefeitos.
Entre as quatro áreas mais demandas, a da infraestrutura não apresentou muitas novidades, pois a obra que apareceu em primeiríssimo lugar nas propostas foi a recuperação do asfalto e a pavimentação de 100% das cidades. Uma demanda, que Iris Rezende detectou bem antes e que não deixa de ocupar a lista de prioridades.
Para não ficar sem citar a habitação, as promessas nesta áreas apareceram umbilicalmente ligadas ao projeto Minha Casa, Minha Vida. Muitos candidatos fizeram e refizeram contas para fazer a proposta do número de casas a serem construídas. Isso porque quem prometer o que não vai cumprir terá com certeza muita dificuldade de se reeleger ou fazer seu sucessor no próximo pleito. O eleitor está de olho.
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