“Só no Brasil que isso acontece. Um jovem estudioso, filho de uma família pobre é impedido de trabalhar, ter seu próprio dinheiro e quem oferece oportunidade, ao invés de ser incentivado, é punido”, desabafa o empresário, que não considerava Wesley um empregado, mas quase como um filho adotivo.
Vai que todos os menores resolvem trabalhar, não é mesmo? Podem não querer mais ir à escola aprender a ser militantes, ao shopping fazer rolezinho, às ruas cometer crimes contra a população… A esquerda precisa se precaver contra esta perda irreparável. Já imaginou o trabalho que daria mudar todo o discurso de exploração do ressentimento alheio? Das “vítimas da sociedade”? Abandonar chavões não é um esforço terapêutico para qualquer um.
“O patrão não deixava que ele fizesse serviço pesado. No máximo lavava alguma peça ou entregava aos mecânicos alguma chave leve. O trabalho nunca atrapalhou os estudos. Pelo contrário, ele gostava, porque tinha seu próprio dinheiro”, revela. Agora, com a proibição da Justiça do Trabalho, Wesley segue a rotina de estudar pela manhã e à tarde fica em casa assistindo televisão.
Talvez acabe assistindo às propagandas de aborto e de livro do Che Guevara das nossas novelas, atividades decerto mais instrutivas do que trabalhar em oficina, na cabeça dos legisladores brasileiros. Não que eles tenham sido sempre assim. “A velha Consolidação, na redação original, era mais inteligente e socialmente correta do que a atual, fruto de mudanças ditadas pelo oportunismo populista”, como escreveu Almir Pazzianoto em 2012, em artigo - reproduzido na Veja.com por Augusto Nunes – que mostrava como, em nome das “boas intenções”, a legislação foi mudando para pior até a apoteose do absurdo no fim da década de 1980. Dizia Pazzianoto, antecipando o caso Wesley:
Crianças e adolescentes de famílias dotadas de bom poder aquisitivo frequentam as melhores escolas, aprendem inglês e a usar computador, praticam esportes, vestem-se bem e se alimentam no mínimo três vezes por dia. À medida que o poder aquisitivo dos pais se reduz, a criança torna-se dependente do ensino público e, depois de poucas horas diárias de aula (quando os professores não se encontram em greve), nada tem para fazer; ficará horas diante da televisão, ou nas ruas, no exercício do discutível direito de ir e vir, e de vadiar em logradouros públicos, como lhe assegura o Estatuto. Creio ser desnecessário examinar a situação em que os adolescentes se encontram. Os relatos diários sobre a violência e o tráfico de drogas são suficientes. Ora um dos envolvidos é menor de 18, ora é maior, mas nascido após a promulgação da Constituição de 88, e da Lei n. 8.069/1990.
Adolescente pobre, em suma, não pode desenvolver habilidades e conhecimentos técnicos ganhando um dinheirinho ao mesmo tempo. Para não ser “explorado” pelo capitalismo, tem de ficar à toa sendo adestrado pelos socialistas e aliciado por criminosos.
Uns, como de hábito, preparando o terreno para os outros.
Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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