Postado por Moisés Tavares
Eleições 2014
De cara nova, PSol rejeita alianças
Filiados desbancam Toninho da direção regional do partido e elegem a bancária Juliana Selbach, 29 anos, que participou ativamente dos protestos que mobilizaram o país em junho deste ano. Ela rechaça parcerias com partidos como o PSB e PDT no ano que vem.
Os protestos que mobilizaram o Brasil em junho contribuíram para a consolidação de novas lideranças políticas, com crescente influência no cenário do Distrito Federal. Um grupo de jovens militantes conquistou a presidência regional do PSol, durante congresso realizado no último fim de semana, desbancando lideranças históricas, como Maria José Maninha e Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do PSol, que perdeu o comando do partido. A mudança nos rumos do PSol no DF terá reflexos importantes na capital federal. A nova cúpula da legenda rejeita duramente alianças, o que prejudica pré-candidatos como o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e José Antônio Reguffe (PDT). Eles sonhavam com um palanque ao lado de Toninho, que em 2010 teve mais de 200 mil votos na disputa pelo governo. ...
"Enfrentamos, diariamente, o governo federal com nossos poucos, mas combativos, parlamentares. Então, seria inaceitável alianças com partidos que ainda estão, ou há pouco tempo estavam, na base aliada do governo e com cargos" Juliana Selbach, 29 anos, nova presidente do PSol-DF |
"Nacionalmente, nós da tendência Ação Popular Socialista ainda temos maior número de delegados no partido, o que vai nos dar força na definição da política do nosso partido nas eleições" Antônio Carlos de Andrade, Toninho do PSol |
A nova presidente do PSol é Juliana Selbach, 29. Funcionária do Banco do Brasil, a gaúcha vive em Brasília há quase três anos e já disputou, sem sucesso, a presidência do Sindicato dos Bancários do DF. Com outros integrantes da chapa vencedora, ela participou ativamente das manifestações populares de junho. A jovem tem um discurso mais radical do que Toninho e diz que o partido só deve firmar alianças em 2014 com legendas de esquerda, como o PSTU e o PCB.
A disputa foi apertada: Juliana, que integra a tendência Movimento Esquerda Socialista, teve 61 votos, contra 59 de Toninho. A briga interna tem relação com o cenário nacional, já que a nova presidente do PSol-DF apoia Luciana Genro para disputar a presidência da República, enquanto Toninho e seus aliados da tendência Ação Popular Socialismo querem lançar o senador Randolfe Rodrigues (AP). Os conflitos internos do PSol sobre essa escolha estão acirrados, e essa disputa nacional foi um dos fatores que mais influenciaram a eleição interna no DF.
Juliana Selbach diz que seu grupo vai lutar contra alianças com partidos como o PSB e PDT. “As manifestações deste ano mostraram a indignação da população com a velha política. Enfrentamos, diariamente, o governo federal com nossos poucos, mas combativos, parlamentares. Então, seria inaceitável alianças com partidos que ainda estão, ou há pouco tempo estavam, na base aliada do governo e com cargos”, explica.
Apesar de perder a presidência do partido, Toninho foi lançado oficialmente o candidato do PSol ao GDF. A decisão foi unânime. “Prezamos pela unidade do partido e lançamos o Toninho, que é a nossa melhor figura pública. Ele colocou o nome à disposição e nós defendemos que o PSol tenha candidatura própria”, diz Juliana Selbach.
Toninho do PSol diz que a eleição foi legítima e que vai respeitar a decisão dos filiados do partido. Ele conta que se mantém firme no propósito de disputar o governo. “No dia do congresso, um dos nossos delegados se sentiu mal e foi embora, isso influenciou no resultado”, explica. Ele lembra que, apesar da derrota no DF, o grupo que ele integra ainda é maioria no país. “Nacionalmente, nós da tendência Ação Popular Socialista ainda temos maior número de delegados no partido, o que vai nos dar força na definição da política do nosso partido nas eleições. A tendência nacional é de que tenhamos uma política muito mais flexível com relação à formação de alianças, desde que no campo da esquerda e com pessoas éticas”, afirma.
Negociações
O senador Rollemberg, que vinha conversando com Toninho, desejou sucesso à nova gestão do partido. “Não cabe a mim tecer comentários sobre processos políticos internos dos partidos. Desejo que ela tenha sucesso, o PSol é um partido muito respeitado e com inserção social cada vez maior”, afirma o parlamentar do PSB. “Continuo interessado em fazer uma aliança com o PSol. Mas isso só acontece quando há interesse de ambas as partes. De qualquer forma, a política é muito dinâmica e as alianças só serão construídas no ano que vem , respeitando o posicionamento dos partidos”, acrescenta.
O deputado federal e pré-candidato ao Palácio do Buriti Reguffe (PDT), que também tentava formar uma chapa com Toninho, diz que respeita a decisão. “Tenho e continuarei a ter o maior respeito pelo PSol. Votei no Toninho em 2006 e fiz campanha para ele”, explica o pedetista. “O importante é manter o diálogo aberto. Mais importante do que fazer coligação com partidos é formar alianças com pessoas de bem desta cidade, com políticos que trabalham de forma séria e ética”, complementa.
Uma eventual candidatura isolada do PSol favorece o governador Agnelo Queiroz (PT), já que tira votos de concorrentes em potencial, como Reguffe e Rollemberg. Entretanto, a pulverização de candidaturas à esquerda também é positiva para políticos de partidos de direita, como PR, PRTB, PSDB e DEM, que se articulam para formar uma chapa única.
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